Acadêmico
JOSÉ VERDASCA DOS SANTOS
JOSÉ VERDASCA DOS SANTOS - nasceu em Gondemaria, Ourém, Portugal no ano de 1936. Casado com a Dra. Iênidis Benfati Verdasca dos Santos, é pai do Engenheiro e administrador de empresas José Carlos Benfati Verdasca dos Santos e da arquiteta Ana Paula Benfati Verdasca dos Santos, casada com Andrew Hightower. É avô de quatro netas: Helena, Gabriela, Beatrice e Isabela.
Sucessor do Padre Viotti, e ocupante da cadeira desde 2002.
Escritor, historiador, jornalista e poeta.
Formação:
Pós graduação em administração, pela Universidade Mackenzie de São Paulo.
Titular instituições culturais:
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo;
Academia Paulistana da História;
Academia Maceioense de Letras;
Ordem Nacional dos Escritores (presidente);
Ordem Nacional dos Bandeirantes;
Sociedade de Geografia de Lisboa.
Membro do Parlamento Mundial para Segurança e Paz (sede em Palermo),
Diretor Internacional da Associação Maceioense de Imprensa.
Publicações:
Autor das obras:
“A Casa de Portugal e a Comunidade”;
“A Língua de Camões – do Homo Sapiens à língua portuguesa”;
“Raízes da Nação Brasileira – Os Portugueses no Brasil”;
“Memórias de um Capitão – Guerrilha em Moçambique”;
“Sermões Escolhidos – Padre Antônio Vieira”;
“A Vida, o Homem e o Universo”;
“Homenagem Póstuma a Evónio Vasconcelos”, com mais duas obras no prelo.
Colaborador de jornais e revistas brasileiras, portuguesas e de vários outros países, nelas já publicou mais de um milhar de artigos, ensaios, estudos e poemas, em grande parte repassados pela internet.
Participou de várias antologias, no Brasil e em Portugal.
Atividades:
Dá palestras e conferências em universidades, academias, associações e outras instituições culturais.
Formado em Ciências Militares pela Academia Militar de Lisboa (1959), e com os cursos de Língua e Cultura Francesas, da AllianceFrançaise;
Foi oficial do Quadro Permanente, do Exército Português, tendo efetuado duas comissões de serviço em África, a primeira de 1959 a 1961, como Alferes em Cabo Verde, e, a segunda, como capitão, entre 1964 e 1966, em Moçambique, onde comandou a primeira unidade de combate a enfrentar a guerrilha, no Planalto dos Macondes, sem provocar qualquer baixa. Tendo requerido a demissão do Q.P., em agosto de 1967 emigrou para o Brasil, onde constituiu família, se dedicou à pecuária, à indústria e comércio de madeiras e á construção civil, além das letras; aqui tirou brevet de piloto aviador,
Foi Diretor de Relações Internacionais das Faculdades Pan Americanas, e do Departamento Cultural da Casa de Portugal, e Secretário Geral do Conselho Mundial das Comunidades Portuguesas (100 membros de todo o mundo), com sede no Parlamento Português, eleito (1997) pelos imigrantes do Brasil.
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Fundador
Pe. Helio Abranches Viotti
Posse: 19/05/1977 - (1º ocupante)
Hélio Abranches Viotti, mais conhecido por padre Hélio Viotti ou simplesmente padre Viotti, nasceu na cidade de São Paulo, aos 15 de outubro de 1906. Foram seus pais Policargo de Magalhães Viotti, advogado, e de Marieta Abranches Viotti.
Estudou o secundário no Colégio Anchieta de Nova Friburgo e, sentindo vocacionado à vida religiosa, ingressou na Companhia de Jesus, em 1922, contando com 16 anos. Cursou ciências e letras e filosofia no Colégio Máximo de Nova Friburgo; e teologia, no Colégio Máximo de São Miguel, na Argentina, onde se ordenou sacerdote aos 30 anos, em 1936.
Tornou-se doutor em filosofia e licenciado em teologia, sendo professor por muitos anos, além de atuar como escritor. Durante a II Guerra Mundial foi capelão militar da Força Expedicionária Brasileira (1944-1945), experiência que lhe proporcionou receber a medalha de Guerra, medalha de Esforço Militar e “Fourragère”, da condecoração do Mérito Militar de Portugal.
Findada a guerra, padre Hélio Viotti desenvolveu as funções de reitor dos Colégios São Luís de São Paulo (1946-1949) e Antônio Vieira da Bahia (1957-1959). A propósito, foi o fundador e primeiro diretor da Faculdade de Ciências Econômicas São Luís (1949); professor de doutrina católica e assistente eclesiástico da Faculdade de Filosofia Sedes Sapientiae (1949-1952); e titular da cadeira de história do Brasil e da América, na Faculdade de Filosofia dos Jesuítas, atualmente, em Belo Horizonte. Mais tarde viria a ser o diretor do Arquivo Metropolitano de São Paulo (1972-1981).
Esteve presente e atuante em diversos eventos acadêmicos de história e de ensino, no Brasil. Participou do 2º Congresso de História da América, em Buenos Aires (1937). Ministrou conferências em Assunção: a primeira sobre “Relações Paraguaio-Brasileiras Durante o Século XVI” (1961), e a outra sobre o “Padre José de Anchieta”.
Padre Hélio Viotti foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e admitido em 1o de janeiro de 1953, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Foi membro também dos Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais, Espírito Santo, Sorocaba e São Vicente. Pertenceu, igualmente, à Sociedade de Estudos Históricos e à Associação de Professores Universitários de História.
Foi autor de mais de 230 trabalhos publicados em revistas e jornais, sendo a maioria sobre história da Companhia de Jesus no Brasil. Dedicou-se por cerca de quarenta anos a escrever a biografia e à causa de canonização do Beato José de Anchieta (1534-1597), tendo para isso realizado pesquisas em arquivos e bibliotecas da Europa (1957 e 1981).
Em 1966, publicou o livro Anchieta, o Apóstolo do Brasil, premiado em primeiro lugar no concurso do Dia Nacional de Anchieta. Em 1948, o opúsculo Docentes Servare – Temas de Educação e Ensino (coletânea). Em 1953, A Causa de Beatificação do Venerável Pe. José de Anchieta. Em 1975, Nóbrega e Anchieta – Memória Literária; Em 1986, veio a lume Em Torno da Inquisição.
Além disso, interessando-se pelas Obras Completas de Anchieta, editou os seguintes livros: Cartas (2a edição, em 1984); Sermões (1987); e Textos Históricos (1989); livros publicados com introdução e notas, pela Edições Loyola de São Paulo.
Em 1987, em edição patrocinada pela Tenenge-Odebrecht, veio a lume o volume ilustrado Anchieta, com resumo biográfico e notas e tradução em inglês; depois, em 2a edição, saiu com o título de Anchieta nas Artes, que teve a colaboração do padre Murilo Moutinho (Edições Loyola, 1991).
Dentre os muitos trabalhos que Padre Hélio Viotti publicou em revistas e jornais, salientam-se: “La Universidad en sus Origenes”, na revista Estúdios de Buenos Aires (1936); “Anchieta e o Mar”, em Anuários de Estúdios Atlânticos, Madri – Las Palmas (1957); e “Los Fundadores de São Paulo”, em Razón y Fe de Madrid (1954).
Na revista Verbum, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro publicou: “A Concepção Católica da Economia Política e Social” (1948); “Felix Guisard” (1962); “Anchieta e a Eucaristia” (1955); “Anchieta, Autor do Poema de Mem de Sá” (1963); e “Anchieta e a Coligação dos Tamoios” (1966).
Na Revista de História da Universidade de São Paulo publicou: “A Fundação de São Paulo pelos Jesuítas” (1954); “Para uma Biografia de Nóbrega” (1956); “Alguns Documentos Inéditos sobre o Padre Anchieta” (1959); “Anchieta e o IV Centenário de Pinheiros” (1962); “Anchieta e as Velhas Igrejas de São Paulo” (1964); e “Expansão da Igreja no Brasil Independente” (1972).
Na Revista Eclesiástica Brasileira publicou: “Pio IX e o Brasil”; e “Em Vozes: Bolés e Outros Hereges” (1953). Não se pode também esquecer que publicou diversos trabalhos na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Padre Hélio Viotti, grande intelectual, foi membro fundador da cadeira no 21 da ínclita Academia Paulista de História, tendo escolhido para seu patrono, o padre missionário e historiador Rafael Maria Galante (1840-1917), italiano, naturalizado brasileiro e igualmente jesuíta. Teve a honra também de ser eleito o quarto ocupante da cadeira no 9 da egrégia Academia Paulista de Letras, tendo por patrono o poeta e escritor Manoel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852), sodalício onde tomou posse, em 20 de outubro de 1975.
Ademais, tomou posse em 19 de maio de 1977, como o primeiro ocupante da cadeira no 36 da veneranda Academia Cristã de Letras, tendo escolhido para seu patrono, o jesuíta português padre Antônio Vieira (1608-1697), grande escritor e orador. Nesse sodalício atuou como vice-presidente em dois mandados consecutivos: 1984-1985 e 1986-1987.
Padre Hélio Abranches Viotti faleceu em sua cidade natal, em 28 de novembro de 2000, contando com 94 anos.
Texto feito pelo acadêmico Helio Begliomini, segundo ocupante da cadeira no 10 da Academia Cristã de Letras, tendo por patronesse Marie Barbe Antoinette Rutgeerts van Langendonck.
Patrono
Padre Antônio Vieira
Um dos maiores oradores sacros da história da cristandade, e o mais ilustre do Brasil e de seu tempo - Padre Antônio Vieira - nasceu em Lisboa, a 06 de fevereiro de 1608, na Rua dos Cônegos, junto à milenar Sé Velha; era filho de Cristóvão Vieira Ravasco e de Maria de Azevedo; por sua vez, o pai era filho de um criado da casa dos condes de Unhão, e de uma serviçal da mesma casa, esta de ascendentes africanos; por sua vez, a mãe de Vieira, era filha do armeiro da casa real, pelo que o rei lhe concedeu uma Carta de Lembrança, documento que garantia um cargo público, a quem a desposasse; assim, Ravasco, foi nomeado escrivão das devassas dos pecados públicos, da cidade de Lisboa, logo após o casamento; depois, seria nomeado para a Relação da Baía, embarcando para o Brasil em 1609, quando Antônio Vieira tinha um ano de idade. A família permaneceu em Lisboa até 1614.
Após cinco anos na Baía - em 1614 - Ravasco foi a Lisboa, com a finalidade de trazer a família para o Brasil; tinha então Antônio Vieira 6 anos; na Baía, o menino passou a frequentar o Colégio de São Salvador, instituição de ensino jesuíta já então muito prestigiada, onde Antônio acabou por frequentar os ensinos primário, secundário e superior. Aos 15 anos de idade (1623), foi admitido na Companhia de Jesus, como noviço (seminarista), cursando o Ratio Studium, cujo programa incluía o estudo sério e profundo de latim, dos clássicos, além de retórica, dialética, filosofia, teologia, cosmografia e metafísica, alem de todas as ciências naturais então conhecidas. Aluno brilhante, logo em 1624, com apenas 16 anos, Antônio foi encarregado de redigir a Carta Annua, relatório das atividades anuais do colégio, em latim, a ser enviado ao dirigente máximo dos jesuítas. Dois anos depois, foi nomeado professor de retórica do colégio (faculdade) de Olinda, e, logo depois, lente de teologia, após haver redigido um compêndio de filosofia.
A sua estréia como orador sacro, deu-se na Quaresma de 1633- dois anos antes da ordenação como presbítero - com o sermão Maria, Rosa Mística, quando os holandeses de Pernambuco, já ameaçavam a Baía; mas os sermões que lhe abriram as portas da fama, foram pregados em 1638, de incentivo à resistência, na defesa da cidade da Baía, e, depois, de comemoração da vitória contra os holandeses. Por sua atuação e prestígio, Vieira foi nomeado, em 1641, para acompanhar, ao reino, o filho de Vice Rei, que foi testemunhar, a D. João IV, a lealdade do vice reino do Brasil. E esta foi a oportunidade para – ao pregar na igreja de São Roque para toda a Corte – Vieira patentear os seus elevados dotes oratórios, a sua genialidade, a sua coragem, o seu patriotismo e a sua erudição.
E foi tal o sucesso do seu sermão, que, a partir desse dia, quando se anunciava que, o Padre Antônio Vieira, ia ali pregar, o povo pernoitava no local, para ver e ouvir o grande, brilhante e famoso jesuíta.
Foi, pois, a partir do sermão na Igreja de São Roque, que a trajetória do grande orador entrou em franca ascensão; em seguida, na capela real, Vieira obteve a consagração, o aplauso geral, a fama e o prestígio, e a estima e familiaridade do monarca, que, dali em diante, passou a confiar-lhe as mais delicadas e espinhosas missões diplomáticas, que o levariam às Cortes da Europa, e ao convívio com as famílias reais, conferindo-lhe prestigio internacional, e poder. Mas, tais circunstâncias, têm alto preço, por despertarem a inveja, o despeito, o ciúme, a provocarem a intriga, a inimizade, até o ódio dos inimigos, que acabaria por forçar o rei a retirar-lhe a confiança, o que facilitou a perseguição dos opositores. Assim, após 11 anos na Europa, Vieira decidiu regressar ao Brasil, onde chegou em 1652, desembarcando no Maranhão em Janeiro de 1653, investido no cargo de Superior, da Companhia de Santo Ignácio de Loyola; e foi – talvez – na região, do Maranhão à Ilha de Marajó, e foz do Amazonas, que Vieira mais se elevou como missionário, ensinando os índios em sete dialetos; defendendo ferozmente os seus direitos; lutando contra a escravidão; libertando, humanizando, protegendo, pregando.
Após pregar, no Maranhão, o sermão de Santo Antônio aos Peixes, condenando os colonos que escravizavam os índios: (“um peixe grande COME até 1000 pequenos”), condenou o Paiaçu (pai grande) dos índios foi – em 1661 - por aqueles colonos, expulso e embarcado à força para Portugal, junto com os seus companheiros jesuítas. E, em Portugal, desta vez, esperavam-no os velhos e rancorosos inimigos, que iriam tornar a sua estadia um autêntico Calvário. Agora, iriam ser os próprios “religiosos” da Inquisição, os novos e terríveis perseguidores de Vieira, a quem não deram descanso: por eles processado como herege - e mesmo perante a sua brilhante defesa - foi julgado e condenado a quatro anos de prisão, dos quais cumpriu metade; protegido pelo papa, refugiou-se em Roma, de onde regressou a Lisboa com uma espécie de habeas corpus, para dali regressar à Baía, em 1681, aos 73 anos, após ter cruzado sete vezes o Atlântico; foi viver na Quinta do Tanque por 16 anos, e ali faleceu, a 18 de julho de 1697, aos 89 anos de idade.
Vieira legou-nos uma obra literária incomum, tanto em qualidade, quanto em quantidade: cerca de 220 sermões, sublimes peças de oratória sacra, do mais elevado teor, superiores na forma e no fundo; cerca de seiscentas e cincoenta cartas, hoje valiosos documentos histórico/sociológicos; a sua defesa contra o processo inquisitorial, peça de retórica argumentativa indestrutível, além de muitos escritos dispersos, alguns ainda inéditos; maior autor e orador sacro do século XVII, Vieira ombreia com os grandes e consagrados nomes das letras e da cultura, da história universal. Imperdível, e pouco conhecida, é a sua menor obra prima “O Pranto e o Riso”, pregada em Roma.
SONETO (JV)
Qual o orador grego ou romano – Que alcançou o brilho e esplendor – Deste nosso Vieira, lusitano –
Quando pregou a justiça e o amor ?.
Brilhante no sacro e no profano – Mas servindo a um único Senhor – Livre, independente e soberano –
Os seus sermões refletem o seu fulgor
Se veio ao mundo no seu Portugal – Foi no Brasil que sua alma pura – Abriu o caminho do seu ideal
Em Santa Cruz desceu à sepultura – Por ser pequeno o seu torrão natal – Para acolher tão nobre criatura
Discurso de recepção
Discurso de recepção - Cadeira nº 36
Discurso de posse
Discurso de posse - Cadeira nº 36