Prefácio I
Todasas descobertas e invenções da humanidade podem ser usadas para o Bem ou para o Mal. O que decide o destino é o livre-arbítrio. As escolhas que fazemos com nossos pensamentos geram ações e produzem energia, e delas advêm os progressos e os revezes da humanidade. Alfred Nobel sintetizou a dinamite, que pode proporcionar rapidamente novas estradas, construções e viadutos, mas também facilita a destruição humana numa guerra.
Helio Begliomini, como diretor de comunicação da Academia de Medicina de São Paulo, poderia apenas usufruir do cargo de diretor de comunicação e colher os louros, mas escolheu produzir em benefício não só dos Acadêmicos, mas de todos os que prezam a história e os anais dos arautos da Academia. Depois dos excelentes livros “Presidentes da Casa de Luiz Pereira Barreto em seus 120 Anos (1895-2015) de Existência” e “Prógonos da Academia de Medicina de São Paulo”, nos brinda com mais esta pérola de fácil leitura e muito conhecimento seleto e direcionado aos que buscam as mudanças em sua vida e no planeta Terra.
Ler o livro “Nobel e Prêmios Nobel da Academia de Medicina de São Paulo” é uma viagem no tempo e um encontro memorável com os nossos antecessores, que deram seu melhor para a evolução da humanidade. Realmente, um privilégio ter acesso a esses conhecimentos condensados. Só algumas pérolas para antever a viagem dessa prazerosa leitura: a mentora da mudança de paradigma para Alfred Nobel foi Bertha Kinsky, uma grande amiga. Alfred criou muitos explosivos militares e chegou a ser descrito como “o mercador da morte”. Sozinho e sem descendentes, Bertha conseguiu incutir nele ideias pacifistas, que influenciaram a criação de uma fundação com seu nome, com a finalidade de reconhecer os pesquisadores que promovem o bem-estar e a evolução da humanidade.
Outro detalhe interessante que a história se encarrega de corroborar: Mahatma Ghandi (Mohandas Karamchand Gandhi, 1869-1948), que foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz três vezes e nunca ganhou, descrito como a maior omissão da história da Fundação: No ano do falecimento de Ghandi, não houve um ganhador do Nobel da Paz, “por não ter ninguém vivo adequado para aquele prêmio”. Foi uma maneira elegante de reconhecer o valor póstumo, quando em vida não foi possível, por circunstâncias nem sempre tão evidentes.
Como curiosidade saliento que os Prêmios Nobel de Medicina, Física e Química tiveram como ganhadores homens em 97% das vezes. Compreensível numa sociedade patriarcal que aos poucos está mudando. Com as escolas de medicina tendo mais de 50% de alunos da graduação mulheres (algumas escolas com até 75%), provavelmente essa realidade vai ser mudada naturalmente nos próximos 100 anos. Se, entre 1901 e 2019, dos 213 laureados em Medicina ou Fisiologia, apenas 12 foram mulheres, para 2120 essa proporção não deverá ser invertida, mas muito provavelmente mais equilibrada. Essa disparidade também se evidencia entre os cinco continentes: inicialmente os prêmios eram mais focados no continente Europeu, provavelmente pela sede da Fundação e pela história da humanidade.
Na América Latina, apenas 17 pessoas entre os 923 foram laureados, correspondendo apenas a 1,8% do total. Apenas duas mulheres laureadas: pela Literatura, a chilena Gabriela Mistral; e pela Paz, a guatemalteca Rigoberta Menchú. E o Brasil ainda não está entre os que mereceram a honrosa distinção, embora vários tivessem tido indicação.
Como a mulher mais jovem entre as Acadêmicas de Medicina de São Paulo, não poderia deixar de enfatizar a jovem paquistanesa que, na sua determinação de lutar para que ela e suas colegas tivessem acesso à educação, foi ferida e continua sua luta de forma planetária: Malala Yousafzai, de apenas 17 anos, ganhou o prêmio Nobel da Paz, em 2014.
Hospital Salpêtrière. Richert foi pioneiro na imunologia, muito necessária nos tempos atuais da Pandemia do Covid – 19, e cunhou o termo “anafilaxia”. Ele abriu portas para novos estudos, cunhando o termo “Metapsíquica”, definindo como a “ciência que tem por objeto os fenômenos mecânicos ou psicológicos, devido a forças que parecem inteligentes, ou a poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana”. Ele também definiu o termo “ectoplasma”, como sendo substâncias difusas que emanavam do corpo de um indivíduo e responsável pela viabilidade dos fenômenos mediúnicos. No Brasil, o cirurgião oncológico carioca dr. Paulo Cesar Fructuoso, em seu livro “A Face Oculta da Medicina”, descreve fenômenos mediúnicos e materializações, com a presença do ectoplasma. Podemos antever uma medicina do futuro onde os médicos atuarão energeticamente, antes de as doenças se materializarem, permitindo uma vida saudável, feliz, harmônica onde uns apoiam os outros em prol de uma Paz mais duradoura e coletiva.
Gratidão pelo privilégio de prefaciar essa obra! O ilustríssimo Acadêmico dr. Helio Begliomini já foi inspirador nos primeiros dois livros da Academia e, agora, com o “Nobel e Prêmios Nobel da Academia de Medicina de São Paulo”. Boa leitura a todos. Usando uma palavra da moda 2020, para não ofertar um “spoiler”, deixo aos leitores o suspense de descobrir o que está por trás do “Brasil e o Prêmio Nobel”.
Gratidão por pertencer a esse seleto grupo de 130 imortais da Academia de Medicina de São Paulo e ser escolhida para prefaciar esta obra maravilhosa do dr. Helio Begliomini.
1- Neurocirurgiã da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); coordenadora da equipe Cenepe – Centro de Neurocirurgia Pediátrica e das mulheres na neurocirurgia da Sociedade Brasileira da Neurocirurgia; vice-presidente do Comitê de Educação da Sociedade Internacional de Neurocirurgia Pediátrica – ISPN; presidente do Comitê de Neurocirurgia Pediátrica da Federação Mundial das Sociedades de Neurocirurgia – WFNS; e presidente eleita da Associação Brasileira de Mulheres Médicas – ABMM.
Prefácio II
É um imenso prazer e honra prefaciar o livro “Nobel e Prêmios Nobel da Academia de Medicina de São Paulo”, de autoria do acadêmico Helio Begliomini, ocupante da cadeira no 21 deste sodalício, cujo patrono é Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
Após árduo e perseverante trabalho, pesquisando antigos documentos e atas da Academia de Medicina de São Paulo, o autor nos apresenta surpreendentes dados que engrandecem esta prestigiosa Instituição, como o fato de que, dentre os confrades, havia quatro que tinham sido homenageados com cinco Prêmios Nobel!
Esta obra traz também ao conhecimento público que outros 14 membros desta Academia haviam sido indicados a este consagrado prêmio internacional, que é concedido em razão da importância de suas pesquisas e descobertas.
Dividido em três partes, este livro traz um pouco da história e particularidades do Prêmio Nobel, um sumário dos membros correspondentes e honorários da Academia de Medicina de São Paulo que receberam o Prêmio Nobel e, na última parte, mas não menos interessante, o acadêmico Helio Begliomini nos brinda com o sumário bibliográfico de 13 membros correspondentes ou membros honorários e o patrono da cadeira no 81, Adolpho Lutz, que tiveram seus nomes indicados para o Prêmio Nobel.
Estas informações, que eram desconhecidas da maioria dos próprios membros desta casa, foram resgatadas através do trabalho sempre primoroso do acadêmico Helio Begliomini, e foi uma grande honra ter tido a oportunidade de ler antecipadamente este trabalho.
2 - Emilia Inoue Sato é professora titular de reumatologia da Escola Paulista de Medicina (EPM) – Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Médica, pesquisadora clínica e professora, atua na área de doenças reumáticas autoimunes, sobretudo com lúpus eritematoso sistêmico, miopatias inflamatórias autoimunes e vasculites sistêmicas. Tem mais de uma centena de artigos publicados em periódicos internacionais de impacto e com revisão por pares.
Ocupou diversos cargos na Unifesp, como o de chefe do Departamento de Medicina, vice-diretora do Campus São Paulo e de diretora da EPM (2015-2019). Teve grande atuação societária, tendo sido presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia, e foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (1998-2000). Recebeu o título de Master in Rheumatology, concedido pela Panlar, em 2019. É membro da Academia Brasileira de Reumatologia e membro titular da Academia de Medicina de São Paulo, ocupando a cadeira no 109, cujo patrono é Antônio Bernardo de Oliveira.