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Prefácio I - Frances de Azevedo

Foi com imensa satisfação e honrada que recebi o convite de meu confrade Helio Begliomini, Cadeira 10 da Academia Cristã de Letras, patronesse Marie Barbe van Langendonck, para prefaciar a presente obra, cujo título – “Dedilhando o Tempo” – já nos acena para seu conteúdo poético. Sim. Para minha surpresa, eis que o confrade Helio nos apresenta um livro de poesia!

Confesso, não sabia ser o excelente prosador também poeta de primeira linha! Sou detentora de várias de suas obras. Aliás, haja fôlego para escrever tanto! Acredito que dois ou mais livros anuais são lançados por ele! Inacreditável!

Agora, me recordo que, de certa feita, em um de seus escritos, me deparei com um trecho de magnífica prosa poética, comentado por mim e remetido a ele! Já deveria ter imaginado que um poeta ali habitava...

Como disse, o autor Helio Begliomini escreveu inúmeras obras, muitas delas dedicadas à medicina, eis que médico, eivado de amor profundo ao ofício que escolheu e ao qual se dedica profundamente. Entre essas, destaco: Juscelino Kubitschek de Oliveira – Patrono da Sociedade Brasileira de Urologia (2005); Academia Brasileira de Médicos Escritores – Vinte Anos de História (2007); Antigos Membros da Centenária Academia de Medicina de São Paulo (2021) ...

O autor Helio Begliomini é renomado médico urologista, “é excelente escritor, possui um vocabulário sui generis da língua portuguesa; é loquaz com seus escritos: é humano, companheiro para todas as horas, fino, elegante e respeitador”. (Adolfo Lemes Gilioli, in contracapa de outro livro do autor: Academia Cristã de Letras: Tributo aos Quarenta Anos de História).

Em sua obra Rugas (2017), onde Helio nos apresenta relatos de sua trajetória de vida, trazendo a lume passagens de sua infância à vida adulta com familiares e amigos, sobressai seu lado religioso, quando, às fls. 108, cita o “Padre Bruno: Simplesmente. A quem muito desenvolveu e fortaleceu minha fé”.

Johannes Gutemberg (1396-1465), inventor da máquina de imprensa (mais ou menos em 1430), invento esse considerado mais importante do segundo milênio, abriu as portas para o mundo mágico da escrita, onde o horizonte da imaginação das ideias foi transportado para o papel, numa fonte inimaginável de conhecimento, proporcionando viagens fantásticas ao redor de nosso planeta e fora deste e, certamente, ao nosso interior.

Helio sempre soube bem valer-se de tal invento e, agora, nos traz suas poesias!

Quem diria?!

Noto que seus poemas não se prendem às normas rígidas. Glaucia Lemos, pós-graduada em crítica da arte, bacharel em direito, escritora e ficcionista, julgadora do gênero Poesia do X Concurso Nacional de Literatura da Associação Bahiana de Medicina/ABM, assim se manifestou ao julgar um poema de Helio: “Tecnicamente o poema não apresenta problema, o ritmo está bem observado, prescinde de rimas, pois é composto de versos livres e a linguagem revela elevado conhecimento do idioma”.

Também concordo, haja vista seu apurado espírito humano e humanitário, onde dedica poemas à amada esposa Aida Lúcia (poeta também). “Mais do que um perfume/Ela é um delicioso aroma na minha vida!”.

Não se olvida dos princípios cristãos, tendo nos versos de Última Morada rogado ao Senhor ir ter com Ele: “Sim – Senhor/gostaria de poder habitar em Vossa casa/perto e infinitamente Convosco”.

Também se volta às causas sociais, quando, em Mendigo, alude ao desamparo de quem dorme ao relento: “Vento frio, vento frio/Esquina tímida, aberta, desprotegida/Em meio à penumbra/Um corpo quase amorfo, jaz ao relento”.

Poeta que se preza navega também pela natureza, citando-a em seus encantadores haicais: “O sol dardeja/mentes; o luar deleita/jovens corações”.

O autor transita por veredas pouco conhecidas: limerique/limerick (poema monostrófico de cinco versos, geralmente com temas burlescos. Os versos 1, 2 e 5 são maiores e rimam entre si; já os versos 3 e 4 são menores e também rimam entre si). Tais veredas, deixarei para o leitor descobri-las!

E, obviamente, não poderia deixar de lado seus versos à nobre profissão de médico, que tanto ama, com Louvação à Vocação Médica: “Entretanto, Senhor:/Nesse momento, meu ser se volta todo a Vós, /para render-Vos graças de modo particular, mas igualmente esfuziante, /pela incontida alegria de ser médico, /grande sonho da minha vida, /acalentado desde os meus tenros seis anos”.

A versatilidade de Helio é tal um grande e colorido leque, onde, a cada instante, o inusitado se faz presente, encantando e ensinando com sabor sempre de quero mais!

Ah, e quem diria que muitos, aliás quase todos – e não poderia ser diferente – de seus poemas foram premiados nos primeiros lugares e/ou receberam Menção Honrosa!

Isso tudo ao longo de mais de três décadas... E eu, sem saber de nada! Não me conformo...

Também se faz mister dizer que alguns de seus outros escritos em prosa, como artigos, ensaios, crônicas, também foram laureados!

Muito há para se dizer sobre Helio Begliomini, porém, por ora, o espaço não me permite, restando-me dizer para que continue a poetar e que Apolo o conduza em sua carruagem sempre produzindo versos!

Frances de Azevedo1  

1 Poeta, advogada, escritora e declamadora. Pertence à Academia Cristã de Letras, cadeira no 39, tendo por patronesse Madre Maria Teodora Voiron (1835-1925); à Academia Linense de Letras; Movimento Poético Nacional; Grupo de Poetas, Declamadores, Cantores, Músicos Independentes Voluntários de São Paulo; Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba; ONE – Ordem Nacional dos Escritores; e COCCID – Comitê Cívico e de Cidadania da ACSP – Associação Comercial de São Paulo.

Prefácio II - Márcia Etelli Coelho

 Prefaciar um livro é, sem dúvida, um ato de responsabilidade e privilégio.

Responsabilidade por apresentar uma obra literária cujo autor dedicou tempo e energia para concretizar um sonho.

Privilégio por poder apreciar os textos antes de serem publicados.

Por isso, com muita honra, aceitei o convite de Helio Begliomini para prefaciar seu livro “Dedilhando o Tempo”.

Somos ambos membros da Academia Cristã de Letras, da Academia Brasileira de Médicos Escritores (Abrames) e da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames – SP) e, em todos esses sodalícios, Helio Begliomini tem se destacado como exímio historiador e memorialista.

Suas inúmeras publicações são frutos de incansável pesquisa e resgatam fatos e nomes de pessoas, sempre com respeito e compartilhamento.

Este livro, porém, logo instigou minha curiosidade por ser composto de poemas, a minha categoria literária preferida.

O primeiro livro inteiramente em versos por ele publicado.

Ao folhear o manuscrito que Helio prontamente me enviou, eu me surpreendi com sua sensibilidade poética. Sua aptidão para historiador, porém, se faz presente, pois em cada página destaca-se o ano em que foi escrito ou premiado.

Premiado? Sim! Apesar de Begliomini não se considerar poeta, os poucos poemas que escreveu (poucos em comparação com sua exímia prosa) lhe renderam merecidas premiações.

Acopladas aos textos, algumas bonitas e significativas ilustrações colaboram para interessantes devaneios e, como ele próprio objetivou, fornecem uma melhor compreensão do que o poema pretende transmitir.

Talvez por ter se dedicado à parte memorialista, Begliomini considerou que escrever em versos tenha sido um trabalho árduo. A fluidez ao lê-los comprova que valeu a pena a extenuada dedicação.

Se em poesia o autor se deixa revelar mais intimamente, já de início o poema “Médico” evidencia sua autêntica vocação. Nas páginas seguintes, Helio contempla o amor pela esposa, a fé, o orgulho da sua cristandade, o respeito pela natureza, incluindo também temas sociais e até toques de pertinente filosofia.

Este seu primeiro livro de poemas não poderia, por fim, ter um nome mais sugestivo: “Dedilhando o Tempo”. Nele podemos apreciar não só os versos escritos por Helio Begliomini, como também textos de amigos que a ele dedicaram, consistindo, assim, em mútuas e singelas homenagens.

A compilação dos textos publicados e premiados em ordem cronológica torna este livro uma agradável viagem pelo tempo.

Sejam bem-vindos para fazer parte dela!

 1 Marcia Etelli Coelho é a terceira ocupante da cadeira no 12 da Academia Cristã de Letras, tendo por patronesse Cecília Meirelles (1901-1964). Atuou como vice-presidente (2015-2016) e presidente (2017-2028 e 2019-2020) da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Paulista, bem como é a terceira ocupante da cadeira no 34 da Academia Brasileira de Médicos Escritores (Rio de Janeiro), tendo por patrono Francisco Pinheiro Guimarães (1832-1877). Ademais, é membro do Movimento Poético Nacional e da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil.