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 O respeitado autor evidencia nesta primorosa obra, a atuação de uma corajosa e jovem mulher procedente da Europa para o Brasil, há 150 anos, que, mesmo diante de todas dificuldades enfrentadas por imigrantes num novo mundo, com intrepidez, inteligência e atuação ímpares, influencia, de modo efetivo e exemplar, mudanças comportamentais da sociedade local, tanto no sistema educacional, quanto, a posteriori, na medicina dedicada à mulher e sua descendência, nos diversos níveis sociais da capital paulista.

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Essa jovem traz alterações educativas inovadoras, fundamentadas na ciência já em evolução em alguns países europeus, com respaldo local de políticos republicanos, progressistas, maçons, abolicionistas e liberais da época.

De inteligência privilegiada e inquieta, após se graduar em medicina nos EEUU e se pós-graduar em Paris, a partir de 1895, torna-se a primeira mulher a exercer medicina em São Paulo, como obstetra, ginecologista e neonatologista; sempre impávida, também na medicina, influencia importantes inovações, mui reconhecidas, e, outra vez, ela modifica conceitos e comportamentos vigentes.

Na administração da Maternidade de São Paulo, desde sua fundação em 1894, Marie Rennotte cria novos e significantes paradigmas, muito enaltecidos; igualmente, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, desenvolveu trabalho expressivo junto com o Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 1895, hoje, Academia de Medicina de São Paulo (AMSP).

Para amparar crianças e jovens carentes, com exemplar humanismo e dedicação ao próximo, organiza a Regional Paulista da Cruz Vermelha, em 1908.

A significativa e incessante atuação humanística dessa personalidade marcante é reconhecida ao ser eleita para a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, sendo a primeira mulher nesse sodalício.

Parabenizamos o autor Dr. Helio Begliomini, insigne acadêmico da AMSP e reconhecido expoente nacional e internacional, não só da medicina, urologia, mas, também de outras searas, como das artes literárias e culturais, que, com elevada sensibilidade ebrilhantismo, também refletidos neste magnífico trabalho, enaltece e reverencia não só a Dra. Marie Rennotte, esse modelo ímpar de dedicação e doação ao próximo, mas, também, outras mulheres pioneiras na sociedade e na medicina brasileira.

Prefaciar esta obra é privilégio que muito nos honra.

Esta obra exemplar, merece ser lida várias vezes. Aos leitores meus parabéns pela escolha inteligente.
marie 1 78ffeLeontina da Conceição Margarido

Dermatologista e hansenologista (Prêmio Nacional). Graduada em medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes e Executivo Hospitalar, IBDPH São Camilo (SP). Obteve seu doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Foi diretora do Hospital Padre Bento e ministrou treinamento multidisciplinar sobre a Moléstia de Hansen aos alunos da Faculdade de Medicina de Jundiaí (1977-1982); e em cursos do Ministério da Saúde (1978-1981), na Faculdade de Higiene e Saúde Pública da USP (1981 -1983), e Hospital Emílio Ribas (1981-1984).
No Hospital das Clínicas da FMUSP organizou e coordenou o Núcleo de Hansenologia Multidisciplinar e Multiprofissional; integrou a Unidade de Transplante Renal e a Endocrinologia. Foi professora titular de dermatologia da Universidade de Mogi das Cruzes e da Faculdade de Medicina do Centro Universitário São Camilo. Participou de diversas bancas examinadoras e escreveu vários capítulos em livros sobre dermatologia e terapêutica. Uma das palestras que ministrou foi na abertura de Audiência Pública do Senado Federal, sobre “Doenças Milenarmente Negligenciadas” (2016). Foi membro da Comissão Nacional de Residência Médica e da Câmara Técnica de Dermatologia do Cremesp e do CFM.
Presidiu, por dois mandatos, a Sociedade Brasileira de Hansenologia (1989-1994), bem como o Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Dermatologia e o Departamento de Dermatologia da Associação Paulista de Medicina (2012-2018), atuando também nessa entidade como delegada (1993-2018).
Realizou ações médico-sociais voluntárias com graduandos e residentes em comunidades carentes de São Paulo (Prêmio Mario Covas), Acre, Maranhão, Belém do Pará e Baixo Amazonas. Recebeu vários prêmios, homenagens e comendas, no Brasil e no exterior. Dentre as homenagens, os doentes do Hospital Dr. Arnaldo P. Cavalcanti deram-lhe uma placa, atribuindo, numa rua, seu nome – “Alameda Dra. Leontina C. Margarido”. É a titular da cadeira no 50 da Academia de Medicina de São Paulo.