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Helio Begliomini

Crônicas, Ensaios e Cartas

Legnar Informática & Editora Ltda, São Paulo – 2002,

228 páginas.

Prêmio Clio de História – 27º edição (2004), outorgado pela Academia Paulistana da História.

 

Apresentação: José Carlos de Souza Trindade

 

Quando no fim do ano recebi a carta do Helio, solicitando-me para ser um dos apresentadores de seu livro “Contraponto”,  despretensiosamente chamado pelo autor de “uma coletânea de crônicas, ensaios e cartas”, senti-me extremamente orgulhoso,  honrado e invadiu-me uma aura de alegria misturada com justificada vaidade.

Após alguns minutos, este sentimento foi substituído por  pânico, dúvida e a sensação de grande vazio. Nunca tinha feito a apresentação de um livro. O  que mesmo deveria escrever à guisa de apresentação?

No mesmo dia tudo isso desapareceu como por encanto, pois as minhas tarefas de Reitor da UNESP (Universidade Estadual Paulista), com a voracidade própria dessas funções de administração acadêmica, envolveram-me completamente na preparação de cifras, orçamentos, novos programas institucionais, ampliação de vagas do ensino público, criação de novos campi universitários, etc. e eis que, sem perceber o transcurso dos dias, encontro-me já adiantado no calendário do novo ano e mais uma vez em pânico, frente ao desafio das páginas em branco.

Desculpo-me pelo atraso no preenchimento do vazio destas páginas. Foi uma mistura de dificuldades. Um pouco a falta de espaço numa agenda implacável e muito a carência de boas idéias à altura deste extraordinário texto.

Fazer a apresentação de um livro é tentar decifrar a complexidade multifacetada da personalidade do autor. Principalmente um livro de crônicas e ensaios, em que muitos dos assuntos abordados são polêmicos e o  tempo ainda não foi suficiente para oferecer o veredicto final.

Eu conheci o Helio em dois momentos diferentes. Inicialmente através de seus escritos em revistas científicas, nas páginas dos boletins da Sociedade de Urologia ou nos órgãos de defesa profissional. Já o admirava pela clareza de suas idéias e pela facilidade com que ele as expressava.

Chamava-me a atenção a sua inquietude intelectual, o seu profundo sentimento de religiosidade, a devoção ao exercício desta nobre e muitas vezes vilipendiada profissão e a   defesa constante de seus ideais de vida.

Quando fui eleito Presidente da Seccional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Urologia , no final de 1995, procurei conhecê-lo mais de perto e o convidei para ser o editor, em minha gestão, do “Boletim de Informações Urológicas – o BIU” .

Esta foi uma fase muito significativa na vida de nossa sociedade urológica e o Helio desempenhou um papel extremamente criativo no exercício de suas funções. Reformulou graficamente este veículo de comunicação, inovou-o intelectualmente, estimulou polêmicas e tornou interessante a leitura destes boletins até então burocráticos e insípidos.

Esta renovação iniciada em São Paulo, naquela época, expandiu-se  além das fronteiras do Estado, atingiu os órgãos de comunicação de nossa Sede Nacional e contagiou outras seccionais do País. Desde então a imprensa urológica no Brasil não foi mais a mesma. Essa revolução intelectual e estética nós devemos ao Helio, que por meio da abordagem corajosa de temas polêmicos, manteve em muitos colegas o espírito vigilante e preparou a comunidade para reagir contra o germe da acomodação que prenuncia a decadência social.

Em “Contraponto” vamos encontrar um pouco de tudo isto. É uma viagem intelectual num curto espaço de tempo, abrangendo o último qüinqüênio. É uma oportunidade de profunda reflexão sobre temas atuais e ao resgatarmos esse passado recente, estamos nos preparando para enfrentar esse complexo momento histórico que se descortina na abertura deste novo milênio.

Agora que venci o desafio das páginas em branco, ao ter tido o privilégio de ler “Contraponto”, por antecipação, perdi a sensação do vazio e sinto-me “contaminado”  pela alma inquieta do autor.

Que outros leitores sejam envolvidos nessa “saudável epidemia”.

 

José Carlos de Souza Trindade
Professor Titular do Departamento de Urologia da Faculdade de Medicina de Botucatu
Atual Reitor da Universida de Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP

 

Apresentação: Dr. Afiz Sadi

Muito lisonjeiro para mim o convite do Dr. Helio Begliomini à apresentação desta sua nova obra médico-uro-literária. CONTRAPONTO, o título, em si, diz quem é Helio Begliomini no panorama médico da nossa pátria; não há necessidade de repetir nessa minha humilde apresentação; quando outros a fariam de sobejo, o quanto ele representa a medicina, a urologia e as artes nesse país. Leia-se pelo AVESSO, SOBRAMES e agora essa coletânea de trabalhos e tem-se a grandeza e a intelectualidade do escritor, também detentor vitalício de uma das cadeiras da Academia Cristã de Letras.

Espécie de guru dos nossos tempos, jovem ainda, com seus arranques emocionais, investido de características benquerentes somente ofertadas aos dotados de grandeza de alma, aos apontados por forças superiores e traçadoras de seus destinos. Assim vejo Helio Begliomini; não devo comentar os seus trabalhos urológicos mesclados de literatura e de uma erudição incomparável. Helio Begliomini aborda a urologia em todos os seus meandros, com sua pena e a circunda dentro da medicina global com a força da sua inteligência e da sua sagacidade. É assim como quem revive um passado de austeridade, de ética transmitidas pelos nossos maiores e pode ver num futuro distante, o destino da medicina, quando ora é traçado com displicência pelos neomédicos preocupados com o imediatismo pelo descaso dos poderes constituídos e pela exploração dos grandes conglomerados de saúde; públicos e particulares; com o emprego do médico pelo médico quase escravo; com a necessidade de plantões cansativos e intermináveis em pontos distantes do trabalho, dos temores da atualidade, para a sobrevivência do profissional, tudo isso provocando uma ausência de leitura, o não acompanhamento da evolução científica, a falta de tempo ao aprendizado; tornando-o medíocre com prejuízo ao ensino, a formação de novos profissionais e o descaso no trato com a população em geral e sofrida.

Deprendi do trabalho de Helio Begliomini uma assertiva que sempre digo nos meus colóquios: o médico não tem o direito de ser medíocre.

Vejo em Helio Begliomini uma exceção e eu como velho professor de Urologia tendo militado ininterruptamente durante 45 anos na vetusta Escola Paulista de Medicina, sinto que há e os há, um punhado de médicos, próximos ao Begliomini que prezam a profissão, a ética, o respeito aos colegas e aos clientes, o conhecimento, a humildade e a cultura; por isso auguros de permanência e alvíssaras pelo continuísmo. É verdadeiramente professor aquele que deixa discípulos acima dele. Begliomini é um desses raros profissionais incluídos nessa pequena plêiade, porém destaca-se sobremodo pelo seu carisma, sua maneira de ser, sua espontaneidade, seu labor incansável, suas idéias benqueridas e sua escrita, bem própria, original e escorreita de transmitir seus pensamentos. Essa coletânea de trabalhos que foram escritos durante o passar dos anos, são hoje bem atualizados e serão para o futuro. Por essa razão e assim pensando, aconselho a leitura do “CONTRAPONTO” e almejo o aproveitamento das manifestações nele inseridas, bem como possa destarte Helio Begliomini atingir seu desiderato.

 

Dr. Afiz Sadi

Prof. Titular de Urologia da Escola Paulista de Medicina; Membro da Academia Cristã de Letras e Ex-Presidente (1989-1992); Membro Honorário da Academia Nacional de Medicina; Membro Honorário da Academia de Medicina de Minas Gerais; Membro Emérito da Academia de Medicina de São Paulo; Sênior da Sociedade Internacional de Urologia; Sociedade Brasileira de Urologia (Emérito); Sociedade Internacional de Cirurgia-Sociedade Americana de Cirurgiões (Detroit-USA) – Confederação Americana de Urologia. Medalha Anchieta e Diploma de Benemérito cidade de São Paulo – Prefeitura Municipal; Medalha e Diploma – Amigo da Marinha e Mérito Naval – Marinha Brasileira e Medalha da Independência da República Árabe – Síria.