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30 Presidentes da Casa LPB 30d1e

 

Helio Begliomini

História, Documentário e Biografias

Expressão & Arte Gráfica, São Paulo – 2015,

352 páginas.

 

Prefácio: Luiz Fernando Pinheiro Franco

É extremamente honroso para a Academia de Medicina de São Paulo abrigar sob seu teto as mais altas expressões da intelectualidade médica de São Paulo para um objetivo de transcendência cultural, que é reunir desde a sua fundação os mais insignes nomes da nossa arte médica.

O excepcional trabalho do Dr. Helio Begliomini mostra, através de estudo rigoroso e magnífico, quem foram os 87 Presidentes da Academia de Medicina de São Paulo em todos os tempos, sendo uma  maravilhosa imagem  dos componentes de todas as  épocas. O autor realizou um estudo detalhado dos presidentes com um preciosismo estoico, que faz que compreendamos melhor cada um per se, nos seus detalhes pessoais e no intercâmbio com os membros de suas épocas. Dados preciosos nos fazem ver quem foram os presidentes e sua importância, não maior que seus pares, mas decisivos para tornar a Veneranda Academia a casa do saber e da cultura médica de dimensões eternas.

No texto do autor os escritos agasalham o intuito indeclinável de enaltecer o imarcescível pioneirismo, nos 120 anos (1895 a 2015) da história da Casa de Luiz Pereira Barreto. É relatado neste belo livro o estímulo que se tem dado desde seus primórdios à consecução dos bens intelectuais imperecíveis, ao fortalecimento do dever, mostrando porque todos temos de render preito de veneração aos grandes vultos da Medicina de São Paulo, aos que enobreceram e enobrecem  a arte médica pelo talento, pela inspiração, pelo exemplo e pelo trabalho, sejam quais forem os campos de sua operosidade.

Dr. Begliomini expõe nesta obra a sabedoria, a ciência e a arte, trazendo-nos a certeza de que a Academia de Medicina de São Paulo, nas figuras de seus membros, desde sua origem, jamais permitirá a destruição dos valores absolutos da pessoa humana, nem suplantará a fraternidade que a todos nos reúne no bem comum, no culto da beleza ética e moral, Splendor Formae, e na harmonia cósmica.

A divisão em duas partes do livro mostra de maneira didática: Aspectos Históricos, nestes citando a Sociedade Médico-Cirúrgica de São Paulo, de existência efêmera, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, transformada em 7 de março de 1954 na Academia de Medicina de São Paulo. Esta última somente em 2004, portanto, após mais de um século, instituiu por definitivo os patronos de suas respectivas cadeiras. Na Relação dos Presidentes houve meticulosa análise de sua origem, idade e ano da posse. Na Galeria Fotográfica se conhecem os seus traços fisionômicos, satisfazendo o imaginário dos acadêmicos, e, em Curiosidades, transmutam ao espírito da confraria aspectos e dados de índole vária,  que aguçam o conhecimento de fatos históricos  e pessoais, seguindo-se, na parte dois, a sua Biografia. Importante lembrar que, em projeto histórico do mesmo autor, este resgatou num trabalho hercúleo 428 biografias, mostrando ad eternum a memória e a história de todos os seus membros. Desta magnífica pesquisa nasceram as obras “ 7 de Março”, com Meira e Palomba, e “Prógonos da Academia de Medicina de São Paulo”, sendo que neste novo livro o autor completa a notável tríade de sua sabedoria, dando à Academia e a todos acadêmicos a plenitude da alma em toda sua abrangência acadêmica: a História de seus 87 Presidentes. Obras como esta são fundamentais, pois a Academia de Medicina é a mística do conhecimento humano médico, emoldurado pela filosofia, a Scientia Altior: santuário da Razão, alma nutriz da Sabedoria. Por seu influxo, o homem aventura-se no desvendar os arcanos do cosmos médico. Begliomini mostra que o cérebro humano rutila em reverberações de luz que se expandem pelo universo com a presunção do saber, o desespero do conhecimento. Explica-se subjetivamente pela procura de algo acima de nossa compreensão, o incunábulo, o Alfa e o Omega de tudo o que existe.

O autor no seu trabalho mostra que o fulcro da Academia na pessoa de seus Presidentes é o movimento à compaixão, à piedade, ao desprendimento, às atitudes desinteressadas, todas embainhadas pela sabedoria e pelo conhecimento, tornando-a uma casa sagrada, que poderia ser o habitat do Deus de Spinoza.

Luiz Fernando Pinheiro Franco[1]
[1] Titular e emérito da cadeira no 16 da Academia de Medicina de São Paulo, tendo como patrono Oswaldo Freitas Julião. Presidiu esse sodalício no biênio 2005-2006.