Prefácio: Paulo Nathanael -
"A Mensagem Poética de Frances de Azevedo"
Os deuses gregos tinham como porta-vozes os poetas que, ao som da lira, rivalizavam com os oráculos dos templos no anúncio dos mistérios do destino e da beleza. Mais refinada fez-se essa anunciação,quando as poetas, a partir de Safo, se revestiram dos poderes da oracularidade. Morreram os deusas, eternizaram-se suas porta-vozes, que continuam reverenciadas pelo mundo afora, no seu insubstituível papel de anunciadoras da beleza residente na alma das cousas do universo. Há em Frances de Azevedo essa compulsão estética da conversão das palavras comuns em significados especiais., encasulados todos nos poemas de se lavor. Nessa essência da poesia paira sua inspiração e nos presenteia com o seu sensível expressionismo do verso a serviço da emoção. Depois de “Poesia (Sobretudo)”, de “Além da Imaginação (Poesias)”, de “Apenas mais Alguns Versos, Trovas e Outras Palavras”, de “Versos, Sempre Versos e...”, vem chegando este “O Quinto Uni...verso”, coroamento de uma obra que cresce e se qualifica na mesma proporção em que o tempo passa.
Parabéns, minha cara poeta e amiga Frances de Azevedo pelo novo livro, que tem como título ordinal da sequencia de sua obra, e, como conteúdo, o coração e a mente de uma orácula das antigas e novas divindades, detentoras do belo e do verdadeiro. Que o livro tenha vida longa e impressione os leitores, como a mim me impressionaram estes versos:
PRIMAVERA (I)
A primavera este ano veio diferente:
Chegou sem a banda dos pássaros,
Sem o riso do sol, sem as cores
Das flores, sem o marulho do mar...
Havia tempestade. A chuva caia forte.
As árvores agitavam-se furiosamente,
As flores fecharam-se em si mesmas.
A natureza (penso) quis
Solidarizar-se comigo:
Enxergou o fundo do meu coração...
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Titular da Academia Paulista de Letras.