Helio Begliomini
Ensaio Expressão & Arte Gráfica, São Paulo – 2008,
63 páginas.
Prefácio I: Douglas Michalany
É com a maior satisfação que atendo ao amável e honroso convite de meu confrade na Academia Cristã de Letras, Helio Begliomini, a que dê o meu testemunho, ainda que breve, sobre esta sua esplêndida iniciativa, sugestivamente intitulada “Dissecando a Vida”.
Poucas publicações haverá em nossa língua portuguesa que reúnam as qualidades desta obra, onde se aliam os pensamentos de alguns dos mais significativos filósofos, teólogos e astrônomos, apresentados com rigor, imparcialidade e objetividade, buscando o maior valor da existência humana, a vida, pois, no dizer do autor, estes dois termos podem ser aceitos como sinônimos.
Expõe, com firmeza, a teoria mais aceita da expansão do Universo, iniciada com a “a grande explosão” – Big Bang –, e a existência, entre as bilhões de estrelas, da Via-Láctea, a qual podemos considerar o nosso Universo, porque nela se encontra o Sol e seus planetas, formando o Sistema Solar. Com isto, vai mais longe, explicando, com largo conhecimento, o aparecimento da vida em nosso planeta, esse raríssimo acontecimento somente possível devido a inúmeros fatores favoráveis. Deixa de lado a impossibilidade de vida não só em nossa galáxia, como também entre as bilhões no imenso Universo. Descreve a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin até o aparecimento do atual “homo sapiens”.
Afirma, com convicção, que a vida humana é o ápice da criação e perfeição, provando que o ser humano é único e irrepetível, diferente um do outro por mais que se queira provar o contrário, pois jamais haverá um ser igual ao outro. O autor é um, o apresentador é outro, pois nunca poder-se-á admitir que a individualidade de um ser continuará existindo noutro, na “colossal saga da história do Universo”.
Fala da vida humana, desde a fase fetal, e fez-me pensar, com raro senso de observação, lógico e plausível, que “não somos os mesmos que éramos um segundo atrás”. Vai além, explicando que o ser humano é pessoa, ou seja, dotado de corpo e espírito. Encara em todo seu texto o valor incomensurável da vida, até a grandeza infinita do Criador.
Porém, já o disse, e repito: vejo em Helio Begliomini um homem de inúmeras facetas culturais, desde o médico cioso em lidar com a vida humana, até o filósofo, sociólogo e historiador, esta última tríade rara nos dias de hoje, onde o Humanismo está sendo desprezado em favor de um materialismo ganancioso e contínuo pela ambição ilimitada, derrubando com simplicidade e indiferença as barreiras da moral, de um mundo controvertido.
Portanto, bem haja esta feliz iniciativa de um Helio Begliomini, homem raro nos dias de hoje, na certeza de que, sem cessar, continue no aprimorando de si mesmo!
Douglas Michalany*
*Bacharel em direito e em ciências sociais e políticas. Professor, escritor, historiador, geógrafo, conferencista e advogado militante. Esportista de longa data. Quando jovem foi campeão paulista e brasileiro de natação e de pólo-aquático; nadador de provas de longa distância e campeão brasileiro de natação “master”.
É autor e co-autor de mais de 40 obras publicadas, em mais de 70 volumes, opúsculos e murais pedagógicos, destacando-se dentre elas: “São Paulo no Limiar do seu Quinto Século” (1955); “A Grande Enciclopédia da Vida” (1963); “Universo e Humanidade” (1963); “História das Américas” (1966); “História das Guerras Mundiais” (1969 – 1o prêmio da X Bienal Internacional de São Paulo); “Novo Atlas Geográfico Mundial” (1981, atualmente na 54a edição); “Atlas Histórico, Geográfico e Cívico do Brasil” (1984, atualmente na 25a edição); “Mural: Governantes do Brasil Independente” (1984, atualmente na16a edição); “Sermão da Montanha” (1984); “Meu Livro de Natal” (1987 – menção honrosa do prêmio literário José Ermírio de Moraes); e em edições sucessivas “Atlas Enciclopédico Internacional”; “Atlas Enciclopédico Brasileiro”; “Grandes Datas Nacionais” e “Visões do Século 21”.
Pertence às seguintes entidades: Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; Academia Cristã de Letras; Academia Piracicabana de Letras; Academia Hispano-Brasileira de Ciências, Artes e Letras; Academia Lusíada de Ciências, Letras e Artes; Academia Paulista de História; União Brasileira de Escritores; Instituto Genealógico Brasileiro; P.E.N. Centre de São Paulo; Associação dos Cavaleiros de São Paulo; Clube dos Estados e Clube dos 21 Irmãos-Amigos;
Recebeu mais de 30 comendas, diplomas e honrarias de diversas entidades culturais. Presidiu o Rotary Club São Paulo – Sudeste (1982-1983) e a Academia Paulista de História, tornando-se presidente emérito. Recebeu o prêmio Ateneu Rotário de História, do Rotary Club São Paulo Centro, como personalidade do ano de 1998.
Prefácio II: Carlos José Benatti
Helio foi muito iluminado ao destacar as distorções em relação ao conceito de pré-embrião e sobre o abortamento, temas delicados e de grande atualidade. Trata-se de uma obra de grande densidade pedagógica. Qualquer dicionário registra milhões de conceitos em relação à vida, e o autor conseguiu caracterizar bem o seu início, seu significado e sua evolução até chegarmos ao Homo sapiens.
Explica claramente como a vida veio de um ácido e como a autoclonagem dele e a criação de um outro ácido, funcionando como um grande banco de dados genéticos, permitiram a origem e o desenvolvimento da vida em todas as suas formas.
O livro se baseia em excelentes documentações. Dá um foco especial na origem da civilização na Suméria, com a expansão da escrita, das construções e da linguagem fonética. Grande destaque filosófico é a questão da vida como impossibilidade matemática... de como 100 trilhões de células de cada individuo só faz sentido com a presença da alma... destaca a vida como fato único e irrepetível e expõe sua veia literária ao citar um fantástico haicai: “um dia a mais é rigidamente um dia a menos”...: Faz densas incursões na questão do aborto e dos mal-formados com a citação de Sêneca: “a lei permite muita coisa que a honra condena... ”.
Toda saga humana foi visceralmente dissecada pelo afiado bisturi mental de Helio Begliomini e, ao final da obra, nos deixa impactados com a frase: “a vida é um dote exponencialmente inestimável, imerecido e incompreensível ... ”.
Ao final do livro me veio à mente a frase de Kierkegaard... “a vida só pode ser compreendida olhando-se para trás e só pode ser vivida olhando-se para frente... ”.
Enfim, um trabalho maravilhoso, digno de leitura, reflexão e estudo... extremamente instigante e inspirador.
Carlos José Benatti[*]
[*] Médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, em 1969, com residência em ginecologia na mesma instituição. Possui título de especialista pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e título de qualificação em ultra-sonografia e endoscopia ginecológica. Foi diretor e fundador da maternidade do Hospital Santa Catarina e diretor clínico da mesma instituição. Foi também conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Atualmente é diretor médico da Clínica Benatti e conselheiro vitalício do Hospital Santa Catarina. É membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores. Tem 10 livros publicados de literatura.