Escrever um prefácio é uma tarefa difícil, mas um prefácio de uma obra de Helio Begliomini é uma tarefa de Hércules, tal a maneira com que ele se diverte ao distribuir palavras em parágrafos irretocáveis. “Entrelinhas” é como um calendário, onde cada texto é como um dia, apenas um, único, diferente do que o precede e pronto para ser diferente do seguinte. Dias maravilhosos deveriam ser revividos, mas são únicos. No entanto, “Entrelinhas” é maior do que isso. Podemos reler cada página encontrando novos sentidos, novos significados escondidos entre as suas linhas, podemos reviver cada fato como se lá estivéssemos presentes no instante em que ocorreram.
A coletânea se torna um álbum de fotografias, tal o estilo claro, limpo, objetivo e exato da pena de Helio Begliomini. Como se ao final de cada texto pudéssemos exclamar: “Eu estava ali, vendo, ouvindo, sorvendo aqueles momentos!”.
Cada biografia nos apresentava uma pessoa ilustre, merecedora de estar ali naquelas páginas, que nos era apresentada e nos cumprimentava com um misto de amizade e simpatia, pessoas que jamais sairão de nossos pensamentos. Helio as coloca em nossa vida com suas letras irreprimíveis.
Cada fato narrado nos coloca no centro do palco da vida descrita nas suas páginas: somos parte integrante do livro, participando, tecendo a trama, conhecendo novos personagens reais, cujas presenças nos tocam a alma e o coração.
Ao pedir que eu escrevesse este prefácio, convite que muito me honrou, Helio me apresentou pessoas, me fez assistir discursos, apresentou-me a Academias, à Sociedade de Urologia, ao Rotary, fez-me conhecedor de médicos, escritores, fez-me ouvir discurso de tese. Apresentou-me um grande ex-presidente da República do Brasil, o querido Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, pelas palavras em sua biografia. Tudo isso sem que eu saísse do conforto de minha poltrona, apenas lendo (e relendo) “Entrelinhas”.
Helio Begliomini apresenta sua família a todos os que se aventurarem nesta deliciosa leitura, de modo tal a nos tornar todos íntimos, todos de uma única família abraçada pela leitura, como se estivéssemos numa sala de jantar trocando uma deliciosa conversa.
Assim será a leitura deste livro. “Entrelinhas” tem esse poder de nos cativar, da primeira à última página, sem que seja necessário sairmos de nossa zona de conforto. “Entrelinhas” nos deixa uma dúvida: será que daqui a trinta ou cinquenta anos haverá alguém para relatar nossa vida, nossos feitos, nossas lutas, com essa mesma ousadia e perfeição?
[1] Roberto Antonio Aniche nasceu em 15 de outubro de 1954. Graduado em 1985 pela Escola Paulista de Medicina (EPM), hoje, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fez residência em ortopedia e traumatologia no Complexo Hospitalar do Mandaqui; especialização em higiene e saúde pública pela Universidade de Ribeirão Preto e pós-graduação em medicina ocupacional pela Universidade Estácio de Sá.
É diretor clínico da Clínica Médica Vila Guilhermina Ltda. e membro das seguintes entidades: Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Estado de São Paulo; Sociedade Philatélica Paulista, Clube Filatélico do Brasil (RJ) e Sociedade Filatélica e Numismática de Brasília. Recebeu diversas premiações literárias em contos e poesias.