Helio Begliomini
História e Documentário
Expressão & Arte Gráfica, São Paulo – 2007,
207 páginas.
Prêmio Clio de História – 30ª edição (2007) da Academia Paulistana da História.
Prefácio I: Afiz Sadi
Logo após sua diplomação em medicina o Begliomini embrenhou-se pela Urologia e, nos primórdios, ficou sendo conhecido como um excelente profissional, com publicações de trabalhos muito bem elaborados, expostos em revistas da especialidade e afins.
Conheci-o pessoalmente, por acaso, num ônibus, durante um congresso de Urologia em Belém do Pará, no longínquo 1985. A partir de então, observava-o com mais cuidado nas suas manifestações profissionais e literárias. Aceitei-o em seguida na minha disciplina da Escola Paulista de Medicina para seu curso de Pós-Graduação, pois, como havia previsto, apresentou excelente curriculum para um principiante da arte médica. Mais tarde, colaborou intensamente nos jornais urológicos do país e permaneceu longos anos na Chefia do Departamento de Ética Médica da Sociedade Brasileira de Urologia.
Quando a Academia Cristã de Letras abriu a vaga de no 10, apresentei o nome de Helio Begliomini para disputá-la porque confiava nos seus escritos, na sua desenvoltura, no seu trabalho, na sua ética, na sua honestidade e no seu relacionamento humano. Em nome do Sodalício fiz em sua posse, em 23 de março de 2000, o discurso protocolar de acordo com as exigências regulamentares. Logo em seguida, Helio Begliomini assume o cargo de 1o Tesoureiro da Instituição e assim permanece, até esta data, com eficiência inaudita. Begliomini é excelente escritor, possui um vocabulário sui generis da língua portuguesa; é loquaz com seus escritos; é humano, companheiro para todas as horas, fino, elegante e respeitador.
Pesquisador indomável, perquiridor audaz, detentor de prêmios literários e com uma bagagem, hoje invejável, escreveu trabalhos vários. É de sua lavra entre outras obras os livros Sobrames; Pelo Avesso; Juscelino Kubitschek de Oliveira e outros. Agora surge com este volume fantástico sobre a “História da Academia Cristã de Letras – Tributo aos Seus Quarenta Anos”.
(...) Begliomini lança este trabalho como homenagem aos 40 anos de vida da instituição e ele enobrece-a como a todos os seus membros passados, atuais e futuros.
Creio que o memorial feito pelo Begliomini à Academia Cristã de Letras será um marco indelével tributado aos seus quarenta anos, e será divisório usado por todo aquele que no futuro venha escrever algo sobre a Academia Cristã de Letras vivida, antes por Begliomini, será sempre revivida depois de Begliomini.
É com grande orgulho e honra para esse humilde acadêmico dizer algumas palavras ao amigo, admirado colega e escritor Helio Begliomini.
Afiz Sadi *
* Fez doutoramento e livre-docência em 1955, na Escola Paulista de Medicina, hoje, Universidade Federal de São Paulo – Unifesp. Foi professor titular de urologia da Unifesp (1964 -1994); da Faculdade de Ciências Médicas de Santos (1967-1974) e paraninfo de sua 1o turma, em 1972. Foi também professor titular de urologia Faculdade de Medicina do ABC (1972-1976), e diretor dessa escola de 1973-1974.
Foi fundador da Residência Médica, em 1962, da Escola Paulista de Medicina, e da Pós-Graduação em urologia, em 1975. Presidiu a Comissão de Ética Médica e Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) nacional (1976-1977) e a seccional de São Paulo da SBU (1986-1987).
Foi presidente da Academia Cristã de Letras por dois mandatos (1988-1989 e 1990-1991). Ocupa a cadeira no 40 desse sodalício, sendo seu patrono Gibran Kalil Gibran.
É membro honorário das Academias de Medicina de São Paulo, de Minas Gerais e Nacional, sediada no Rio de Janeiro. É membro emérito da Academia de Medicina de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Urologia.
Dentre suas 40 comendas recebidas, destacam-se: medalha da Marinha Brasileira e da Independência da República Árabe Síria; Gran Cruz de mérito nacional; menções honrosas em poesias; da Câmara Municipal de São Paulo e medalha Anchieta da Assembléia Legislativa de São Paulo. É autor de 10 livros de urologia e 10 livros de poesia e prosa.
Prefácio II: Adolfo Lemes Gilioli - A Academia e sua História
Uma coletânea de quem estudou a realidade nua e crua de algumas fases da Academia Cristã de Letras – ACL é o que nos traz este oportuno livro que Helio Begliomini acaba de lançar. Renomado médico de alma nobre, inteligência generosa e incansável em suas análises agudas e em sua produção literária, Helio não só abrilhantou os meus dois mandatos como presidente da Academia, como também se destacou na função de tesoureiro assaz zeloso.
Logo que assumiu o cargo de Diretor, percebeu que o tempo e o abandono estavam diluindo e consumindo o que restava da história da Academia. Atento aos acontecimentos, resolveu pesquisar e buscar as razões dos nebulosos e tristes altos e baixos constantes de sua história. O conhecimento é o resultado de um processo; a proposta do autor é que os acadêmicos e acadêmicas procurem, acima de tudo e despojados de paixões, refletir sobre a magnificência desta nobilíssima Instituição fundada em 14 de abril de 1967.
Sem dúvida, a crueza de certas narrações tem impacto chocante. Helio, pródigo pesquisador, se esforça não só em registrar o passado da ACL, mas principalmente por querer decifrá-lo. O livro apresenta enfoques contagiantes, mostrando encantos e desencantos no curso dessa história.
À guisa de colaboração peço vênia ao ilustre e diligente biógrafo para sugerir que, ao escrever sobre a alma da Academia Cristã de Letras, não deixasse de focalizar a atuação do confrade que mais conhece a trajetória seguida por ela durantes estes quarenta anos de vida; diríamos melhor, o acadêmico que tem uma visão da entidade como um todo. Confrade íntegro e competente, que jamais a abandonou, aquele que mais fez e faz por ela: refiro-me ao nobilíssimo intelectual Mestre dos Mestres Afiz Sadi. Se os meus dois mandatos tiveram algum brilho ou êxito devo-os à colaboração prestada por este ilustre acadêmico. Basta folhear os documentos comprobatórios e, em todos eles, vamos encontrar o dedo, ou a palavra, ou a presença do extraordinário Afiz Sadi.
O preclaro escritor Helio também nos pede para que, de relance, acrescentemos no nosso prefácio algo sobre o esplendor da solenidade comemorativa dos trinta e oito anos da Academia. Naquela ocasião asseveramos que estes dias sombrios, deprimentes e agressivos em que vivemos, dias impregnados de violência, impunidade, injustiça e desesperança, tornavam a vida ainda mais penosa, desnorteando as pessoas, deixando-as sem saber o que pensar, completamente absorvidas em descobrir meios para sobreviver. É justamente quando a cultura, aliada à espiritualidade e à confraternização, torna-se sumamente necessária e inspiradora, conclamando a presença dos ensinamentos do Mestre da Galiléia. Eis que a cidadania encurralada tem então onde respirar, tem a Academia Cristã de Letras onde o civismo, os escrúpulos religiosos, a amizade cristalina e a palestra inteligente são uma constante, e, principalmente, onde o propósito é o de conferir grandeza e qualidade ao debate sobre as questões da realidade brasileira. Os feitos da nossa Academia têm refletido o brilho cultural e a excelência de vida que a maioria de seus membros proporciona à família, aos estudos e à causa pública, numa conduta pautada pela busca da superação cotidiana. Os problemas que a atual Diretoria conseguiu sanar e as inúmeras dificuldades enfrentadas e vencidas concorreram para o seu crescimento, consolidação e realização de alguns de nossos sonhos. É importante frisar que hoje a nossa carismática Academia Cristã de Letras possui todas as virtudes de um maravilhoso oásis incrustado nesta ciclópica Capital de São Paulo. Este aconchegante oásis tem ensejado momentos inesquecíveis de harmonia e confraternização. Suas reuniões têm versado sobre a felicidade, a vida, o universo, a solidariedade, buscando a superação dos obstáculos, a defesa e a valorização dos princípios cristãos.
Um dos significativos presentes que a Academia Cristã de Letras recebeu na data festiva do seu 38º aniversário foi o carinho e a especial deferência vinda deste famoso monumento de cultura e de relevantes serviços diligentemente executados em prol da integração social de milhares de estudantes, qual seja o magnífico Centro de Integração Empresa Escola – CIEE, sabiamente administrado por um grupo de intelectuais de escol, dentre os quais destacamos Paulo Nathanael Pereira de Souza, Luiz Gonzaga Bertelli e Yvonne Capuano, todos acadêmicos vitalícios da Academia Cristã de Letras.
Adolfo Lemes Gilioli[*]
[*]É engenheiro químico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Jornalista pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero. Perito em criminalística pela Escola de Polícia da USP. Major da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro. Professor de matemática, física, química e desenho geométrico em várias escolas e faculdades de renome. Diretor do Instituto Kennedy de Educação – MEC.
Fundou e presidiu o Instituto Cultural Universitário – A Tocha. Por mais de duas décadas manteve a coluna semanal “Universidade”, na Folha da Tarde da Folha de São Paulo. Fundou o jornal “O Politécnico”, hoje, com sessenta e dois anos, e a revista de Engenharia Química, assim como vários outros jornais.
É Grande Inspetor Geral (GR 33) do Ilustre Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito. Fundou a Academia de Filósofos “Fraternidade Estrela do Sul”. Dos livros de sua autoria destacam-se “Liderança e Oratória”, “Academias e Discursos Acadêmicos”, “Código de Ética do Perito Criminal”, “O Despontar da Fraternidade Estrela do Sul”, “Cidadania Encurralada”, “Ética Jornalística” e “Idéias e Lutas”.
É detentor de várias comendas, medalhas e prêmios literários, entre eles salientam-se as medalhas Estrela da Distinção Maçônica, Cruz da Perfeição Maçônica, “Ialense do Século XX” (Lins-SP) e “Maçon do Século XX”. É membro da Associação Paulista de Imprensa – API, desde 1942, presidindo-a em 1998. Presidiu também a Academia Cristã de Letras por dois mandatos (2002-2003 e 2004-2005).
Prefácio III: Paulo Nathanael Pereira de Souza
1 – Doutor Helio Begliomini é um desses confrades ilustres que integram a Academia Cristã de Letras, não apenas como escritor de sucesso, mas também como alguém que, perdido de amor pela causa abraçada, presta à instituição serviços inestimáveis, como é o caso da organização dessa História da ACL, que lhe deve ter dado muito trabalho, mas que nos vai dar imensas alegrias.
Nas pesquisas que empreendeu para garimpar documentos, textos, fotos e o que mais seja de importância para o seu propósito de criar uma obra de referência sobre a academia – suas origens, propósitos, valores de embasamento, estrutura organizacional, personalidades associadas, dirigentes, etc., deve ter sofrido muito, eis que se vive no Brasil uma cultura antimemória, em que pouco se guarda sobre realizações havidas, e quando eventualmente se o faz, é sempre com aquele empirismo anárquico, sem as luzes da ciência da arquivística, uma prática, aliás, conducente mais à perda, do que à preservação catalogada das informações. Haja vista o tormento dos historiadores que, à míngua de documentos essenciais da historiografia pátria, têm que recorrer, de preferência, às fontes secundárias – e por isso mesmo precárias – dos textos daqueles que, documentalmente ou fantasiosamente, já escreveram sobre os fatos objeto de análise. No caso presente, prevaleceram as fontes primárias ainda que reduzidas, por engenho e arte do dr. Helio Begliomini e sua incansável disposição de chegar ao fim de seus projetos.
2 – Com este seu “Tributo aos 40 anos da ACL” construiu ele um armorial, que documenta, exalta e confere nobreza a esta Academia, que honra São Paulo, mercê do qualificado quadro de escritores que abriga. Chega em boa hora o livro do dr. Helio eis que, ter história, na vida das instituições, é como ser batizado, na vida de um cristão, quem não a tem ou não o é nunca será devidamente respeitado. No meu modo de ver, instituições sem passado jamais alcançam a fidalguia.
Bem haja o Autor desta obra, por sua oportuna iniciativa, que se vem somar a uma rica e qualificada bibliografia, que, a partir sempre de um tema ligado à medicina – médico ilustre que é o escritor – alcança territórios outros do espectro cultural, sempre referenciados por suas preocupações científicas, éticas e humanísticas. É o que ocorre com a biografia que fez do também médico Juscelino Kubitscheck ou com este verdadeiro tratado da bioética intitulado “Urologia, Vida e Ética”, a mais recente das suas produções. Isso sem falar de suas crônicas e ensaios, onde se avalia a extensa e profunda interdisciplinaridade em que se fundamenta sua admirável formação cultural (Contraponto, Alvíssaras, Mistura Fina, Pelo Avesso, entre outros livros de marcante sucesso).
Saúdo, pois, o aparecimento deste “Tributo” ao quadragésimo aniversário da Academia Cristã de Letras, como uma rara contribuição à vida e à exaltação do nosso sodalício, que, de ano a ano, vem firmando sua benéfica presença no panorama intelectual de São Paulo e do Brasil.
Paulo Nathanael Pereira de Souza[*]
[*]Graduado em economia e administração e doutor em educação. Professor universitário nas áreas de economia, história e educação.
Foi membro dos Conselhos Estadual (SP) e Federal de Educação, sendo presidente deste. Foi secretário municipal de Educação e Cultura de São Paulo (1971-1974); reitor da Universidade São Marcos, diretor executivo da Fundação CENAFOR, ligada à OIT, e superintendente da Bienal de São Paulo.
Possui numerosas condecorações nacionais e internacionais, com destaque para a Legião de Honra e a Ordem Nacional do Mérito, da França.
É consultor especializado em assuntos universitários. Preside atualmente o conselho diretor do CIEE Nacional e do conselho de administração do CIEE/SP, além de reitor da Universidade Corporativa do SCIESP – UNISciesp.
É autor de diversas obras sobre educação e membro titular das Academias Paulista de Educação, Paulista de História, Cristã de Letras – atual presidente –, e de diversas outras organizações.