O vinho sabe como atiçar de prazeres o coração.
Ainda que, subindo à cabeça transporte a alma aos céus
E, qual o ópio, nos permite revoar através de sonhos
Que chegam pelo desvairo da embriaguez... sem véus.
Sonhos, aliás, que nos trazem, da eternidade, o frenesi
Que germina do furacão de um inusitado amor
Que chega juntamente com os efeitos da bebida.
Momento em que alçamos voos pelas asas etílicas do torpor.
Com uma simples, mas envolvente taça – seja de tinto ou rosê -,
Mergulhamos num revolto mar de brasas e ardores,
Onde, luares de cores luminescentes... extravagantes,
Irão colorir os sonhos repletos de castos primores.
Velas soltas, indômitas, velejando mar aberto,
Levam, através dos ventos, fluidas cantilenas brumosas
Às messes sonolentas de uma desfigurada fantasia
Que se evapora qual a magia de um sonho cor-de-rosa.