Prêmio Bernardo de Oliveira Martins 2019 – Melhor Poesia da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores SOBRAMES SP
Às vezes quando escrevo
eu escuto um eco.
Ora forte como bichos em fuga,
ora tênue como um canto tristonho.
Não vem do abismo no meio da rua
nem da montanha que encontro em sonhos.
Quando o mar sem ondas conhece
o silêncio de ser vespertino,
é aí que ele, de novo, aparece,
despontando, não sei, de qual ninho.
Então eu escrevo, lavro palavras,
recrio um mundo, colho ilusões.
Diário de dúvidas, riscos, erratas,
parágrafos plenos de indagações.
Eu pergunto e Deus... ou não responde
ou sou eu que não entendo os sinais.
Mas o eco, de certo, sempre me ouve
desde o tempo em que existiam quintais.
As palavras ecoam alentos... lentos...
Eu escrevo e a dor descompassa... passa...
pois escuto ao findar o chamado
és amado... amado... amado...