A rádio tocava a canção de Jobim
a as águas de março fechavam o verão.
As nuvens escuras na Vila Itaim
previam mais chuva com raio e trovão.
Mas o que se viu foi atroz, um tormento
com árvores caídas, rompendo os fios.
Faróis apagados... Trânsito lento...
As ruas bem mais pareciam com rios.
Atônita, inerte, uma jovem senhora,
estática estava, desfeita a esperança.
No escuro a ajuda ainda demora,
restando o abraço de suas crianças.
O lar era agora uma casa alagada
com todos os poucos pertences boiando.
E a mãe com três filhas, de novo, sem nada.
Na laje, isoladas, olhavam os danos.
Em vez de Jobim, outros versos: Djavan.
E os olhos vermelhos de tanto chorar
sentiam a angústia, impotente manhã,
de morrer de sede em frente ao mar.