1817-2017
Por Maria Cecília Naclério Homem2
(sócia titular do IHGSP e ocupa a Cadeira nº 25 da Academia Cristã de Letras)
RESUMO
A Fazenda Morro Azul, situada em Iracemápolis, SP, possui valor histórico e artístico. Sua atual sede, concluída em 1877, no estilo eclético, é considerada das mais requintadas dessa rica região. O Imperador D. Pedro II visitou-a por duas vezes, em 1876 e 1886. No século XX, o Mal Rondon, Santos Dumont e, em especial os intelectuais e artistas modernistas, além de escritores franceses. Em 1914, seu terceiro proprietário, Luiz Bueno de Miranda, identificou, entre as palmeiras que a cercam, a Torre Eiffel Sideral, desenhada por dez estrelas. A Fazenda Morro Azul foi cantada em prosa e versos, em francês e em português.
IMPERIAL FARM “MORRO AZUL: TRADITION AND AVANT-GARDE"
1817-2017
By Maria Cecília Naclério Homem
(Full membership of the Historic and Geographic Institute of São Paulo (IHGSP))
ABSTRACT
Morro Azul Farm, located in Iracemápolis, São Paulo, has historical and artistic importance. Its current farmhouse, concluded in 1877, in eclectic style, is considered as one of the most exquisite in that rich region. Emperor D. Pedro II visited it twice, in 1876 and 1886. In the 20th Century, Marshall Rondon, Santos Dumont, etc., especially modernist artists and intellectuals, as well as French writers have visited it. In 1914, its third proprietor, Luíz Bueno de Miranda, identified, among the palm trees that surround the farmhouse, the Sidereal Eiffel Tower, drawn by ten stars. Morro Azul Farm has been sung in verse and prose, both in French and Portuguese.
Key words: farm, writers, artists, modernists, paulistas (São Paulo State inhabitants), French people.
1 - Postal da Fazenda Morro Azul, situada em Iracemápolis, SP, adaptado pela artista plástica Beatriz Bueno de Miranda R. V. de Azevedo, com base no antigo cartão de visitas de um dos proprietários da fazenda, Luiz Bueno de Miranda, impresso em Paris.
“Passarinhos
Na casa que ainda espera o Imperador
As antenas palmeiras escutam Buenos Aires
Pelo telefone sem fios
Pedaços de céu nos campos
Ladrilhos no céu
O ar sem veneno
O fazendeiro na rede
E a Torre Eiffel noturna e sideral”
Oswald de Andrade: Pau Brasil, poesia, 1925
2 - Sede da Fazenda Morro Azul: fachada social. Foto MCNHomem, por ocasião do colóquio Internacional realizado na USP: “A Utupialândia de Blaise Cendrars”, ag. 1997, cujos participantes foram recepcionados na Fazenda.
Podemos dizer que a Fazenda Morro Azul, no que se refere à sua concepção espacial, tanto com respeito à sua função agrícola quanto de moradia, traz em seu bojo elementos da tradição e das vanguardas paulistas, quer agrárias quer culturais, considerando-se as diversas épocas que atravessou ao longo de seus duzentos anos de vida: Império, República, Modernismo, crises de 1929-1930, até nossos dias. Trata-se de um importante documento de nossa História econômica e cultural, história essa quase inverossímil, onde ficou gravada a grande afinidade existente entre o Brasil e a França.
Situada no atual Município de Iracemápolis que, até 1953, fazia parte da Comarca de Limeira, a Fazenda Morro Azul - morro que, ao longe, é verdadeiramente azul - insere-se na sempre rica e próspera zona Oeste do estado de São Paulo. A atual casa sede da Fazenda é considerada uma das mais luxuosas e requintadas dessa região compreendida entre Jundiaí, Itu, Porto Feliz, Campinas, Mogi Mirim, Piracicaba, etc. cuja prosperidade começou ainda em finais do século XVIII, graças à produção do açúcar, seguida pela do café, depois, da laranja, e novamente, do açúcar e do café.
3 - Fazenda Morro Azul, na antiga Comarca de Limeira, SP: no centro, a casa sede concluída em 1877, por iniciativa de Silvério Rodrigues Jordão, e, à direita, o antigo solar do Brigadeiro Jordão. Foto de Guilherme Gaensly, 1895, reproduzida pela fotógrafa Renata Carvalhaes C.R. Faustino, 2016, do álbum digital pertencente à família Jordão.
A partir de 1769, quando teve início a escassez do ouro das minas, concomitante ao desaparecimento do grande interesse pela preação dos índios, a exploração agrícola passou a ser intensa na região de Piracicaba, antiga Vila Nova da Constituição. O povoamento começa pelo processo das sesmarias cuja exploração se baseou, principalmente, na mão de obra escrava. As terras férteis atraíram também rendeiros, posseiros e empregados rurais.3 A Fazenda Morro Azul procede da sesmaria do mesmo nome (envolvendo o Ibicaba), outorgada em 13 de janeiro de 1817, por D. João VI, a Joaquim Galvão de França, José Galvão de França e Manoel de Barros Ferraz, tendo “légua e meia em quadra na freguesia de Piracicaba, na cabeceira do ribeirão Pinhal, fazendo pião no cume do lugar denominado Morro Azul”. Foi a sesmaria mais importante e de maior significado para o desenvolvimento de Limeira, devido à qualidade das terras, à produtividade e ao desenvolvimento populacional do Município.4 Dela, provêm, ainda, as Fazendas Ibicaba, Paraguassu, Paramirim e Laranja Azeda ou Santa Gertrudes. Cada engenho, fazenda ou sítio possuía seu caminho particular mais ou menos precário, interligando a propriedade com as vilas de Constituição (Piracicaba), Mogi Mirim e São Carlos (Campinas)5.
4 – Fazenda Morro Azul: casas da colônia, com portas e janelas em arco, influência do neoclássico, e diversos trabalhadores, vendo-se o capataz em frente à primeira. Foto Guilherme Gaensly, 1895, reprodução da fotógrafa Renata Carvalhaes C.R. Faustino, 2016, do álbum digital pertencente à família Jordão.
Os engenhos do Ibicaba, Morro Azul, Geada e Cascalho tinham grande produção de açúcar, enviado ao exterior pelo porto de Santos e transportado por tropas de mulas. Para tanto, fazia-se necessária uma estrada via Campinas, direta para a capital. O capitão-general João Carlos Augusto de Oeynhausen Gravenburg (1776-1838), último capitão-general e governador de São Paulo, autorizou, em 1820, a abertura de uma nova estrada que ia de Jundiaí a Campinas e desta ao Morro Azul, por onde já passava a estrada de Piracicaba para São João do Rio Claro. Essa iniciativa, concretizada em 1823, realizou-se com a cooperação dos proprietários lindeiros, que cediam seus escravos para atender à notificação do governo.
Entre os primeiros povoadores daquelas terras, citam-se Manoel Rodrigues Jordão, proprietário do Morro Azul, por volta de 1820, assessorado por Antônio José da Silva (Gordo), também juiz de paz, que administrou esse engenho a partir de 1821; Nicolau de Campos Vergueiro, no Ibicaba; Antônio Ferraz de Campos, no Cascalho; João Antônio da Silva e Joaquim Antônio da Silva; Bento Manoel de Barros e o capitão Manoel Ferraz de Campos, nas encostas do Morro Azul; José da Cunha Maciel, na Geada; José Joaquim de S. Paio (sic), na Lagoa Nova; e o capitão Manoel da Cunha Bastos, no Tatu e na Lagoa Nova6.
No recenseamento de 1822, realizado em Constituição, aparece o Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão como proprietário da Fazenda Morro Azul e possuidor de 64 escravos, o qual teria disponibilizado 20 trabalhadores para a construção da referida estrada. Comerciante e agricultor, o Brigadeiro, filho do homônimo: Tenente Manoel Rodrigues Jordão era natural de São Paulo, onde nasceu em 1781. Foi dono de uma das maiores fortunas de sua época, a ponto de suprir os cofres públicos em algumas de suas necessidades. O Brigadeiro possuía um total de dez fazendas. Além da Morro Azul, o Engenho de Nossa Senhora do Rosário, em Itu, o Retiro Dois Corações, as Fazendas Benfica e Paiol, em Itapetininga, tendo doado parte das terras desta última (112,5 alqueires) para a construção da cidade de Tatuí; a Fazenda Paraíso, em Piracicaba; a Laranja Azeda ou Santa Gertrudes, em Rio Claro; as Fazendas Ribeirão Santo Antônio, em Areias; Fazenda Bonfim, em Caçapava e Taubaté; Fazenda Felipe, em Pindamonhangaba e a Fazenda Natal, grande propriedade agrícola, no local denominado Baú, o que ligou seu nome à estância de Campos do Jordão e a São Bento do Sapucaí.
Na capital, o Brigadeiro Jordão residiu num amplo sobrado de taipa, situado no local denominado “Quatro Cantos”, isto é, na Rua Direita (n. 26), esquina com a Rua de São Bento, depois transformado no Hotel Maragliano e no Hotel de França. Gozava de muito prestígio. Ele e seu sobrinho Antônio da Silva Prado, futuro Barão de Iguape, hospedaram o príncipe D. Pedro quando de sua vinda a São Paulo, em agosto de 1822. Foi nas terras da Fazenda das Palmeiras, no Ipiranga, pertencentes ao Brigadeiro Jordão, que se deu a Proclamação da Independência, no dia 7 de setembro de 1822, episódio no qual figura ao lado de D. Pedro, no famoso quadro alusivo àquela, realizado pelo pintor Pedro Américo7.
Como político, o Brigadeiro Jordão também exerceu muita influência, na capital, em Jundiaí e Itu, e prestou grandes serviços ao país. Com Martim Francisco, liberal, foi contra o movimento de cunho conservador, conhecido como a Bernarda de Francisco Inácio de Souza Queirós. Deputado do Comércio, foi o último Morgado de São Paulo, título hereditário, extinto por lei portuguesa, em 1821. Foi membro do governo provisório da Província, aclamado pelo povo em 23 de junho de 1821, e do Conselho do Governo, eleito para a primeira legislatura. Designado por José Bonifácio, redigiu as “Instruções” que os deputados paulistas levaram às cortes de Lisboa, em 1821, cujo primeiro grupo lá chegou, a 11 de fevereiro de 18228.
Ao falecer, em 1827, deixou quatro filhos de seu casamento com D. Gertrudes de Oliveira Lacerda, filha do Brigadeiro José Pedro de Moura Lacerda, contraído em 1820. Seu último filho, Silvério Rodrigues Jordão (1826–1882), herdou a Fazenda Morro Azul, tendo ficado com a parte onde se encontra a atual sede. Calcula-se que o herdeiro tivesse apenas oito meses de vida quando o pai faleceu.
Silvério Rodrigues Jordão casou-se em São Paulo em 1850, com Maria Benedita Cananea, filha do Major Joaquim de Souza Guimarães Cananea e de Francisca Carolina Gomes de Almeida (Registro de Casamentos da Sé, livro 5, fls. 79), com quem teve quinze filhos. Dez anos antes, Silvério já iniciara com sucesso a plantação de café na fazenda Morro Azul, em substituição à cana de açúcar. Valia-se da mão de obra dos imigrantes europeus que residiam na colônia que fizera construir. Bem sucedido, tornou-se pessoa influente em Limeira, tendo sido eleito chefe do partido liberal do município e da zona subsidiária.
Em 1870, foram desmembradas duas áreas da fazenda que deram origem às fazendas Quilombo e Iracema. A sede da fazenda foi erguida posteriormente por Silvério, em homenagem à sua esposa. Não se sabe o ano do início da sua edificação, que terminou em 1877, conforme ele fez gravar numa placa de mármore na entrada, onde a oferece à sua mulher. Esse momento coincidia com a ida da maioria dos fazendeiros e dos comissários de café para as cidades, de preferência para a capital paulista, onde começariam a edificar seus palacetes em meio a jardins, afastados das divisas dos lotes.
Tanto a arquitetura quanto o programa das necessidades da casa da Fazenda Morro Azul apresentam uma série de inovações, mas persistem alguns elementos das casas rurais do período colonial. Foi realizada com preocupação estética, em estilo eclético, predominando o neoclássico de gosto fluminense, introduzido pela Missão Artística Francesa, a qual chegara ao Rio de Janeiro em 1816. Em seus vínculos com a corte, a nova sede teria paralelo com as fazendas mais luxuosas do Vale do Paraíba, como a do Secretário, em Vassouras, RJ, construída em 1830, a Resgate, em 1828, e São Luís da Boa Sorte, 1840, ambas em Bananal, SP, embora anteriores à sede da Morro Azul.
5 - Sede da Fazenda Morro Azul: passagem da sala de visitas para a de jantar, vendo-se a porta de um dos dormitórios, indicativa de que a falta de privacidade persistia em muitas residências do Ecletismo, tanto rurais quanto urbanas. Foto MCNHomem, 2001.
Trata-se de uma construção feita em tijolos e com materiais importados: ferro, pinho-de-Riga, mármores, etc. ostentando na fachada, azulejos provenientes de Portugal, Holanda e da Inglaterra, balaústres, além de outros pré-fabricados: portas, bandeiras, vidros, caixilhos, canos, azulejos, calhas, torneiras, lavatórios, sifões, peças sanitárias como banheiras, pias e semicúpios, etc. A sede foi dotada de edículas, com W.C. e banheiras de mármores, e água encanada e corrente nas pias e lavatórios com torneiras douradas. São materiais que se vulgarizaram com a Revolução Industrial, parte foi importada, parte veio das cidades, recebidos, primeiro, em carros de boi, que percorreram 120 km, desde Campinas até o destino, e já, em 1876, pelos trens da Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Nesse período foram introduzidas máquinas de beneficiamento mais modernas, não só nas grandes plantações como também no comércio urbano de grãos, farinhas e açúcar. Os melhoramentos não pararam por aí. Ainda chegariam sistema de esgotos, luz a querosene, a gás e elétrica, telefones, etc.9 A Fazenda Morro Azul seria uma das beneficiadas pelo progresso material.
6 - Sala de jantar da sede da Fazenda Morro Azul, a mais ampla, dominando a composição, e ponto de encontro da família. Mobiliada com cadeiras Thonet, possui janelas com bandeiras no estilo neoclássico, e saída para o pátio dos fundos, ajardinado, voltado para uma gruta de pedra. Foto MCNHomem, de 2001.
A casa, que mede 1200 m2, é assobradada e sua implantação está em desnível, aproveitando-se da topografia irregular, tradição herdada de Portugal, que permitia o porão no subsolo da parte fronteira, a ser utilizado para oficinas, depósito e outras finalidades, e a moradia no térreo, dito andar nobre. Planta retangular, na zona social, com duas alas nos fundos, cujo centro adquire a forma de um bico avançando sobre o pátio interno. O conjunto lembra um pássaro pronto para voar, com toda a probabilidade consoante o gosto do terceiro proprietário o qual, amante dos pássaros, proibia que os colonos, imigrantes, em sua maioria, os caçassem na fazenda. A planta ora apresentada, foi levantada pelo Condephaat, em 1976, na época do tombamento do imóvel.10 Refere-se a uma reforma posterior, realizada por volta de 1911, por Luiz Bueno de Miranda, o qual procurou modernizá-la, veremos adiante.
Palmeiras imperiais emolduram o palacete e complementam seus vínculos com a corte. Segundo os atuais proprietários, foram presente do Imperador D. Pedro II, que visitou a Fazenda por duas vezes, em 1876 e em 1886, quando de passagem para Poços de Caldas, com o objetivo de se tratar com as águas termais por ter contraído malária. Numa dessas ocasiões, doou o sino de bronze da fazenda, que hoje se encontra na Igreja de Nossa Senhora do Brasil, São Paulo, ofertado em 1954, por D. Laura Sá Leite Bueno de Miranda, então proprietária da Morro Azul. O renque de palmeiras que ora margeia a avenida que conduz à atual sede, foi plantado pelo Marechal Rondon que aí esteve em 1920, e foi recebido por Bueno de Miranda. Essa visita deixou forte impressão no Marechal que assim se refere à fazenda:
“... Com a velha aristocracia da riqueza que representou e ainda representa a formação e o desenvolvimento do poder paulista, Morro Azul se mantém erecto (sic), com o seu quasi (sic) meio século de existência, ensombrado pelas esbeltas palmeiras cujas folhagens bem alto contam a beleza da terra brasileira.”11
7 - 1920: Visita do Mal. Cândido Rondon à Fazenda Morro Azul, recepcionado pelo proprietário, Luiz Bueno de Miranda. Os azulejos são amostra de um dos tipos que recobrem a fachada da Fazenda. Fotomontagem de Beatriz Bueno de Miranda R. V. de Azevedo, do Álbum de Família: Beatriz, Eduardo e Fábio, reproduzida por Renata Carvalhaes C. R. Faustino, 2016.
A fachada principal compõe-se de patamares superpostos, cercados por balaústres, cujo corpo central avança, encimado por uma cúpula. A escadaria fronteira conduz ao porão e, em seguida, ao grande patamar do andar nobre, onde um hall, com quatro portas, se situa entre dois terraços. Internamente, a disposição dos cômodos alterou-se. Por influência das casas urbanas,o palacete apresenta uma grande sala de visitas junto à entrada, mas persistem a capela à direita, e escritório ou dormitório de hóspede, à esquerda, conforme a tradição rural. Neste, uma luneta evoca o proprietário que era astrônomo amador, uma mesa antiga que pertenceu ao Regente Feijó, e uma cadeira de balanço. Desaparecem as alcovas, substituídas por uma sucessão de dormitórios e alguns quartos de banhos e banheiro dando para essa sala, todos eles dotados de lavatórios.
A sala de visitas é mobiliada com móveis de palhinha, ao gosto do século XIX: um sofá com três assentos, seis cadeiras e duas poltronas, lustre de cristal e bronze e uma grande vitrine recheada de objetos antigos, porcelanas e cristais. Na parede, sobressai a foto de D. Pedro II com a família, em Poços de Caldas, datada de 1887, evocando sua presença na propriedade.12
8 - Um dos dormitórios da Fazenda Morro Azul, mostrando o lavatório de madeira, com pia de mármore e torneira dourada, modelo do século XIX. Foto MCNHomem, 2001.
A seguir, nos fundos, em posição central, a grande sala de jantar, ampla mesa com cadeiras de madeira entalhadas, tendo como tema algumas das principais cidades italianas e a entrada do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, obra do artista italiano Teodoro Bellucca, radicado em São Paulo. Duas pias de mármore e três janelas e porta voltadas para o pátio dos fundos, ajardinado. Junto à sala, a copa e saídas laterais que conduzem aos dois terraços. A bela porta central abre-se para o pátio ajardinado. Na ala esquerda, despensa, ampla cozinha com fogão a lenha e dois dormitórios. Na direita, uma bateria de dormitórios, dois banheiros, terminando com um apartamento independente, hoje destinado ao caseiro, provavelmente antiga ala utilizada para negócios e para hospedar viajantes. Uma enfilade, isto é, sucessão de portas ordenadas em ângulo reto, com bandeiras ao gosto palladiano, adotado pelos ingleses, senhores do comércio internacional.
Os terreiros não ficavam na frente da residência, como a maioria das fazendas escravistas - que os colocavam na posição dianteira para melhor controlar a mão de obra - mas afastados, substituídos por jardins que se estenderam até os fundos, junto aos serviços, e ao pátio voltado para uma gruta de pedra, também circundada por jardins. Os jardins fronteiros seriam de período posterior, em que a fazenda foi adquirida por Luiz Bueno de Miranda, em 1911. Segundo a atual família proprietária, são de autoria do professor belga Arsène Puttemans (1873-1937), patologista de plantas que lecionou na Escola Politécnica de São Paulo (1903-1910), tendo realizado, entre outros, os projetos dos jardins do Ipiranga, da Várzea do Brás, do Instituto Biológico de São Paulo e do Parque da Escola superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ, Piracicaba.13
Atualmente, podemos ver também, outros símbolos da maçonaria e elementos que evocam a história dos hebreus. Lá se encontram, ainda, os dois pavilhões de banhos, o “do Imperador” e da Imperatriz, D. Tereza Cristina, que eram dotados de torneiras de ouro e servidos por água mineral encanada proveniente das nascentes do Morro Azul. O primeiro, mais preservado, dispõe de W.C., piso e banheira de mármore em bloco único, para uso de Sua Majestade. No segundo, gêmeo do primeiro, havia outra banheira de mármore em bloco único, que teria feito parte do pavilhão destinado à Imperatriz, posteriormente deslocada, ora no centro do pequeno espelho de água, situado abaixo do caminho de entrada, em frente à casa principal. Esse pavilhão é hoje utilizado como subestação elétrica, dito, na planta “casa do tronco”, nome que evoca os castigos corporais característicos do período da escravidão. Existe acima dos banhos, mais um pavilhão que se assemelha a uma capela, hoje, cabine de força.14
Dois anos após o falecimento de Silvério Rodrigues Jordão, a propriedade foi dividida entre seus filhos. Mas a crise econômica de 1908-1909 levou-os a dificuldades financeiras de modo que ela acabou leiloada, juntamente com a Fazenda Morro Alto, para pagamento de execução alfandegária que lhes moveram a Prado Chaves &Companhia. O edital de 24 de agosto de 1908, expedido pela Comarca de Limeira, informa que os herdeiros eram em número de dez, além de genros, noras e netos. Cada fazenda possuía300 alqueires de terras. A Morro Azul dispunha de uma série de benfeitorias. Entre outras, salientamos: cafezal com onze mil pés de café novos e 61 e 61.497 ordinários, pastagens e capoeiras, diversas cabeças de gado vacum e cavalar, 60 carros de milho, pomar, galinheiro, quatro carroções velhos, carrocinha, carretão, arados, oficinas, torradores e moinhos de café, alambique, etc. e uma colônia composta de 27 lances de casas.
9 - Conjunto das termas revestidas de mármore, servidas por água mineral, canalizada diretamente da fonte. Foram construídas na Fazenda Morro Azul para uso de D. Pedro II e da Imperatriz, em 1877 e 1886. A banheira, no segundo plano, foi esculpida num só bloco desse material. Foto MCNHomem, de 1997.
O referido edital ainda menciona engenho de cana, engenho mecânico, máquina a vapor, cocho para garapa, moinho d´água, gruta, casa de máquina, serraria, máquina para beneficiar café, moinho etc. A Fazenda estava equipada com cinco cultivadores “Luiz Bueno” e dez “Antonio Prado”, dois arados e cinco carpideiras.
Pouco se conheceu acerca da primeira sede da Fazenda Morro Azul, construída pelo Brigadeiro Jordão. Situada em patamar elevado, ficava ao lado da atual. Teria tido dois mil metros quadrados de área construída, cujos vestígios arquitetônicos foram localizados em toda a área vizinha, onde se encontram hoje as aleias e os espelhos de água do “jardim velho”, envoltório da atual sede. O engenheiro Luiz Kehl, que realizou uma prospecção no lugar, em vista da recuperação do conjunto hidráulico das Termas Imperiais, construídas para a hospedagem do Imperador D. Pedro II, calcula que também tenha sido sofisticada, servida por um sistema de canaletas para a entrada de água corrente na propriedade”. Escreveu ele, em seu relatório datado de 4 de agosto de 1997: “Observamos também que a Fazenda Morro Azul é, na verdade, um tríplice objeto: a que Silvério Jordão construiu e dedicou à sua esposa, em 1877; a que Luiz Bueno de Miranda modernizou e reformou, em 1911, criando espelhos d´água do “jardim velho;” e, sob tudo isso, repousam silenciosas as fundações da velha casa do Brigadeiro”.15
10 - Avenida Mal. Rondon: renque de palmeiras guarnecendo a estrada que leva à sede da Fazenda Morro Azul, doadas pelo Marechal quando a visitou, em 1920. Foto do Álbum de Família: Beatriz, Eduardo e Fábio, reproduzida pela fotógrafa Renata Carvalhaes C. R. Faustino, 2016.
Os descendentes de Luíz Bueno de Miranda e de sua esposa D. Laura Sá Leite de Miranda guardam uma foto da primitiva sede, tirada pelo fotógrafo suíço Guilherme Gaensly (1843-1928), em 1895, raridade que temos o prazer de mostrar neste trabalho.16 Pode ter se transformado em casa das máquinas, antes de sua demolição.
No começo do século XX, a Fazenda passou às mãos da Cia. Prado & Chaves, firma exportadora de café, fundada em 1887 e administrada por Paulo Prado. Nesse período, a Cia. recebeu 14 fazendas, num total de quatro mil alqueires de terra e cerca de três milhões de pés de café, além das respectivas benfeitorias. LuizBueno de Miranda (1868-1948), natural de Campinas, era filho de Francisco Bueno de Miranda e Amélia Leopoldina Alves Bueno de Miranda. Nasceu na antiga residência do parque conhecido como Bosque dos Jequitibás, que foi arruado pelo arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, hoje tombado pela prefeitura de Campinas.
Agricultor e jornalista, Luiz Bueno provinha de uma das regiões onde se iniciara a modernização do processo produtivo do café, que contava com sólida estrutura de pesquisa e assistência agronômica.17. Ligado à família Prado pelos negócios de café, Luiz acabou assumindo a administração daquele acervo, tornando-o lucrativo. Comprou máquinas para modernizar a lavoura, arados de disco, cultivadoras, carpideira, grades, etc. que resultaram econômicas, manejadas por um só trabalhador e puxadas por um só cavalo. Luiz acaba aperfeiçoando o rendimento das máquinas, e cria os cultivadores “Paulo Prado” e “Luiz Bueno”, que podiam ser manejados por mulher. O primeiro, puxado por dois cavalos, conseguia fazer em média, mil pés de café por dia. O segundo, com oito discos, também puxado por dois animais, atingia um rendimento de dois mil pés de café por dia e era destinado ao trato do cafezal, impedindo o crescimento de ervas daninhas.
Dessa forma, Luiz Bueno de Miranda conseguiu restaurar a lavoura e as boas safras. Com o tempo, passou a cultivar laranja, transformando-se no segundo maior exportador de laranja do Brasil, providência que o teria livrado da crise de 1929-1930.18 Diversos acionistas da Cia. Prado & Chaves acabaram comprando algumas dessas fazendas. Em janeiro de 1911, o próprio Luiz adquiriu a Fazenda Morro Azul, a qual reformou e nela introduziu outras benfeitorias, embora sempre respeitando o seu valor histórico. Muito bem relacionado, a Fazenda tornar-se-ia um importante ponto de encontro de políticos, intelectuais e diplomatas estrangeiros, além de escritores e artistas ligados ao movimento Modernista, que passaram a visitá-la ou nela se hospedar. Vinham de São Paulo, Campinas, Limeira, Piracicaba, Rio de Janeiro, etc. ou do exterior, em especial da França e da Argentina.
As visitas começaram ainda naquele ano: Alexandre Malfatti, tio da artista plástica Anita Malfatti, Família Florence, de Campinas; Pedro Luís Pereira de Souza, Pedro Gad, cônsul da Noruega. Barão de Vampré e família, pessoas ligadas ao clã da família Silva Prado: Ernesto Ramos, 1916-1917, William J. Sheldon, 1916; Maestro Souza Lima: 1912; os franceses M. de Chabaleyret e M. de Montgolfier, arquiteto Samuel das Neves, 1918; Carl e Ilse Reibel, cônsules da Áustria, 1923; Santos Dumont, com quem se correspondia, além do já citado Mal. Cândido Rondon.
O proprietário da Fazenda Morro Azul era francófilo, como a maioria dos intelectuais da época, em que o francês, língua da ciência, da diplomacia e das cortes europeias, era o segundo idioma do Brasil, ministrado em todas as escolas e universidades. Apaixonado por Sarah Bernhardt, foi quem a recebeu quando aqui esteve, em sua segunda temporada, em São Paulo, no Teatro São José. Ela deu-lhe, em troca, um pedaço de seu vestido amarelo.19 Astrônomo amador, descobre a constelação da Torre Eiffel Sideral, perfeita e elegante, na noite de 6 a 7 de setembro de 1914, em plena Primeira Grande Guerra, quando a França parecia perecer no Marne.
Em 1924, teve a oportunidade de contar esse fato ao poeta e escritor franco-suíço, Blaise Cendrars20 , que veio ao Brasil a convite de seu amigo Paulo Prado, o qual hospedara Cendrars em sua casa da Avenida Higienópolis.21
“...Na noite de 6 a 7 de setembro de 1914, enquanto eu me afogava em lágrimas, pensando na infelicidade de Paris, rendida pelas baionetas alemãs, e no perigo que ameaçava “a divina” (Sarah Bernardt), descobri, de repente, no céu, uma constelação: quatro grandes estrelas compõem os pilares da Torre Eiffel, um pouco mais alto, três estrelas desenham a primeira plataforma da Torre Eiffel, depois, duas, bem acima, pouco menos brilhantes, assinalam a segunda plataforma e, no cume, a pouca distância, a bela estrela luminosa, embora em eclipse, o farol da Torre Eiffel...” (Tradução da autora )
“... La nuit du 6 au 7 septembre 1914, alors qu´il pleurait à chaudes larmes en pensant aux malheurs de Paris, sous les obus allemands, et au danger ménaçant “la divine”, il découvrit tout à coup au ciel, une constellation: “Il y a quatre grosses étoiles qui marquent les pilliers de la tour Eiffel, puis, un peu plus haut, trois étoiles qui marquent la première plate-forme de la Tours Eiffel, puis, deux encore, bien au-dessus, un peu moins brillantes, qui marquent la deuxième plate-forme, et au sommet, à bonne distance, cette belle étoile éclatante mais à eclipse, le phare de la Tour Eiffel...”22
Paulo Prado levou-o, então, a visitar a Fazenda Morro Azul, no dia 31 de março de 1924, em companhia de Oswald de Andrade. Luiz recebe Paulo Prado na Morro Azul e seus amigos modernistas: Blaise Cendrars e Oswald de Andrade, os quais se impressionam imediatamente com a Fazenda, experiência que deixará um marco indelével em suas obras. Oswald de Andrade, com a poesia “Morro Azul”, da fase Pau-Brasil. Para Cendrars, a partir dessa primeira viagem que fez a nosso país, o Brasil passou a exercer uma atração muito forte sobre o poeta, que o denominou “tonnerre de Dieu” (trovão de Deus). Cendrars, e tornou-se tema de três de suas obras literárias: Le Morro Azul, “La Tour Eiffel Sidérale”, 1949, narrativa de Le Lôtissement du Ciel e ETC...,ETC...(Um film 100% brésilien)”, 1924. Blaise Cendrars criou a personagem Oswaldo Padroso para referir-se ao fazendeiro Luiz Bueno. Oswaldo seria uma analogia com o nome do poeta Oswald de Andrade que aparece como protagonista do “Romance do Morro Azul”. O nome Bueno foi dado por fantasia de Cendrars, “ao mordomo do doutor, um negro gigantesco e rubicundo”23
Quanto à Torre Eiffel Sideral, Luiz Bueno registra sua descoberta no Observatório Nacional do Rio de Janeiro, em agosto de 1923, fato que vai impressionar outro escritor, Adrien Roig, professor da Universidade Paul Valéry de Montpellier, França, o qual era especialista em Blaise Cendrars. Roig participa do Colóquio “Portugal, Brasil, França: História e Cultura”, realizado em Paris, de 25 a 27 de maio de 1987, e confirma a importância que o Brasil representou para a obra de Cendrars, tendo sido, por isso mesmo, objeto de numerosos estudos.
Luiz casa-se depois com Dona Laura Sá Leite Bueno de Miranda e quando falece, em 14 de julho de 1948, deixa seus bens para ela. Em 14 de outubro de 1974, faleceu D. Laura, que deixou a Fazenda para os sobrinhos: Yolanda Orcesi da Costa, Marina Orcesi Bueno, Alberto Sá Leite Orcesi, filhos de sua irmã Georgina, casada com Dr. Nazareno Orcesi e são representados pelo inventariante Dr. Carlos Celso Orcesi da Costa. Deixa a Fazenda também para Lavínia Bueno de Miranda Romeiro, filha de sua irmã Clarisse e seu cunhado Antônio Bueno de Miranda, irmão de Luiz. Com a morte de Lavínia, em 14 de julho de 1974, sua parte fica para seus filhos Beatriz Bueno de Miranda Romeiro Vicente de Azevedo, Eduardo Bueno de Miranda Romeiro e Fabio Bueno Romeiro Filho.
Um ano antes do falecimento de D. Laura, em 1973, o Professor Vinício Stein Campos, membro do Conselho do Condephaat, solicitou o tombamento do solar da Fazenda Morro Azul, bem como de toda a área envoltória, mediante o seguinte argumento:
“Realmente, a fazenda em causa constitui documento da maior importância porque representa uma solução arquitetônica erudita e de bom gosto numa fase de fastígio proporcionada pelo café em São Paulo, na segunda metade do século XIX, onde nem sempre as instalações cafezistas primam pelo acerto nos agenciamentos e correção na intenção plástica...” 24
...“O solar, embora tenha sido bastante desfalcado dos bens móveis que o guarneciam, conserva ainda importante documentário da época do Imperador, como os valiosíssimos móveis da sala de visitas, da sala de jantar, dos dormitórios, as decorações da capela e das demais peças, as instalações das dependências de serviços, dos quartos de banho, o interessante aproveitamento das nascentes da serra nas dependências do solar e os exemplares florísticos que compõem a sua bela paisagem.” 25
O tombamento foi concedido no dia 8 de janeiro de 1974. A área tombada inclui a sede e 500m a seu redor, cujo bosque, remanescente da mata atlântica, conta com um jequitibá de seiscentos anos e dará “a garantia de permanente adequação paisagística ..”Aliás, tal bosque, dada a idade e qualidade das plantas ornamentais, sozinho já poderia merecer um tombamento...” O tombamento teve a anuência do arquiteto Carlos Lemos, diretor técnico do Condephaat.26
No inicio de 1992, os herdeiros, representados pelo inventariante Dr. Carlos Celso Orcesi da Costa, iniciam a recuperação da Fazenda. Em outubro de 1994, receberam a visita de D. Miriam Cendrars, filha do poeta. Em abril de 1996, ela foi visitada por D. João e Dona Stella de Orleans e Bragança e, em agosto de 1997, pelos professores participantes do Colóquio Internacional na USP: “A Utupialândia de Blaise Cendrais”, que foram recepcionados com uma feijoada. No bicentenário do nascimento de D. Pedro I, ocorreu o encerramento dos festejos na Fazenda, quando também foi oferecida uma feijoada aos convidados. Todos esses fatos foram devidamente acompanhados pelos jornais de São Paulo e da região.
11 - Verso do cartão postal da Fazenda Morro Azul, reproduzindo a Torre Eiffel Sideral, localizada nos céus da Fazenda por Luiz Bueno de Miranda, em maio de 1914.
A fazenda Morro Azul, seguiu cantada em prosa e verso. Em 2006, constituiu tema de uma crônica de autoria de Paulo Bomfim, o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, da qual extraímos uma chave de ouro para encerrarmos, ainda que temporariamente, esta bela história:
“...Morro Azul e seu firmamento fazem parte da literatura universal,
O achado sideral do fazendeiro paulista Luiz Bueno de Miranda, astrônomo amador, apaixonado, também, pela estrela Sarah Bernardt, brilha sobre a casa-grande, as palmeiras e o jequitibá de cinco séculos da propriedade fundada pelo Brigadeiro Jordão.
Ali, a história e a lenda se amam em paz.”27
E assim, de poesia em poesia, de canto e encanto, de magia em magia, a Fazenda Morro Azul continua!
12 – Extraída do levantamento realizado pelo Condephaat, 1976.
13 – CONDEPHAAT – Iracemápolis, SP, Fachadas de Edículas da Fazenda Morro Azul. Levantamento métrico e arquitetônico. Março, 1979: Natal Zavaloni, José Pereira, Elias Castilho e Julio Souto.
CONDEPHAAT- Iracemápolis, SP – Fazenda Morro Azul.
Planta Arquitetônica das Edificações, Andar nobre. Maio 1976. Levantamento Natal Zavaloni, José Pereira, Elias Castilho e Julio Souto. Levantamento anterior: Vera Ferraz e Sônia Hagge.
BIBLIOGRAFIA
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DEPOIMENTOS
Depoimentos de Beatriz Romeiro Bueno de Miranda, uma das atuais proprietárias da Fazenda Morro Azul, junho de 2016.
Depoimentos de Fabio Bueno Romeiro Filho, um dos proprietários atuais da Fazenda, junho de 2016.
DOCUMENTOS
Processo 320/73, Condephaat, fls.9 e s.
SITES
http://WWW.esalq.usp.br/parque/toppage1.htm. Acesso: 21 jun. 2016.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme Gaensly. Acesso: 27 jun. 2016.
ARTIGOS NÃO ASSINADOS
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Gazeta de Limeira: “Limeira e a Independência”, São Paulo 05 de Setembro de 1993.
O ESTADO de S. Paulo, Caderno Cidades, “Município restaura pousada de D. Pedro II”, São Paulo, 28 de Dezembro de 1992.
ISTO É, “Viagem à era do Café”, 12-12-1984.
O ESTADO de São Paulo, “Descendentes de senhor e de escravos trazem à tona a saga dos Vallim”, São Paulo, 18 de Junho de 1995.
O ESTADO de São Paulo, 19-05-96: “Fazenda Histórica começa a se recuperar” (Caderno Cidades), São Paulo, 19 de Maio de 1996.
FOLHA de São Paulo, “Colóquio sobre poeta acaba em feijoada”. (Ref. A Blaise Cendrars, Torre Eiffel Sideral), São Paulo, 09 de Agosto de 1997.
O ESTADO de São Paulo, Caderno negócio e oportunidades, “Arquitetura resgata a milenar taipa”, São Paulo, 16 de Fevereiro de 1997.
O ESTADO de São Paulo, Cidades: “Fazenda Histórica será reinaugurada”, São Paulo, 19 de Abril de 1996.
O Farol Paulistano, São Paulo, 7 fev. 1829;
A Phênix, São Paulo, p.4, 19 out. 1839.
1 A palavra “Imperial” foi acrescentada ao título deste artigo dados os vínculos históricos e culturais que a Fazenda “Morro Azul” manteve com o Império do Brasil e com a pessoa de D.Pedro II.
2Maria Cecília Naclério Homem é Doutora em Estruturas Ambientais Urbanas (FAU-USP) e Mestre em História (FFLCH). Além de Bacharel e Licenciada em Letras Neolatinas pela USP, estudou História, História da Arte e da Arquitetura nas universidades de Madrid e Lisboa. São de sua autoria: Catálogo Vila Penteado, 1976; Higienópolis, Grandeza de um Bairro Paulistano, 1980, 2011; O Prédio Martinelli: A Ascensão do Imigrante e a Verticalização de São Paulo (1984); O Palacete Paulistano e Outras Formas Urbanas de Morar da Elite Cafeeira: 1867-1918, 1996; 2ª ed. 2010.Cozinha e Indústria em São Paulo - Do Rural ao Urbano, Edusp, 2015 - Prêmio Jabuti, em Gastronomia, 2016. Em 2014, concluiu: História da Igreja de Nossa Senhora do Brasil. Entre os artigos de sua autoria, publicou na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. C, ano CXXII, o artigo: Fazenda Imperial Morro Azul, Tradição e Vanguarda (1817-2017). Pertence à Academia Cristã de Letras, cadeira nº25, e ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, entre outras instituições.
3 Neme, Mário. História da Fundação de Piracicaba, ed.2ª, Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, 1974, p.23
4 Livro das Sesmarias, V.IV, p.264, Departamento do Arquivo do Estado, in: Busch, Reynaldo Kunst, História de Limeira, Prefeitura Municipal de Limeira, 1967, p.25
5 Busch, op.cit., p. 24
6 Idem, ibidem, citado por: FORJAZ, Djalma: Senador Vergueiro, 1924
7 Ribeiro, Maria José. “Notas biográficas do Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão”, coletadas pela socióloga, ex-proprietária da Fazenda Quilombo, Limeira, SP. Paulo Filho, Pedro. Campos do Jordão. Onde Sempre é Estação. São Paulo, Noovha América, 2003, p.8. (Col. Conto, canto e encanto com a minha história...)
8 Minhoto Júnior, Laurindo. “Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão”, in: Revista do IHGSP, v. XXV, p.201-214); Amaral, Antônio Barreto do. Dicionário de História de São Paulo, São Paulo, IMESP, 2006, Coleção Paulística, p. 358, 218-220.
9 Além de vinhos, aguardentes, azeites doces, especiarias, tecidos, ferramentas, moinhos de café, louça da India e objetos de cobre, instrumentos de precisão, etc. que chegaram desde começos do século XIX, com a abertura dos portos, em 1808. O Farol Paulistano, São Paulo, 7 fev. 1829; A Phênix, São Paulo, p.4, 19 out. 1839. Anuário Político, Histórico e Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro, Casa de Firmin Didot Irmãos, 1846, pp.28-30.
10 Está baseada no levantamento preliminar feito pelas arquitetas Vera Ferraz e Sonia Hagge, pertencentes ao pessoal técnico do Condephaat.
11 Registrado no Álbum de Família: Beatriz, Eduardo e Fábio.
12 Cf. depoimento de Beatriz Romeiro Bueno de Miranda, uma das atuais proprietárias da Fazenda Morro Azul
13 : http://WWW.esalq.usp.br/parque/toppage1.htm; Climino, Marli de Souza Saraiva. Iluminar a Terra pela Inteligência: Trajetória do Aprendizado Agrícola de Barbacena, MG (1910-1933). Tese (Doutorado), Rio de Janeiro, Universidade do Rio de Janeiro – Faculdade de Educação, 2013
14 Kehl, Luiz, engenheiro, A Fazenda Morro Azul: Reativação do Conjunto Hidráulico (As Termas do Imperador), relatório 01/97 – A (Parcial), 04 de agosto de 1997
15 cf. cópia do relatório em poder de Fabio Bueno Romeiro Filho, um dos proprietários atuais da Fazenda
16 Gaensly, Guilherme: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme Gaensly
17 Os fazendeiros locais, detentores do poder econômico e político, pressionaram o governo federal e viabilizaram em Campinas, centro nevrálgico da cafeicultura, a criação de um importante complexo de ciência e tecnologia, especializado em agricultura, tendo como base o Instituto Agronômico de Campinas, criado em 1887, e a Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo. Argollo Ferrão, André Munhoz, Arquitetura do Café, Campinas, SP, Ed. Unicamp, São Paulo, SP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004, p.44
18 Idem, ibidem, p. 134.
19 : Alexandre Eulálio, A Aventura Brasileira de Blaise Cendrars, São Paulo, Edusp, 1978, p.52
20 : Blaise Cendrars é pseudônimo de Frédéric Louis Suser, mutilado da Primeira Guerra Mundial, autor de varias obras escritas em francês. Entre outras línguas, conhecia também português, tendo realizado uma das traduções de nosso idioma para o francês, do livro A Selva, de autoria do escritor luso Ferreira de Castro.
21Paulo Prado, que foi o Mecenas da Semana de Arte Moderna, em 1922, reunia em sua casa da Avenida Higienópolis, os artistas e intelectuais modernistas: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Sérgio Milliet, Guilherme de Almeida, René Thiollier, D. Olívia Guedes Penteado e outros, os quais puderam se aproximar do poeta franco-suíço Blaise Cendrars foi com ele visitar as cidades históricas de Minas Gerais. Em sua casa nasceu a ideia de se realizar a Semana de Arte Moderna, de 11 a 18 de fevereiro daquele ano, para mostrar ao público o que havia de rigorosamente contemporâneo, no país, em matéria de artes plásticas, arquitetura, música e literatura. Ver: Amaral, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. “Exposição”, São Paulo, Perspectiva, 2ª ed. 1972 (Debates), pp. 129-195.
22 Roig, Adrien: Blaise Cendrars et Le Brésil: Le Grand Film Brésilien, La Traduction de “A Selva” et “La Tour Eiffel Sidérale”. Paris, Fondation Calouste Gulbenkian, Centre Culturel Portugais, 1988, p. 286.
23 Idem, ibidem
24 Processo 320/73, Condephaat, fls.2, 9, 11 e s. ;
Informação do Prof. Vinícius Stein Campos: STCR-68/76. p. 45.
25
26 Processo 320/73, Condephaat, fls. 10-11.
27 Bomfim, Paulo, Janeiros de Meu São Paulo, São Paulo: Book Mix, 2006, p.17