Reinaldo Bressani
Que eu me lembre, desde que eu era um pingo de gente, apenas uma gotinha insipiente que brotava ao mundo qual gota-d’água no oceano de gente grande que habitava ao meu redor; desde as gotas Sabin que despejaram um dia em minha boca, ante torrenciais gotas de lágrimas que derramei em protesto - infundado por sinal -, a evolução da vida sempre foi um pinga-pinga incessante de fatos e novidades que se sucediam.
Das alegrias, colhia gotas de mel; das tristezas, gotas de lágrimas e fel; na evolução profissional, gotas de suor proporcionando-me, como prêmio, vitórias gotejantes como cachos de orvalho, os quais, inicialmente, brilhavam resplandecentes e, em seguida, se desfaziam em pingos sobre a relva verdejante da própria vida, para, em seguida, brilhar novamente em sua natural progressão dotada de acertos e tropeços que persistem sucederem-se até hoje em ritmo de conta-gotas.
E nesse andar da carruagem, cheguei à conclusão de que uma ínsita filosofia goteja, melifluamente, sabedoria nos pingos e nos is, e, rica verve, destarte, é obtida com o suado labor do operar constante das letras em decorrência de abnegada dedicação ao estudo e ao trabalho.
Em cada dia da vida, gota à gota, pingam novos fatos e situações que ditam os rumos que devemos seguir pelo amanhã... momento a momento à frente.
Neste sentido, em gota à gota, no pinga-pinga de cada dia, de cada momento, de cada fato que se sucede, inexoravelmente os mistérios da vida impõem-nos situações adversas que exigem constantes reflexões e soluções. Não importa se pingam ou gotejam. O que importa é que ditam o norte a ser seguido, seja pela gota de fel ou pelo pingo do mel.
Reinalo Bressani - Cadeira nº 15 da ACL