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Frances de Azevedo

Máscara: artefato de papelão, pano, madeira, couro, etc., com que se cobre o rosto para disfarce; as máscaras de carnaval.

As máscaras de certos povos, verdadeiras obras de arte, podem representar um homem ou um gênio e tem papel simbólico preciso.

Há também as chamadas máscaras de beleza; as máscaras para anestesia; para pesca submarina, etc.

Posto desnecessário, fiz essa breve introdução ao assunto que, hoje, me trouxe até aqui.

As máscaras, por certo, nos fascinam, nos intrigam e instigam.

Desde os primórdios da história, ouvimos falar sobre elas.

Elas permeiam a imaginação humana.

Por que será?!

Quando das descobertas de tumbas, no Egito, máscaras mortuárias foram encontradas. Fazia parte do processo de sepultamento. A mais conhecida é a máscara de Tutankhamon. Os egípcios as utilizavam para fortalecimento e proteção da alma na sua passagem desta vida para a vida após a morte, pois acreditavam que o espirito da pessoa falecida poderia encontrar seu corpo após a morte.

Alguns países do continente europeu utilizavam-nas como esfinges (século XVII). Também foram usadas para registrar rostos de desconhecidos, para ulterior identificação, até o surgimento da fotografia!

Na Idade Média, a finalidade era para preservar a memória dos mortos.

Em Viena, no Funeral Pompas Museum, há máscaras de músicos famosos como Beethoven, Hyden, Mozart.

Na África, algumas tribos, acreditavam que as máscaras mortuárias lhes transmitiam todo poder do falecido.

Quando estive na África do Sul - com meu sobrinho Wander e seus pais - passei por inúmeras regiões - mais de quatro mil quilômetros rodados de carro - visitando feiras, casas de artesanato. - notei ser recorrente a venda de máscaras: Belíssimas! Intrigantes! Representativas da cultura local. Anexo, algumas que foram trazidas por minha irmã primogênita Flórence.

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No célebre Carnaval de Veneza, - cuja origem remonta à época da nobreza, que assim se disfarçava para estar no meio do povo - nos deparamos com belíssimas máscaras que nos extasiam!

No teatro, a máscara possui lugar de destaque, sendo representativa da linguagem cênica desde os tempos da Grécia antiga, quando surgiu o teatro com as festividades ao deus Dionísio (deus da fertilidade na mitologia grega). Como as mulheres não podiam participar das encenações, visto que não eram consideradas cidadãs (excluídas da polis), as máscaras representavam tanto personagens femininos quanto masculinos e eram feitas de folhas, madeira, argila e couro e cobriam todo o rosto, com abertura para a boca e os olhos.

Sabe-se que duas máscaras juntas representam o teatro: A sorridente representa a comédia e a triste representa a tragédia.

Aqui, em nosso país, na metade do século XVII, em homenagem ao rei D. João IV, no Rio de Janeiro, foi realizado um baile de máscaras.

Lembro também que, quando criança, as máscaras de papelão me atraiam: eram caricaturas e imagens diversas, ora engraçadas, ora horrendas, ora felizes, ora tristes, que chamavam a atenção de todos!

Ah, e quem não ouviu a expressão: A máscara caiu, numa alusão às pessoas que escondem a verdade?!

Bem, esse assunto me chamou a atenção devido à Pandemia, que, lamentavelmente, grassa em nosso planeta, e seu uso se tornou obrigatório...

São máscaras de tecido:

São máscaras de um mundo estarrecido.

São máscaras lisas, estampadas:

São máscaras caricaturadas.

São máscaras acrílicas:

São máscaras dentro e fora das clínicas.

São máscaras descartáveis:

São máscaras reutilizáveis, laváveis.

São máscaras de todo gênero:

São máscaras do desespero.

São mascaras que cobrem:

São máscaras que a vida mantém.

São máscaras que descaracterizam:

São máscaras que martirizam.

São máscaras que escondem o sorriso:

São máscaras para quem tem juízo.

São máscaras dessa pandemia:

São máscaras que afastam a magia.

São máscaras que vedam sonhos:

São máscaras de dias tristonhos.

São máscaras... São máscaras... São máscaras...

Por enquanto, não quero mais falar sobre máscaras...

Frances de Azevedo - Cadeira 39 da ACL