Geraldo Nunes
Setembro é o mês do Rádio no Brasil e por este motivo decidimos contar a história do padre-cientista Roberto Landell de Moura, o primeiro a exibir patentes pelo invento de um aparelho capaz de transmitir e receber vozes humanas transmitidas através de ondas eletromagnéticas também chamadas hertezianas.
Roberto Landell de Moura, nasceu em Porto Alegre. em 21 de janeiro de 1861 e aos 18 anos, custeado pela Igreja, seguiu para a Itália para cursar o seminário Universidade Gregoriana de Roma onde depois estudos Ciências Exatas. Na sala de aula foi colega de Guglielmo Marconi, que galgaria os louros de ter inventado a radiofonia e um pouco antes a radiotelegrafia.
Concluída a faculdade, Landell de Moura voltou para o Brasil e seguiu sua carreira de padre e pouco tempo depois se tornou pároco em Santana, na capital paulista, onde seguiu fazendo suas pesquisas científicas.
Em 1893 transmite da Avenida Paulista o som de sua voz que é captada através de um aparelho e ouvida pelas pessoas presentes na sacristia de sua paróquia. A notícia da transmissão radiofônica é veiculada na imprensa pelo Jornal do Comércio e posteriormente pelo Estadão.
O que Landell de Moura não contava é que seus superiores na Igreja se tornassem contrários ao seu invento, sendo acusado até de praticar bruxarias, mesmo assim obteve patentes brasileiras para o seu invento. Quanto a Marconi só em 1899 conseguiria emitir sons de radiotelegrafia sem fio através de código morse.
Munido de suas patentes, o padre Landell segue para os Estados Unidos e registra seu invento lá também. Em seguida, retorna ao Brasil e segue direto para o Rio de Janeiro, na tentativa de apresentar seu invento ao governo brasileiro e com o dinheiro obtido pela venda de suas patentes, aplicar em suas obras sociais.
Para isso pede audiência ao presidente da República Rodrigues Alves que agenda o encontro, mas depois não o recebe. Propunha o padre receber emprestadas, duas embarcações, para poder transmitir do mar as conversas radiofônicas feitas em plena Baía de Guanabara para serem ouvidas pelo presidente em seu gabinete.
Rodrigues Alves, entretanto, manda um assessor recebê-lo, este não atende aos pedidos do religioso-cientista e ainda comete o disparate de chamá-lo de louco.
Decepcionado Roberto Landell de Moura decide desistir da carreira científica e destrói todos os equipamentos criados por ele até então. Seguiu na carreira eclesiástica e no final da vida e chegou à condição de monsenhor.
Morreu em Porto Alegre, a 30 de julho de 1928, quando o Rádio no Brasil já fazia transmissões regulares.
De suas realizações ficaram somente as patentes com as quais o senador gaúcho, Sérgio Zambiasi obteve do Congresso Nacional, em 2015, o apoio para o reconhecimento por parte do governo brasileiro de que o padre-cientista Roberto Landell de Moura, é o verdadeiro inventor do Rádio. Seu nome hoje consta no Livro de Aço dos Heróis da Pátria, guardado no Panteão Tancredo Neves, em Brasília. Landell também é o patrono dos radioamadores do Brasil e de Portugal.
Guglielmo Marconi demorou para ser reconhecido e precisou se mudar da Itália para a Inglaterra, após verificar que não havia nenhum interesse do seu país em suas experiências. Teve mais sorte entre os britânicos onde conseguiu provar cientificamente, ser possível transmitir mensagens telegráficas por Código Morse sem fios, ao testar seus equipamentos em duas embarcações dentro do Canal da Mancha.
Isso rendeu a ele os dividendos que lhe permitiram criar depois uma empresa própria para a venda de aparelhos de rádio em larga escala, particularmente para navios e assim ficou rico. A primeira emissora comercial mundo, contudo, é norte-americana.
A Rádio KDKA, de Pittsburgh – Pensilvânia iniciou suas transmissões, em 2 de novembro de 1920. Interessante é que não só o Brasil que pleiteia o reconhecimento internacional pela invenção do rádio. Além do padre Landell, há outros quatro nomes de diferentes países considerados como inventores do rádio por ondas hertezianas. O italiano Guglielmo Marconi, o canadense Reginald Fessenden e os americanos William Dubilier e Nicola Tesla, sérvio-austríaco naturalizado.
Geraldo Nunes, jornalista, escritor e consultor literário, é titular da cadeira 27 da Academia Cristã de Letras - ACL