Fotos que contam histórias - by Di Bonetti
Foi na primavera de 2006, no dia 28 de setembro, quando conheci Paulo Bomfim. Era uma Quinta feira, reunião semanal dos membros da Academia Paulista de Letras e o lançamento do livro: “JANEIROS DE MEU SÃO PAULO”.
Pela primeira vez entrei naquele imponente lugar para representar a querida Nazareth Thiollier, que estava impossibilitada de comparecer para prestigiar o amigo de vida toda.
A fila para autógrafos era imensa e fiquei ao canto, esperando a oportunidade para poder transmitir as felicitações de Nazareth. Tirei algumas fotos e registrei a chegada do Confrade Antônio Ermírio de Moraes que deu uma passadinha para abraçar o poeta.
Quando me apresentei, já havia entregue minha máquina para que um fotógrafo registrasse com uma bela foto o momento, e fui recebida com delicadeza pela mais nobre alma que viria a conhecer, e que mais tarde confirmei tratar-se de um homem especial, que transbordava atributos. Em dois minutos de fala ele descobriu que fui curadora na exposição em 2004, da mãe do Modernismo Brasileiro ANITA MALFATTI, nas comemorações dos 450 anos da cidade de SP, e que Emy, sua esposa, havia me emprestado a tela, óleo sobre tela, retrato feito pela pintora Anita, amiga da família, quando Paulo Bomfim era rapaz ainda bem jovem. Dois dedos de prosa e ele já me convidou para almoçar na semana seguinte para mostrar-me aquarelas que Anita havia pintado. Ilustrações inéditas para o livro infanto-juvenil: “Cafundó da Infância”, de seu tio Carlos Lébeis.
A partir do delicioso almoço que Lucia (a cozinheira) preparou, nunca mais perdemos o contato.
Estreitamos os laços, unidos por Nazareth Thiollier e Anita Malfatti. E, quando Nazareth faleceu em 2010, dediquei-me como assessora do poeta em tudo que necessitasse. Sedimentamos uma sólida amizade. A confiança conquistada, possibilitou-me construir seu site. Mesmo o poeta sendo tecno fóbico, me ligava todos os dias para saber qual a visitação do dia anterior. Passou a entender um pouco do mundo virtual e quando queria a confirmação de algum dado, ligava e pedia para olhar no Google.
Quatro meses sem Paulo Bomfim. Sinto saudades todos os dias.
Ontem, conversando ao telefone com José D'Amico Bauab, para os íntimos simplesmente “Zezinho”, recordamos várias passagens deliciosas com nosso amigo que sempre nos surpreendia, fosse com gestos largos, com palavras certeiras ou com atitudes que só poderiam vir da aristocracia.
Foram tantas passagens e fotografias nesses 13 anos de convivência que vale registrar aos poucos, dividindo com a legião de amigos e de admiradores os momentos de convivência.
Quatro meses sem o filósofo que dominava a arte de questionar o mundo de maneira admirável... Tinha na essência generosidade e gratidão. Conseguia aceitar os defeitos dos próximos ressaltando somente as qualidades.
Paulo Bomfim, quanta melancolia você deixou em tantos.
Quando você dizia que o mundo estava muito chato... Agora está infinitamente mais chato sem sua presença física.