Reinaldo Bressani
Quando, considerado o ambiente social, na população adulta prevalece a condição do analfabetismo, a população infantil sofre com índices recorrentes e extremamente altos de mortalidade. Isso porque, sem saber ler e escrever, os pais ou responsáveis pelas crianças, e também estas mesmas, quase sempre ignoram, ou mesmo, subestimam os perigos que decorrem da falta de higiene.
Tal fato redunda em total desconsideração relativamente às condições sanitárias, existentes ou não, além de outros tipos de exposições que rondam a condição de inocência dos nossos infantes.
Ignoram também, as orientações disponibilizadas pelos programas governamentais como: o calendário de vacinas e as orientações relativas aos cuidados básicos referentes à água consumida por essa população, além de tantas outras medidas inerentes, essenciais à preservação da saúde e da própria vida.
Bem a propósito, atente-se à questão das pipas. Brincadeira inocente a um primeiro olhar, mas que, quando praticada em áreas de grande concentração de fiação aérea, é assaz perigosa e, no mais das vezes, fatal.
Também o uso do cerol usado nas linhas usadas para “empinar” as pipas, é prática que passa de pai para filho, como se fosse, meramente, a coisa mais lúdica deste mundo, mas que, ao final tem consequências funestas, tanto quanto pungentes, concernentes às sequelas deixadas por ela.
E isso decorre, basicamente, da completa falta de tirocínio e da total ausência de percepção dos perigos irrefutáveis dessas práticas.
Falhas comportamentais advindas da obviedade do despreparo social resultante da marginalização a que estão expostos esses grupos populacionais, carentes e excluídos daquela pétrea condição prevista e garantida pela Carta Magna deste País – a Educação.
Infelizmente, passa ano, vem ano, e a mesmice se eterniza, grassando seus tentáculos inquietantes face à incompetência governamental (ou talvez por razões outras) no que se refere à desejada e definitiva solução a esse assintomático problema – causa gritante de um atraso pelo qual ninguém, instalado no comando da Nação, admite cabalmente ser responsável. Por consequência, lava as mãos, postergando-o a quem, eventualmente, venha a sê-lo. E assim, pela falta de um comprometimento cabal de quem de direito, a seriedade se esvai com as meras intenções inconsequentes e, com elas, eventuais soluções efetivas à questão educacional.
Disso resulta um quadro que espelha, cristalinamente, fator inadmissível a um mínimo de plausibilidade medular a qualquer atitude responsável ínsita a todo projeto que tenha por objetivo solucionar referido problema atinente ao analfabetismo, bem como, os males dele derivados.
E isso, lamentavelmente, compromete as soluções das quais carece o próprio futuro do País. Destarte, redunda em cruel e absurda ausência de preparo básico à formação da dignidade e cidadania de nossas crianças.
Lastimável realidade, ainda mais quando se constata que seus efeitos adversos são tratados, tão somente, como meras banalizações, desprezíveis a quaisquer considerações mais sérias.
Daí porque, o que resta à conclusão obvia no que diz respeito a essa questão, é esse retrato deplorável da eterna falta de um comprometimento peremptório das autoridades constituídas com a vida e a dignidade de seus governados mais carentes.