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Carolina Ramos

livro destino f0c77

Todo aquele que responde, sim, a clássica pergunta de Rilke: “Eu morreria se não me fosse permitido escrever?”, defronta-se, algum dia, com a necessidade intransponível de disciplinar papéis que se avolumam através dos tempos. Esse é o momento incontornável, da urgência autoimposta.

Foi dessa urgência que nasceu “Destino”. Este meu livro engloba poesias de todos os tempos, algumas esquecidas nas publicações anteriores e outras mais recentes, também inéditas, versos líricos, cívicos e versos livres. Estes, algo pessimistas, por isso mesmo quase excluídos, acabaram por ficar, mas filho gerado tem direito à vida.

Estes poemas, na maioria sonetos, alguns datados, roçam de leve suas asas na superfície, nem sempre calma, da existência de quem os trouxe à luz.

Versos despretensiosos que desvelam emoções bastante íntimas, espalhadas em páginas agora fraternalmente partilhadas (via internet) entre amigos leitores.

Calçadão de minha alma

Alvinegra passarela
em mosaicos definida,
sempre que passo Por Ela,
a repassar me convida.

Calçadão de minha rua,
a limitar ondas do mar...
à luz do Sol ou da lua
aonde irás me levar?

Meu destino irrelevante,
me fez boa caminheira
e assim vou seguindo adiante,
a até quando Deus o queira!

Calçadão de minha rua,
talvez quem dia já breve,
minha vida que se estua,
não te pise... nem de leve

E, então, guardarás silente,
nos mosaicos desgastados,
passos meus... passos de ausente...
... marcas de passos passados...

Esta crônica seguida de poesia está no livro “Destino”, de Carolina Ramos, 101 anos de vida, nascida em Santos a 19 de março de 1924. Além de poetisa e escritora, ela é musicista e ocupa da cadeira 22 da Academia Cristã de Letras – ACL.

 carolina ramos foto dee4b