Poesia é, sim, a arte que permite ao poeta vagar entre sua visão do racional e as percepções quanto aos enigmas do desconhecido; dos sentidos albergados no templo do imaginário; do imagético; das lembranças e relembranças; entre o objetivo e o subjetivo
É um revoo através do qual o poeta ressoa visões que trazem, dos recônditos de um terreno metafísico, visões aliadas às suas reflexões sobre a subjetividade.
É, por fim, um exercício do qual aflora um tecer lírico, próprio do olhar aguçado e poético, revelador de fluida e esmerada composição. Composição somente permitida dentro do universo da liberdade poética.
É, na verdade, tal qual um sonho tirado do abstrato e levado ao plano de uma realidade virtual, através de palavras harmonizadas nos versos que, coerentes, compõem – de forma lúdica – a própria poesia, permitindo seja o virtual, navegado pelos leitores como se por águas cristalinas.
É, sem dúvida, a arte de mergulhar nas entranhas dos mares das incertezas e neles navegar pela irrealidade dos sonhos e, finalmente, deles emergir com um buquê de fantasias. Buquê do qual se extrai a figura do irreal tornado real simplesmente por sua verdade onírica, reverberadora dos mistérios revelados aos olhos daqueles que se deixam interagir com o olhar do poeta. Olhar transcendente pelos céus das abstrações, das quimeras, de onde é possível transpor-se a fronteira da utopia, permitindo acesso a luzes desanuviantes sobre os mistérios do nebuloso mundo metafísico que, ao poeta, oferece os frutos à sua messe de encantos.