by Di Bonetti
“Um ano e oito meses que o poeta partiu”
Embora todos os dias os amigos tropecem nas lembranças, não tem como esquecer o dia que Paulo Bomfim pegou sua mala de viagem, carregada de vivência, histórias, amigos, carinho e muito amor e retirou-se de cena.
Viajou deixando a sensação de presença constante.
Foi ao encontro daqueles que tanto aplaudiu, daqueles que lembrava com emoção.
Deixou-nos órfãos da sua gostosa companhia, das gargalhadas envolventes, do sorriso sincero, da amizade legítima.
Seu poema “Despedida” ainda tece “arrepios de ausência” em todos que continuam chorando na amurada vazia.
Despedida - (Paulo Bomfim)
Quando eu for horizonte pedido,
Alvo lenço do adeus que ficou,
Sei que alguém na amurada vazia
Colherá tentações que semeou.
Colherá os momentos ternura,
Intuições faiscando inocência,
E na pele da brisa a manhãzinha
Tecerá arrepios de ausência.
Tecerá o tecido que pousa
Sobre corpos e vidas passadas,
A nudez vestirá novas formas
Da canção percorrendo as estradas.
Da canção que é uma senha perdida,
Sonha o tempo na hora tão fria,
E no adeus, semeador de distância,
Chora alguém na amurada vazia.