Reinaldo Bressani
Quem saboreia um fruto adocicado, tenro e macio, raramente tem ideia do trabalho insano que teve o agricultor para, ao final, entregá-lo ao consumo.
Da análise do solo, sua consistência, permeabilidade, níveis de acidez (ph) e outras características adequadas ao tipo de plantio que lhe seja mais vocacionado, ou seja, à cultura mais apropriada ao terreno que o agricultor deseja explorar.
Em seguida, desvendada sua vocação e determinada as escolhas condizentes ao interesse econômico pretendido pelo agricultor, inicia-se o demorado trato na ação para adubá-lo adequadamente, a fim de que possa receber a semente que lhe seja compatível.
Depois, já realizado o plantio e com o sucesso das brotações, seguem-se as regas e as proteções apropriadas contra os constantes ataques de pragas que requerem especial atenção, tais como, formigas, gafanhotos, besouros, moscas, mosquitos, percevejos, lesmas, e as doenças decorrentes de seus ataques. Também, os desbastes e as as podas, praticadas em acordo com orientações muito bem estudadas.
E dá-lhe sol. E dá-lhe chuva. E dá-lhe tempo, e mais tempo, e mais cuidados, até que, finalmente, surjam as flores e, depois, os esperados frutos.
Aí, tem-se o tempo do desenvolvimento e da maturação dos mesmos. Por derradeiro, a colheita... a esperada colheita, seguida dos preparativos próprios à embalagem e transporte dos frutos. Despachados, transitam estradas, rodovias, até os centros de distribuição aos revendedores finais.
Só então, após toda essa odisseia, quando já, na casa do consumidor, à mesa, vem a degustação. O consumo. A hora do deliciar-se. Do lambuzar-se. E, nessa hora, ninguém quer saber do trabalho do semear, do brotar, do frutificar, da colheita. Nada importa. A hora agora é, simplesmente, de saciar-se. De comer (com os olhos e com a boca) ... com expectativas irrefreadas. Pois, fruto é tudo de bom. É bênção dos céus.
‘Bora comer!