Carlos Ferrara Junior
Início de setembro, quase primavera e, fui surpreendido com o convite para participar de uma das sessões de cerimônia de formatura, compondo a mesa solene, de três mil alunos do Colégio Liceu Brasil em Itaquaquecetuba, município do Estado de São Paulo.
O convite veio por meio de ofício assinado pelo Diretor da Escola, Sr. Lucas de Assis Costa, que também ocupa o cargo de Secretário Municipal de Educação daquele município.
Certamente honrado, solicitei maiores informações acerca do evento e, especialmente o porquê do convite dirigido a mim, na qualidade de Pró-Reitor de uma instituição de ensino superior.
O convite referia-se ao encerramento do ciclo realizado por meio de um projeto social denominado “Projeto de bolsas do Liceu” destinados a jovens e adultos oriundos do município e que se enquadravam nas condições sociais de baixa renda estabelecidas pelo Colégio para cursar um, dentre inúmeras opções de cursos profissionalizantes e eu, deveria estar no evento para levar uma palavra de otimismo e vitória.
Que projeto magnífico. Vários cursos – desenho, gestão comercial, alongamento de cílios, manicure além de muitos outros, bem como a formação de jovens aprendizes – foram ofertados e, os interessados que abraçaram essa oportunidade, estariam, nesse momento de jubilo, concluindo a que talvez seria a primeira etapa formativa de suas vidas. Lembrei do meu diploma de datilografia, conquistado lá pelos anos de 1978, momento em que iniciava minhas atividades laborativas.
Chegou o grande dia, momento de êxtase e múltiplas emoções para mim que até então estava acostumado a presidir inúmeras cerimônias de formatura, mas sempre de alunos que abraçam carreiras ditas tradicionais para um mundo que vive a emergência da era globalizada e consequente mudança de paradigmas. Agora, com jovens do chamado mundo Bani, frágeis, ambíguos e incompreensíveis.
Cursos diferentes, alunos mais do que especiais e eu lá, junto com o time de abnegados do Liceu, para ter alguns minutos de convívio direto com os formandos para tentar inspirá-los. Foi com minha fala, simples, singela e direta que apresentei minha trajetória de formação acadêmica, que iniciou em escola pública, partiu para duas graduações, seguiu por caminhos de especializações e programa de mestrado e doutorado, perpassou pelo pós-doutorado e culminou no maior dos presentes – ter sido eleito para ocupar a cadeira número 31 da Academia Cristã de Letras.
Certamente, os jovens formandos levaram um pouco de otimismo e, possivelmente entenderam que as oportunidades, especialmente as que envolvem a educação e sua formação, são únicas tendo sempre que agarrá-las uma vez que somente assim será possível ocorrer a transformação de suas vidas.
E eu, sai com a certeza de que é possível acreditar em líderes inspiradores que por meio da educação, estão dispostos a melhorar nossa sociedade para um celeiro de conquistas.