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Frances de Azevedo

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No site da Academia Cristã de Letras, este título me chamou a atenção: Livro de Biasotti Recupera o “ Cão na Literatura”.

Lembrei-me, imediatamente, do Anjo Que Veio para Alegrar/Unir, publicado na obra O Quinto Uni...Verso (poemas), de minha autoria, Editora Ar-Wak, 1ª. Edição, 2011, onde conto sobre Benji: o cão felpudo da família de minha irmã caçula aliás, de todos nós!

O Confrade Gabriel Kwak, da Academia Cristã de Letras, Cadeira 21, empossado em 24 de outubro de 2022, assina referido título, onde, em português escorreito e elegante - tal qual ele próprio se apresenta em nossas reuniões acadêmicas – discorre sobre o fiel amigo do homem abordado por Carlos Biasotti, desembargador aposentado do TJSP.

Gabriel, ao dizer que Biasotti: Prospectou em clássicos de nossa literatura páginas imortais sobre “matéria canina”, resgatando verdadeiras pérolas, e que o mesmo é ...um lidador das louçaneas do vernáculo, na verdade, emite encômios que se lhe aplicam também, fazendo jus à nossa Última flor do Lácio, inculta e bela, além dessas há outras magníficas frases como: ...exemplar na lhaneza sempre prodigaliza amigos e coetâneos... refluir aos nossos olhos...

Diz o Confrade Gabriel Kwak ser o livro de Biasotti gracioso.

Eu não li a obra, porém as pérolas que foram apresentadas sobre o fiel amigo do homem afloram tal qual o despontar dos primeiros raios de sol pela manhã, acenando para outras qualidades caninas.

Talvez até haja menção ao cão Hachiko, que inspirou o filme Sempre Ao Seu Lado, onde Richard Gere interpreta um professor universitário, dono daquele. Hachiko, fidelíssimo a este, acompanhava-o por todo lugar, inclusive costumava ir até a estação quando seu dono ia para a universidade e, assim, continuou após a morte deste, até que também veio a falecer após quase dez anos de inútil espera. Em homenagem ao peludo, foi erguida uma estátua.

Certamente, não foi incluído o cão Bob, cuja raça nunca foi revelada, pois, quando adentrou o lar de minha família, há muitas décadas, foi o que menos nos chamou a atenção. Éramos crianças, mais exatamente, estávamos na fase de transição da infância para a juventude, quando ele passou a fazer parte da família. Lá ficou por mais de uma década e, um dia, nos deixou transformando-se numa estrela canina. Talvez foi compor Sirius, da constelação Cão Maior (Canis Majoris), que representa o cão de caça de Órion, filho da deusa Gaia (representa a terra) e de Poseidon (deus grego dos mares e rios).

Martha Mattos Medeiros, escritora e poeta do Rio Grande do Sul, diz: O amor aos cães costuma ser acompanhado por uma certa perda de confiança no homem.

Eu diria que tal ocorre nos tempos hodiernos.

Lá atrás, quando recebemos nosso canino, conforme relatei acima, jamais, ou rarissimamente, de tal se cogitava, porquanto tratava-se de época na qual o aforismo bíblico crescei e vos multiplicai era seguido à risca, e, consequentemente, a criação e educação dos filhos não deixava margem à perda do humanismo.

Hoje em dia, temos visto um endeusamento desses fofinhos, de tal sorte que estes têm seu lugar garantido nos lares, nos carros, nos restaurantes e espaços públicos e, quando não, nas conversas.

Nas conversas?!

Sim, pois não há diálogo tranquilo, sequencial, quando aqueles estão por perto.

Ah, aliás, são chamados de filhos! São reis em suas casas! Têm plano médico! Guarda-roupa, vários brinquedos...

Bem sei que tudo isso sai mais caro do que cuidar de filho humano, pois já tive a curiosidade de xeretar preços em departamentos e lojas específicos. Aliás, nicho de mercado em ascensão!

Qual a razão da transferência/preferência do amor humano para esses seres de quatro patas?

Para não me estender, deixo tal questionamento para reflexão...

 

Frances de Azevedo -  Cadeira 39 da ACL