Fonte: Lázaro Piunti
O setor fabril foi pujante em Itu. Começou definhar no meio dos anos 60. Fábricas de Fiação e Tecelagem empregavam lindas moças e ajuizadas senhoras.
As fábricas São Luís e Maria Cândida se situavam perto da Igreja dos Padres Jesuítas (Bom Jesus).
A fábrica São Pedro funcionava na Graciano Geribello, descendo 21 de Abril, após a Rua Santana! Em uma dessas empresas trabalhava o mecânico “Vadeco” casado com Odila. Eles se conheceram quando Vadeco foi arrumar o tear em que ela trabalhava. Odila “não dava mole”, pois o Vadeco era bonitão e a robusta tecelã cuidava do patrimônio com o mesmo rigor de zagueiro raçudo de time varzeano. O ciúme de Odila era exagerado. Vadeco era fiel à dita cuja. Fofoca é coisa antiga e na fábrica todo mundo comentava a brabeza de Odila. Algumas senhoras tinham pena do Vadeco. Esse santo homem sofria calado! Repito: ele era um cara fiel. Certa manhã o leiteiro Augusto deixava a vasilha de leite na janela do casal, quando se assustou com a gritaria lá dentro. A porta estava meio aberta e Augusto entrou. A cena o deixou boquiaberto. Vadeco, só de cuecas, corria pela casa tentando escapar das chineladas da esposa furiosa. O leiteiro, amigo da família, tentou apaziguar a briga. Aquilo nem era briga, pois a mulher batia e o marido apanhava. Coisa louca! Odila parou pra tomar fôlego e Augusto pôde ver as costas do descamisado Vadeco. Tinha marcas de mordidas nas costas e algumas mordidas vinham até o tórax. Vadeco correu para o quarto seguido de Odila que reiniciara a sessão de tortura. Augusto foi atrás. Então o leiteiro viu, sobre a cama desarrumada, uma dentadura. Pronto! Charada resolvida! O infeliz Vadeco, durante o sono, perdera a dentadura e, se revirando no leito, se arranhara.
*O fato é real. Quem me contou foi o primo do Primo do meu irmão Arlindo!