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Minha voz tornou-se prisioneira do teu silêncio. Já não atendes aos meus chamados, ao meu clamor, aos meus gritos. Não ouves mais minhas súplicas por amor. Não respondes, sequer, aos sussurros queReinaldo Bressani 1 b6834 dizias serem brisas de acalanto e benquerer. Ages qual uma cordilheira barrando os ventos dos meus apelos.

E esses ventos se desfazem sobre as velas que não mais velejam. Sequer deixam rastros de sentimentos. Teu desprezo e teu silêncio são espinhos de roseirais sem rosas; são flores sem perfume; são pátrias que negam acolhimento aos filhos que regressam.

Mas, embora a tua ausência envolva-me nas trevas de uma aridez desesperançosa, dia a dia, momento a momento, mais e mais eu me aninho nesta minha esperança cega de reconquistar o teu amor.

Em meio às trevas que agrilhoam os meus desejos, reluz a vontade de que o vento retorne com os ecos daquele nosso benquerer repleto de paixão e de fragrâncias luminosas que afogueavam nosso peito. De que os ventos vestidos de claridade voltem a soprar por entre as ramagens verdejantes do amor, quebrando esse silêncio nevoento e atroz, e fazendo renascer em ti o sol que te afastou de mim.

Que as flores voltem a colorir as paisagens que um dia abrigaram nossos sonhos de amor, que eu acreditava serem verdadeiros qual a luz do Sol que ainda reluz esta minha esperança.

E nesta maré de miragens nada transparentes, sigo pelas ondas sopradas pelos ventos do amor que um dia aportou em meu peito, na esperança de que, torne a ser como antes, um mar remansoso e acolhedor; um céu límpido, mergulhado num azul celeste... profundo; um luar, com aquela luz de claridade alva, suspensa no infinito, a inspirar a mim e a ti, abraçados e aquecidos pelas juras que dizíamos eternas, e que continuo a acreditar serem verdadeiras. Tanto é, que jamais deixaram de ressoar em meu coração.