Dizem que Deus é brasileiro e estaria preocupado com a atual situação política no Brasil. Por isso encarregara São Pedro, chefe de gabinete do céu, para cuidar do assunto.
São Pedro, escoltado por Miguel Arcanjo, santo chefe guerreiro da milícia de anjos da suprema corte celestial, convocou para uma reunião os dois personagens envolvidos na guerra eleitoral: Jair Bolsonaro e Lula!
Ambos se apresentaram vestidos à sua maneira: Bolsonaro, armado de túnica militar de oficial graduado e quepe à cabeça. Lula, esportivo, com um boné do MST cobrindo o crânio até as orelhas.
Julgando-se esperto, trouxe o seu vice, o qual não fora convidado. Fiel ao estilo, Geraldinho trajava terno e gravata. A camisa de linho branco, importada, escondia o cinto de cilício feito de arame fino e liso, reforçado de estopa grossa e áspera, que vai chicoteando a pele. (Clássico modelo de sacrifício inspirado nos ensinamentos do religioso espanhol José Maria Escrivá, fundador da Opus Dei).
São Pedro se reuniu com os três e perguntou a Bolsonaro qual seria a sua ideia para resolver o conflito. Bolsonaro foi direto: “Camarada Pedro, eu ganhei a eleição, tal kei? E esse sujeito é um descondenado, tem de voltar pra cadeia, tal kei”?
Pedro anotou e passou a palavra ao Lula, que foi logo dizendo: “companheiro Pedro, eu ganhei a eleição, entende, o lugar é meu, ou seja, esse cara tem que desocupar o beco e a minha proposta é que esse infeliz seje enviado pros quintos dos infernos, pois já passou da conta, companheiro”.
Coçando longamente a venerável barba, São Pedro, por diplomacia, resolveu perguntar ao Geraldo Alckmin se ele teria alguma sugestão a oferecer, em contrapartida a ideia de Bolsonaro de devolver Lula à cadeia ou à proposta de Lula de despachar o Jair aos quintos dos infernos.
Com o seu sorriso malicioso, Alckmin falou suavemente: “Meu querido São Pedro, eu proponho a Vossa Santidade levar os pedidos ao nosso Santo Pai Eterno e, humildemente, rogo com muita fé, sejam estes dois senhores atendidos”. E concluiu candidamente: “Quanto a mim, como fiz no passado em relação ao meu saudoso chefe Mário Covas, aguardarei pacientemente o desfecho”!