Lázaro Piunti
Conta-se a história de um sujeito que imitava as vozes dos animais.
No lugarejo onde morava ele divertia o povo com as suas peripécias. Imitava bichos e aves, mas sua especialidade era o grunhir do porco.
Certa ocasião um estranho de passagem pelo lugar disse ser também imitador e o da casa, preocupado, desafiou o visitante. Queria liquidar logo a possível futura concorrência. A disputa empolgou o povoado e o tira-teima foi marcado para o domingo depois da missa, no pequeno teatro da igreja.
A ansiedade era grande. Quem melhor imitaria o grunhido do porco? O conhecido imitador subiu ao palco e fez a sua ruidosa apresentação ganhando os aplausos da plateia.
Chegou a vez do concorrente e ele apareceu no palco vestindo um largo capote preto. Fez o seu papel, mas, foi vaiado. “Puxas-saco” do da casa, infiltrados na plateia, lideraram os apupos e a gente do lugar, feito manada, acompanhou.
Cessadas as vaias, o estranho abriu o capote exibindo um leitão que ele trazia escondido. Os assistentes se calaram quando ele declarou que o grunhido era do porquinho e não dele. O imitador local não passava de um plagiador barato.
Nos tempos de hoje o Brasil está cercado de imitadores. São embusteiros, manipuladores da verdade, falseadores da boa fé.
Eles pululam em diferentes praças, no teatro da vida. Repercutem ambições e devaneios nos gritos de apoio aos detentores do poder de mando – obedientes ao seu comando! Uma fidelidade canina! Gritam pela Liberdade exigindo, paradoxalmente, a volta do AI-5, sem a mínima ideia de que Ditadura pressupõe o cerceamento das Liberdades.
Pregam o fechamento da suprema Corte, por desconhecerem as lições da História, pois, um País sem Justiça fere de morte a Democracia.
Culpam o Congresso, deslembrados de que a sua composição, boa ou má, emerge do voto do próprio povo!
Dia virá em que o falso grunhido será derrotado pela voz dos sábios!
Até lá, infelizmente, não será reconhecido o grunhido original do porquinho inocente!