Geraldo Nunes*
O astronauta norte-americano Neil Armstrong, primeiro homem a colocar os pés no solo lunar, desfez o mito de que no espaço seria possível ver Deus, mas a partir de então surgiu nele um sentimento de universalidade que o levou a professar sua fé no criador, nas diversas palestras que fez. Muito distante da lua, mas nos céus da metrópole passei também a ter sentimento especial pelas coisas divinas ao avistar igrejas
Quando iniciei minha atividade de repórter aéreo em uma emissora de rádio, vez por outra me perdia em meio a imensidão de edifícios e buscava nas igrejas, algum ponto de referência. Elas são diferentes dos prédios, quase todos retangulares empilhados como brinquedos no formato de dominós. De tanto olhar com atenção para as igrejas desenvolvi, acredito, um sentimento de felicidade íntima ao pensar em Deus, parecido talvez ao de Neil Armstrong.
Existem na Pauliceia igrejas lindas quando vistas do alto e a Basílica de Nossa Senhora da Penha é uma delas. Percebam nesta foto aérea, como o arquiteto caprichou no desenho dos telhados.
Vista de frente, a paróquia também ostenta beleza.Diz a lenda que um viajante francês que seguia da Piratininga de outrora, para o Rio de Janeiro, pernoitou nas imediações de onde hoje está a principal igreja deste bairro.
Na bagagem trazia consigo uma imagem de Nossa Senhora da Penha de França e no dia seguinte, ao retomar a viagem, notou que a santa não estava com ele.
Retornou e encontrou a imagem onde a tinha deixado. Sua conclusão foi que a santinha queria ficar ali.
Permaneceu então mais uns dias e construiu aquela que teria sido a primeira capela em louvor a Nossa Senhora da Penha.
A santa ficou tão querida que a partir do século 19 foi transformada em padroeira de São Paulo.
Todas as vezes que a cidade era assolada por epidemias de varíola ou por secas prolongadas, a imagem era conduzida em extensas procissões que seguiam da Penha até a antiga Igreja Matriz, então situada na atual Praça da Sé.
A Penha surgiu como freguesia e depois bairro, em 1668, por iniciativa do padre Mateus Nunes de Siqueira e seu irmão Jacinto Nunes de Siqueira.
A Penha faz limites com o Tatuapé, Belenzinho, São Miguel Paulista e com o vizinho município de Guarulhos.
Qualquer hora conto mais, sobre as Igrejas de São Paulo
*Geraldo Nunes é jornalista e ocupa a cadeira 27 da Academia Cristã de Letras