Lázaro Piunti
(Nasci e vivi numa pobreza satisfeita – João XXIII).
Se eu disser que medo não tenho estarei mentindo.
Por muito que creia - pelo tanto da fé acumulada ao longo do tempo - a incógnita sempre representa um tremendo desafio.
O que virá depois?
Conforta-me ter vivido quase em plenitude os meus dias!
Arrependimentos? Sim, carrego alguns.
Se voltasse ao passado, por certo erraria menos.
Lamentações? Persistem!
Não soube vencer a dor com mais amor.
“Ao temperar a lágrima acabei salgando o pranto”!
De todo modo não me consta ter fugido à voragem da tempestade.
Embora nem sempre conseguisse me equilibrar ao vento.
Por vezes, tropecei, ao dançar sob a chuva!
Resisti! Afinal, diuturnamente me nutri de Esperança.
E me alimentei de sonhos para ver o brilhar do sol seguinte!
Apaixonei-me! Sim! Naquele verão! E amei!
Vieram os filhos, passageiros de alegrias sem conta. E os filhos dos filhos.
(Netos - é doce defini-los como “sobremesa da vida”)!
Hoje vivo o pré-instante. O limiar da partida. A consumação do Fato.
Quanto ao amanhã...
Não posso fazer apostas. Ou planos.
Só a espera!
(19-03-2022).