Di Bonetti
A vida é volátil. Sabemos disso, mas evitamos pensar, fazemos de conta que não. Fingimos controle. Vivemos como se o amanhã estivesse garantido, como se as pessoas que amamos fossem eternas, mesmo sabendo — no fundo — que tudo pode mudar num estalo de dedos.
Evitamos pensar que tudo pode se transformar a qualquer instante, até que algo nos sacode e nos lembra da fragilidade que carregamos. E quando esse estalo ecoa perto demais, quando a possibilidade de perder alguém que amamos se insinua, o coração se retrai, a alma se cala, e o mundo parece vacilar sob nossos pés.
Foi assim que me senti quando soube do risco, da situação delicada vivida por minha amiga tão querida, Angela. Só de imaginar sua ausência, o ar me faltou. Meu coração se apertou num silêncio que gritava enquanto ela com bom humor, relatava o fato ocorrido. Porque ela é mais do que amiga — é presença iluminadora, é gesto generoso, é escuta rara. Uma mulher que, com seu jeito firme e sensível, abraça o mundo com humanidade. Angela é dessas pessoas que fazem a diferença simplesmente por existir. Tudo nela é presença que conforta, que soma, que inspira.
Um capricho da anatomia, uma artéria em risco desviando seu curso por um triz nos pregava uma peça. E o tempo, esse fio tênue da existência, quase se desfazendo entre os dedos do destino.
Mas Deus, com sua infinita sabedoria, colocou a mão. E o fez através do mais puro amor terreno: o amor de um filho. Foi ele — filho de sangue e alma — com a firmeza de quem conhece o valor da vida que gerou a sua, agiu rápido, no momento exato, com a presença atenta, a ação certeira. Salvou-a. Protegeu-a. Foi um anjo de carne e osso — daqueles que não voam, mas sustentam.
E hoje, com o coração mais calmo, aliviada, só posso agradecer. Pela vida da Angela. Pelo amor do Thalles. E por esse lembrete silencioso de que o mundo precisa de pessoas como ela. E, eu também.
15/04/2025