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Frances de Azevedo 2 56cceCRÔNICA DE UM POEMA

Agosto/2020

 

Partindo deste poema, de minha autoria, inicio esta crônica:

O LAMPIÃO

O lampião na varanda,/Lá do alto, sempre espreitava:/De dia, a bela ciranda/Bem alegre que encantava!/ De noite, bem confortável,/Nas cadeiras de palhinha,/ O pessoal, sempre amável,/ Desfiava a ladainha!/Nas festas do calendário,/ Com muita música e dança,/ À frente do Casario,/ Tudo era eterna esperança!/ De madrugada, no silêncio,/ Tudo se modificava:/Sentia um grande vazio,/Quando a lua não estava!/ Hoje, que o tempo passou,/ E as sombras vagam na casa,/ Ele, que tanto sonhou,/ Também, por entre elas, passa!

Inezita Barroso, faleceu em 8 de Março de 2015 (Dia Internacional da Mulher!). Posto detentora de inúmeras qualificações, como professora, apresentadora de rádio e televisão, bibliotecária, atriz, foi, e ainda é, mais conhecida como cantora, por suas canções eivadas de nostalgia, e muitas, sobre o nosso folclore.

A canção: Lampião de Gás, de autoria de Zica Bérgami, falecida em Abril de 2011, e consagrada pela interpretação de Inezita, nos remete ao passado, à época das casas de fazenda, onde a luz elétrica não existia ou, ainda, não havia chegado.

Lampião de gás,
Lampião de gás,
Quanta saudade
Você me traz!

Pensando, pois, neste objeto tão útil, fui tangida para o passado, e escrevi o supra aludido poema Lampião, que me levou ao tempo dos meus avós, onde, estes transmitiram à mamãe suas histórias de vida, ao pé do fogão à lenha, local aconchegante de reunião familiar à época.

À noite, na varanda, era o lampião de gás, a espreitar tais reuniões, algumas vezes, com vizinhos ou amigos.

Não havia televisão nem rádio! O que valia mesmo era o bate-papo, a conversa, os causos contados que atraiam a atenção!

Tais imagens, traduzidas metaforicamente, refletem essa beleza centenária desses tempos bucólicos, onde, após o regime monárquico de D. Pedro II, ocorreu a Proclamação da República (1889) e, dois anos depois, a primeira Constituição da Republica Federativa dos Estados Unidos do Brasil (1891)...

Nossa! Quando tempo! Diriam alguns... Todavia, certo é que, muitas vezes, não nos damos conta, não paramos para questionar o passado, principalmente o nosso passado familiar, onde, certamente, preciosidades poderão ser encontradas e nos encantar e enriquecer! Também, certamente, notaremos que o tempo, muitas vezes, é um grão de areia nessa imensa colcha de retalhos da vida!

Ah, hoje que o tempo passou e as sombras vagam na casa, ele que tanto sonhou, também, por entre elas passa...

Frances de Azevedo
Secretária Geral da ACL
Cadeira 39