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Francesa de Azevedo - 

Não me recordo quando, mas, há alguns anos, assisti a um filme, com Clint Eastwood e Meryl Streep, denominado As Pontes de Madison. História de um fotógrafo, com quarenta e poucos anos, que, numa de suaspontes de madson da9bahttps://www.johnweeks.com/ andanças, passou, lá, pelo Big Sur, Califórnia, onde viveu uma linda história de amor.

Esse filme ficou impregnado em minhas lembranças por vários motivos, sendo, um deles, certamente, por envolver uma ponte.

Sou fascinada por essas construções. Aonde quer que vá, ao me deparar com uma, corro em sua direção, como se fosse um portal que eu pudesse transpor e me levasse a outra dimensão. Não sei... Quem sabe!

Há uma magia, um quê de mistério que envolve as pontes.

Viajando por alguns países do Leste Europeu, Alemanha, mais precisamente, passei por diferentes pontes: Pontes bucólicas. Pontes fechadas. Pontes abertas. Pontes baixas. Pontes altas. Pontes com torres. Pontes sobre rios. Pontes floridas, Pontes isoladas. Pontes de madeira. Pontes de pedras. Pontes sobre fossos. Pontes seculares. Pontes levadiças. Pontes...

Ah, na África do Sul, passei por uma ponte de ferro incrustada, de ambos os lados, nas rochas do Blade River Canyon!

Essa atração que as pontes exercem sobre mim, talvez tenha a ver com o meu lado poético. Não sei... Só sei que não consigo resistir. Elas, as pontes, estão, sempre, a me chamar. É irresistível!

Ponte, como se sabe, permite interligar ao mesmo nível um lugar ao outro quando há obstáculos naturais ou não. Porém, há pontes que, simplesmente, servem para adornar, enfeitar o ambiente: São as pontes bucólicas!

Há também as pontes imaginárias que vamos construindo ao longo de nossa existência. São braços que interligam nossos sonhos, nossos projetos... As pontes que levam nossos pensamentos pelos espaços de nossa imaginação. As pontes de ligação que perpassam nossa infância, juventude e chegam até os dias atuais...

Assim, As Pontes de Madison me levaram, por incrível que pareça, a Robert James Waller que estreou na literatura em 1992 com essa obra de enorme sucesso, com milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro. Também publicou Valsa Lenta e Uma Canção na Estrada. Ele nasceu em Rockford, em Iowa.

Como me deparei com ele?

Um dia, caminhava com minha inesquecível irmã primogênita Flórence, pelo Bairro do Brooklin onde a mesma residia, quando, numa banca, na calçada, em frente a uma livraria, um título me chamou a atenção: De volta Às Pontes de Madison, Os Caminhos da Lembrança. Essas duas últimas palavras em letras douradas e, logicamente, a foto de uma ponte com gradil de madeira e cobertura vermelha. Ponte Coberta. Meu coração deu um salto! Não pude acreditar! Eu disse à minha irmã: Fló, olha aqui, o que achei! Imediatamente o adquiri por um preço irrisório. Custasse o que custasse, logicamente eu o compraria.

Despiciendo mencionar que o li, várias vezes. Inclusive, agora, nesses tempos de confinamento social, estou relendo. E cada vez que o faço minha imaginação alça voo, galga alturas inimagináveis, levando meus pensamentos, a minha alma, a viajar e viajar por plagas nunca dantes sonhadas!

Esse o poder de um livro, onde o escritor tem o dom de magnetizar, de nos levar junto com sua história. É maravilhoso! Transcendental!

Bem haja, pois Robert James Waller e tantos outros escritores que, com seu dom incrível nos conduzem por suas pontes bem construídas com palavras!

E o que falar de artistas plásticos que, com seus pinceis mágicos, delinearam tantas e tantas pontes?!

O mais conhecido é Claude Monet (Movimento Impressionista) que chegou a pintar a Ponte Japonesa seis vezes!

Rodrigo Andrade pintou Velha Ponte de Pedra ou, numa primeira versão, Ponte Sobre Um Riacho ao Entardecer.

E as pontes dão a volta ao mundo. Acredito que cada país, cidade, lugar ou lugarejo, possui uma ponte, que é a sua ponte. Não importa se bela ou não, pequena ou grande, particular ou pública, sempre há uma ponte no meio do caminho...

Partindo de São Paulo, temos aqui: Ponte Estaiada (Ponte Octávio Frias de Oliveira). Ponte Ercílio Luz, em Florianópolis, Santa Catarina. Ponte dos Korff (1906) em Caxias do Sul (sua estrutura veio da Alemanha). Ponte Rio Negro (Amazonas), com quase 3.600 metros de comprimento e a segunda maior ponte Estaiada sobre um rio no mundo!  Ponte Levadiça do Guaíba, no Rio Grande do Sul. Ponte Newton Navarro, Natal, Rio Grande do Norte. E muitas outras pontes pelos nossos Estados e cidades...

Cada país, sem exceção, tem sua ponte. Ponte Nova (Ronda, na Andaluzia, Espanha). Ponte de Alexandre II, Paris, França. Ponte Helix, em Singapura. Ponte das Correntes. Budapeste, Hungria. Golden Gate, em São Francisco, Califórnia, EUA. Tower Bridge (Ponte da Torre, Londres, Inglaterra). Ponte Vecchio, Veneza, Itália...

Cada uma com sua história, sua beleza, sua magia, sua utilidade!Frances de Azevedo 1 25820

Obviamente que os poetas versejaram, cada qual, sobre as pontes.

Fernando Sabino: Façamos do sonho uma ponte...

Marilene Mees Pretti: A Ponte e a Cerca, cuja última estrofe assim reza:

Sejamos PONTES...

Derrubemos CERCAS...

Seremos de companheirismo uma fonte...

Para que muita alma não se perca.

Vinicius de Moraes: A Ponte de Van Gogh (2004):

A estação é feliz: o guarda da ponte chegou a pintar

De listras vermelhas o teto de sua casinhola.

Eu, poeta, também. Porém, no momento, só me lembro desta estrofe:

E no meio da ponte se encontraram.

Espero que cada um tenha sua Ponte, ou construa uma, para que possa trafegar entre sua imaginação e a realidade. Assim, nesse dueto, os seus dias terão mais leveza...

Frances de Azevedo -  Cadeira 39 da ACL