Frances de Azevedo - 04/02/2021
Saber conviver é uma arte!
O que isso quer dizer?!
Há um tempo, eu estava num supermercado, quando me deparei com uma discussão na fila do caixa.
Não sei qual foi o motivo. Aliás, este não importa, porquanto o ponto nevrálgico de referida situação que quero, aqui, ressaltar, é o tênue fio que liga razão e emoção.
Assim é que, num repente, rompe-se aquele, provocando o caos, levando à teatralidade, para não dizer ao vexame completo!
O arrependimento até poderá advir. Isso é bom sinal, pois significa que esse indivíduo está preocupado com seu crescimento pessoal rumo à sua elevação espiritual e moral.
Razão, segundo os léxicos, é:
- Faculdade de raciocinar, apreender, compreender, ponderar, julgar, a inteligência: “O homem tem a sua razão”;
- Raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo.
Emoção:
- Ato de deslocar, movimentar.
- Agitação de sentimento; abalo afetivo ou moral; turbação, comoção.
Ah, essa gangorra implacável, permeando nossa vida e, por vezes, nos levando à loucura. Só é possível passar incólume por ela se tivermos na algibeira de nossos conhecimentos a “Arte da Convivência”.
Convivência: Advém da palavra latina: conviventia, ato ou efeito de conviver, familiaridade, relações intimas, convívio, trato diário...
E quão difícil, complexa, ela é, pois requer muito de nossos sentimentos ligados tanto à emoção quanto à razão!
Aristóteles, filósofo grego, disse: “nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos”.
Digo que é melhor perder os sentidos do que perder a razão. Quando esta última ocorre, é um Deus nos acuda, pois o descontrole emocional se instala e a razão, que deveria, nesse caso, preponderar, abre caminho àquela!
Nas grandes cidades, nesse vai e vem cotidiano, nas ruas, no Metro, no trânsito, enfim, na convivência em sociedade, sabemos não ser fácil o trato com nossos semelhantes. Diuturnamente, ouvimos relatos de ocorrências, desde os mais leves – e, até bizarros – aos mais graves, chegando às vias de fato e, infelizmente, levando à morte!
Em nosso repertório musical temos várias letras que abordam o assunto, como: Brigas Nunca Mais, de João Gilberto; Brigas, de Altemar Dutra, entre tantas outras que nos levam a pensar se Amor e Razão podem coexistir...
Shopenhauer, em sua Metafísica sobre o Amor, ao filosofar sobre a existência deste, entre outras colocações, afirmou: Já que o amor existe, de onde vem tanto furor, tanto barulho, tanto ímpeto, tanta angústia e aflição?
Não é fácil, portanto, separar a emoção da razão. Temos que saber conviver com ambas. Assim como temos que saber conviver uns com os outros, relevando, entendendo as diferenças, trabalhando a empatia, engolindo, na medida do possível, múltiplos sapos, diariamente, para, à noite, antes de dormir, refletirmos sobre o papel de nossa existência neste planeta azul chamado Terra!
Será que eu tenho razão?!
Frances de Azevedo - Cadeira 39 da ACL