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  • Fonte: Francês de Azevedo

Assisti a um vídeo que me chamou a atenção pela profunda importância dessa palavra africana que apresenta inúmeros significados humanísticos como solidariedade, cooperação, respeito, acolhimento, generosidade, “entre muitas outras ações que realizamos em sintonia com a nossa alma (com o nosso ser interno), buscando o nosso bem-estar e a de todos à nossa volta. (In Mundo Ubuntu, em 02/07/2012). (Grifei).

No vídeo, é proposto um desafio por um antropólogo, a cinco jovens de uma tribo africana para que apostassem uma corrida e quem chegasse primeiro receberia um cesto de doces colocado debaixo de uma árvore. As crianças se alinharam para correr e quando ele ordenou a partida, elas juntaram as mãos e correram. O antropólogo, curioso, ao término da corrida, lhes perguntou por que deram as mãos para correr? Uma delas, respondeu: Ubuntu, tio. Como um de nos poderia ficar feliz se todas as outras ficariam tristes?!Frances de Azevedo 1 25820

É ou não é uma lição de solidariedade, de espirito humano e humanitário, de simpatia, de amor, de união, de respeito, de generosidade, de acolhimento, ao próximo?!

Indubitavelmente que sim!

Será que se tem notícia de história semelhante em outro continente?!

Sim! Graças a Deus! E tem muita e muita história de solidariedade. Histórias de Ubuntu!

Podemos citar as inúmeras Associações, ONGs, pelo mundo todo, que há muito tempo vêm praticando a solidariedade. Aqui, em nosso país, dentre outras, temos a ONG Gerando Falcões, a qual tem por objetivo conscientizar e ajudar crianças e jovens da periferia da zona norte a traçar seu próprio destino através da educação, cultura e lazer. 

Contudo, a maioria tem um viés que envolve pessoas adoentadas, catástrofes, como se a solidariedade só aflorasse nesses casos, haja vista a corrente solidária que se formou, agora, nesses tempos pandêmicos do Coronavírus, onde a ajuda humanitária para ajudar a quem teve seus rendimentos drasticamente reduzidos e/ou levar conforto espiritual àqueles que estão isolados a longo tempo.

Lembro também o Princípio da Solidariedade? O que seria este?

Como cidadãos no contexto social, para que haja harmonia, convivência pacifica, quer para o Estado e para aqueles, tem-se que tal princípio há de preponderar, certamente, em todas as áreas de relacionamento, como a Solidariedade Social (busca do bem-estar de todos); Solidariedade Jurídica (segurança jurídica de todos); Solidariedade Afetiva (nas relações de família) ...

Trata-se de princípio assegurado pela nossa Constituição Federal (1988), em seu inciso I, Artigo 3º. É a solidariedade que assegura o direito ao desenvolvimento do patrimônio comum, embasada na evolução dos direitos humanos adstritos à liberdade e igualdade.

Mais do que princípio constitucional, a solidariedade é uma virtude ínsita do ser humano. Ser solidário é ser humano, ter espirito de compaixão, é inspirar e propagar bondade, amor, alegria. É ter espirito humano e humanitário.

Diferentemente de empatia, pois, conforme nos ensina Frans de Waal, in A Era da Empatia (página 130, Companhia das Letras,2010): A solidariedade difere da empatia pelo fato de ser proativa. A empatia é o processo pelo qual nos damos conta da situação de outra pessoa. A solidariedade, em contraste, reflete nossa preocupação com o outro e um desejo de fazer com que a situação melhore.

A solidariedade nos impulsiona a seguir, ir em frente, fazer, executar, trabalhar, ajudar. Proporciona prazer, alegria, satisfação pessoal e amor à quem recebe e à quem faz!

Um pouco lá atrás, na história da humanidade, mais exatamente ao tempo da Idade Média, bem sabemos a que levou a falta de solidariedade, num tempo conturbado, onde imperava conflito de classe social com a burguesia no comando gerando injustiça social. É o Estado inibindo as ações positivas do ser humano, como ocorreu em diversos períodos, desde a Antiguidade.

O individualismo não encontra lugar na sociedade.

Thomas More, em sua obra Utopia (1513), cita que a natureza “quer que o bem-estar seja igualmente dividido entre todos os membros do gênero humano, e, desse modo, adverte-nos que não devemos perseguir nossos interesses à custa da infelicidade alheia. ”

Eis, pois, o UBUNTU seguido à risca, pelos meninos africanos.

Façamos, pois, o mesmo! 

Frances de Azevedo -  Cadeira 39 da ACL