Quem proferiu essa frase deveria entender bem do assunto. Afinal, mulher foi o que não lhe faltou na vida... Ele tinha 700 esposas e 300 concubinas! Os mais versados em Bíblia já concluíram que estou falando do rei Salomão, terceiro soberano dos hebreus, filho do rei Davi. O texto-título abre o capítulo 14 do livro de Provérbios, de que ele seria o autor. No capítulo 31 – o último desse mesmo livro – ele volta a tecer elogios à mulher, nestes exatos termos: “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis. O coração de seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma fazenda faltará. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida. Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com as suas mãos. (...) abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está em sua língua. Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da preguiça. Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada: como também seu marido, que a louva, dizendo: Muitas filhas obraram virtuosamente; mas tu a todas és superior. Enganosa é a graça, e vaidade a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada”.
Num ponto da zona rural aqui do Brasil, o casal estava tomando café na varanda. Os dois conversavam sobre trivialidades quando a mulher viu que uma vaca havia invadido a horta e estava devorando hortaliças, frutas e tudo o que encontrasse pela frente. Volta-se nervosa para o marido: “Tá vendo o que dá você não consertar a cerca? Com certeza ela passou por algum buraco! A culpa é sua!” “Minha não”, replica ele, “que eu consertei tudinho, tudinho! Ocê é que deve ter deixado o portão destaramelado, uai!” E enquanto discutiam, cada vez mais asperamente, de quem era a culpa, a feliz vaca se fartava de comer...
Na cidade de Dresden, norte da Alemanha, também um casal tomava café. De repente, nervoso, ele diz: “este café está horrível!” Para uma mulher qualquer, seria a chance perfeita para retrucar com algo como: “Ah! É? Você gosta é daquele purgante que faz a anta de sua mãe!” Como ofensa gera ofensa, ele não deixaria barato: “Boa mesmo é a água suja que faz a jararaca da sua mãe?!” Pronto! A partir daí, estaria escancarada a porta do “zoológico humano”, de onde sairiam “anta”, “jumenta”, “burra” e por aí afora! Ela, porém, era uma “mulher sábia”. Apenas usou as palavras mágicas: POR QUÊ?
Ela havia percebido que ele falara com irritação. Portanto, sob emoção. Se entrasse no mesmo canal, só iria “botar lenha na fogueira”. Ora, para dizer o porquê, ele teria que sair do lado emocional do cérebro – o direito – e ir buscar uma resposta lógica no racional – esquerdo.
“Porque tem um gosto ruim, parecendo mofado”!
Acatando a observação, ela concluiu que isso era possível, pois usava – como todas as demais pessoas da época – coador de pano. Ocorre que, depois de algum tempo de uso, mesmo sendo lavado, o coador retém partículas de café, que acabam comprometendo o gosto da bebida.
Ela então pegou um caneco, fez alguns furos no fundo, e colocou em seu interior um pedaço de papel mais absorvente, do tipo de mata-borrão. Filtrou nele o café e serviu-o ao marido, que o achou ótimo!
Isso aconteceu em 1908. Depois de algumas experiências, o casal resolveu comercializar o produto. Mais tarde Horst, seu filho, assumiu a pequena firma e a transformou numa grande empresa, mudando sua sede, em 1919, para Minden, onde se encontra até hoje. Mais do que isso, hoje ela é uma das 100 maiores empresas da Alemanha, estando presente em mais de uma centena de países e fabricando mais de 160 itens ligados a café, cafeteiras e afins...
Sim, estamos falando de Melitta Benz (1873-1950), uma mulher sábia. E também virtuosa, que não se contentou em apenas “edificar a sua casa”, mas também em construir um império empresarial!