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Rosa Maria Custódio (Outubro/1986)

No Brasil, um país tão grande e tão dividido pelas desigualdades socioculturais e econômicas, resultado da exploração do homem pelo homem, o serviço de vídeo texto vai demorar a chegar para a maioria das pessoas. Mas nem por isso estamos impedidos de lançar nosso olhar para o futuro, pois só assim o futuro vai se tornando presente em nossas vidas.

Quando eu morava no interior do RS, e estudava à noite no curso Ginasial, isso nos anos 60, ouvi falar pela primeira vez em “Cibernética” (ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle das mensagens e informações, não só nos organismos vivos como também nas máquinas). O professor explicava a importância do desenvolvimento dessa ciência para o futuro da sociedade, mas eu estava distante desse conhecimento que não conseguia compreender exatamente do que se tratava.

Registrei apenas que Cibernética era uma ciência relacionada com os avanços tecnológicos e desempenharia um papel importante na vida do homem na sociedade. Desde então, o desenvolvimento tecnológico na área da Informática e das telecomunicações tem sido surpreendente. Eu me pergunto até que ponto o ser humano aguenta tanta mudança, tanta transformação em tão pouco tempo.

Acho que estou falando de mim, pois recordo minha infância no interior de SC, onde não tínhamos nem luz elétrica. Foi aos 15 anos, já morando no interior do RS, que usei pela primeira vez, o telefone. Mas aos 21 anos eu já estava andando de avião a jato e isso passou a ser uma rotina na minha vida. E hoje só vejo e ouço falar de discagem direta à distância, gravações digitais a raio lazer, vídeos e sistemas audio-visuais, computadores e microcomputadores, e comunicação via satélite.

Agora surge o videotexto, um novo serviço de informações que a rede de telecomunicações pode prestar à população. Fazendo uso do televisor doméstico acoplado à linha telefônica por meio de um adaptador, os usuários dos serviços dessa rede poderão receber as mais diversas informações que estarão armazenadas numa central de computadores. Isto é, cada um de nós, num futuro não muito distante, poderá contar com os recursos da computação eletrônica nas nossas próprias residências.

Sem sair de casa e no horário que melhor nos aprouver, teremos ao nosso dispor tudo o que houver, em termos de informações, dos mais recentes aos mais antigos registros. Do noticiário local, nacional ou internacional, às informações meteorológicas, aos anúncios comerciais, guias de hotéis e restaurantes, programações de televisão, cinema, teatro, shows, eventos, seminários, conferências, preços de passagens e horários de viagens de ônibus, trens, aviões e muito mais.

Além disso, o videotexto poderá ser usado nas empresas para as mais diversas aplicações e admite ainda a troca de mensagens entre usuários e fornecedores e, posteriormente, entre os próprios usuários. Poderá também ser utilizado no estabelecimento de subsistemas para uso exclusivo de grupos com número limitado de usuários, que terão acesso à informações especializadas.

Sinceramente, com tudo isso, às vezes, tenho a impressão de estar vivendo mais no futuro do que nos presente. As transformações são tão rápidas que nos surpreendem num piscar de olhos. Para não pirar, porque o ritmo da parafernália é alucinante, o jeito é procurar se adaptar aos novos tempos e pensar em novas filosofias.