Conta-se ter sido perguntado a Galileo Galilei, já idoso, qual era a sua idade. Ele respondera: “tenho sete, talvez oito anos”. A resposta confundiu seus discípulos, pois era sabido que ele estava fazendo 70 anos naquele dia. Para tranquilizar seus amigos e alunos, o famoso astrônomo, físico e matemático florentino explicou: “o tempo que vivi já não conta; vale o tempo que viverei e, pela minha idade e condição física agradecerei a Deus se viver mais sete ou oito anos, talvez dez”.
Galileo Galilei nasceu em Pisa no dia 15/02/1564 e faleceu em 8/01/1642, perto de completar 78 anos.
Católico fervoroso, ele enfrentou dissabores com a Igreja, por defender suas ideias que, séculos depois acabaram reconhecidas pelo Vaticano e aplaudidas pelo mundo científico.
Em seu livro “Sidereus Nuncius” (O Mensageiro das Estrelas), reunindo apenas 24 folhas escritas, ele desvendou os mistérios da Via Láctea, descobriu os satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e decifrou as montanhas e crateras da Lua.
Suas obras - fruto de intensa pesquisa – foram censuradas e incluídas no Index Librorum Prohibitorum (Índice dos Livros Proibidos).
A 1ª versão do poderoso “Índex” nascera do ato emitido pelo Pontífice Paulo IV, bem antes - em 1559.
A última versão foi publicada em 1948.
Felizmente em 1966, Paulo VI, um dos mais lúcidos Papas da Igreja, aboliu a legislação repressiva. Até então, um livro apto a ser lido pelos católicos necessitava do “nihil obstat” (nada impede) com o carimbo do “IMPRIMATUR” (deixe estar impresso).
Atualmente a Igreja emite o “Admonitum” (Advertência), alertando os católicos quanto aos perigos contidos em determinadas obras.
Este artigo tomou rumo distinto ao planejado por mim inicialmente. Devo, pois, finalizá-lo.
No último domingo, 13 de outubro, completei 73 anos de vida terrena.
Permitam-me, os que me leem parafrasear Galileo Galilei e dizer que “os anos que eu tenho, nesta altura, giram em torno de sete, oito anos, talvez dez...”.
Ao Criador rogo conceder a graça de viver o que me resta de tempo tentando tão-somente ser útil ao próximo.
Lázaro Piunti -