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Rosa Maria Custódio (Agosto/2009)

Nestes tempos de globalização não existe mais espaço para ufanias nacionais. Mesmo assim, aqueles brasileiros que verdadeiramente amam a sua pátria e trabalham para a construção de um país mais honrado e equilibrado nas suas relações sociais, envergonham-se do triste cenário político, onde os governantes agem às avessas daquilo que costumam propagar como fundamento de suas ações.

Demagogia, arrogância, prepotência, soberba, apropriação indevida dos bens públicos, vaidade, muita vaidade, bazófia, cinismo, hipocrisia, descaramento, despudor, são apenas alguns dos substantivos e adjetivos que podemos usar para caracterizar a grande maioria dos homens públicos de nosso país que, por ignorância, ilusão ou perversidade mesmo, venderam suas almas ao diabo. E continuam reinando.

Os profissionais da Imprensa e da Mídia, como guerreiros do bem se arvoram em defesa da sociedade. A maioria defende os fundamentos do Estado democrático, como se ele existisse de fato, mas não se cansa de informar que o rei está nu. O rei momo desfila nas páginas dos jornais e nas telas coloridas dos noticiários televisivos, mostrando todos os seus lipídios e sebos, enquanto, nas arquibancadas, o populacho borracho aplaude sem se dar conta de que a vida poderia ser muito mais bonita, sadia, feliz, se não tivesse que pagar a conta desse espetáculo fantasioso, deprimente e sórdido.

Nos bastidores, os nossos incansáveis profissionais da imprensa e da mídia televisiva, fazem das tripas coração para obter o melhor ângulo, o melhor close-up do nariz, ou da orelha, ou do dente de ouro, de sua majestade, o momo, e assim fazerem jus ao prêmio máximo, concedido por outro momo seboso, o Indicador de Audiência.

Os jornalistas, como meros técnicos, não precisam de diploma. A eles compete registrar e escrever a história que se repete. O espetáculo continua com o desfile pomposo das três escolas clássicas (executivo, legislativo e judiciário) que se alternam, incansavelmente, no mesmo ritmo, no mesmo compasso, numa orgia perpétua. Seus representantes supremos, autocertificados de sua imortalidade, vão à frente, e repetem os mesmos gestos ensaiados, arrancando das arquibancadas a aclamação delirante.

Os jornalistas, os repórteres, os profissionais da mídia em geral, não precisam de diplomas. Os mais experientes, aqueles que compreendem o que realmente está em jogo, quando decidem virar a mesa, ou deixar de serem marionetes, são excluídos do baile. São substituídos pelos mais jovens, fascinados pelos holofotes, confetes, serpentinas, e migalhas da corte.

Sem proteção legal, sem aposentadoria decente, sem um lugar ao sol, ao profissional maduro, resta apenas a compreensão de que passou a maior parte do seu tempo atuando como um inocente útil. Mas, ainda é tempo de criar um novo enredo, antes do próximo desfile.