As eleições de 2018 foram explícito recado para a classe política. Tudo aquilo que vinha acontecendo teria de merecer um “basta”. Nada de troca de favores, nada de tornar o Erário, fruto do suor e do sangue do povo miserável, refém dos interesses pecaminosos de quem confunde a coisa pública com a privada.
A renovação de 47% do Parlamento era a esperança de novos costumes, afinados com a ética. Afinal, a moralidade pública estava na UTI e os brasileiros ansiavam por novos tempos.
Já estamos em 2020, algo se fez, é forçoso reconhecer. A Reforma da Previdência passou, embora um pouco fragilizada pela ação do corporativismo. Tenta-se diminuir a burocracia, cemitério das melhores intenções e fator de desespero daqueles que querem produzir, mas encontram no Estado o inimigo cruel e implacável.
Só que o Parlamento precisaria fazer mais. Quem é que, no Brasil, concorda com o famigerado “Fundo Partidário”?
Ainda há pouco, na reforma trabalhista, conseguiu-se enfraquecer a exagerada força dos Sindicatos, que impunham uma contribuição compulsória, nem sempre destinada a favorecer os seus associados.
Por que não fazer o mesmo em relação aos Partidos Políticos?
Não é sensato, no momento em que aumentou a miséria e a pobreza, em que há pessoas passando fome, em que faltam recursos para setores essenciais como a educação, saúde e saneamento básico, ainda haja quem defenda um aumento nessa sangria.
O fortalecimento dos Partidos deve ser um esforço dos seus filiados. Quem quiser participar da vida partidária deve sustentar a sua agremiação, por encontrar nela uma identidade com a qual se identifique.
Sustentar a máquina partidária para continuar a fazer aquilo que sempre fez, ou seja, manter nos cargos eletivos os que tornaram a política uma profissão, não é o que o Brasil espera nesta turbulenta era em que as redes sociais dominam a opinião pública, embora manipuladas por algoritmos a serviço de não se sabe quem.
Quem é que concorda com o aumento dessa verba que faz falta para tanta coisa essencial, destinando-a ao Fundo Partidário? Houve consulta pública? Qual o resultado dela? Você, leitor, foi consultado a respeito? O que acha dessa medida?
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-Graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020 e Acadêmico na ACL.