O recém-nomeado ministro da Saúde expressou em conferência médica anos atrás, a seguinte indagação: “se você tivesse uma verba limitada para adquirir determinado medicamento e dele necessitando um idoso e um jovem, e, opcionalmente, só podendo socorrer um paciente, quem teria sua preferência”? A questão tem gerado agora amplo debate na mídia. Considerei oportuno refletir quanto ao tema. (LJP).
Um professor de ética propôs certa vez a seguinte questão: uma junta médica realizava um parto complicado e a situação da gestante tornou-se subitamente desesperadora. Para salvar a futura mãe era necessário sacrificar o bebê; permitir que a criança nascesse implicaria inevitavelmente na morte da mulher.
“Qual Seria a Sua Decisão, Como Médico, Nessa Circunstância”?
Minha vida pelos meus netinhos!
Na próxima primavera brindarei os meus os 74 anos. É o outono da vida.
Se a irmã-morte - como a designava São Francisco de Assis - viesse a mim perguntando: “Lázaro José, vou levá-lo, mas, se quiser, concedo-lhe mais uns bons anos, trocando-o por um dos seus netinhos”... Eu a amaldiçoaria pela proposta indecente e não me intimidaria em desafiá-la. Ela cumprisse sua missão fatalista, pois jamais negociaria o prolongamento da minha vida ao preço infame da saúde dos meus.
Digamos que o corona-vírus me alcançasse e eu fosse transportado ao hospital de campanha. Por sorte, um último respirador disponível seria liberado para mim significando a minha salvação. Porém, naquele instante, em estado desesperador, vitimado pelo mesmo mal, o hospital recebesse um jovem da periferia... Sua sobrevivência dependendo do último aparelho!!! Nesse momento soará em minha mente um antigo hino de louvor que a gente cantava nas missas da juventude: “PROVA DE AMOR MAIOR NÃO HÁ QUE DOAR A VIDA PELO IRMÃO”.
Será o meu ofertório! Um tremendo desafio à minha adesão a Cristo! Oxalá a graça divina me dê forças para não rejeitar do conteúdo desse cálice. E, se não puder balbuciar ao médico o meu SIM, impedido pelo líquido mortífero que inundando os pulmões secará a garganta silenciando a minha voz, um aceno de mão confirmará minha vontade. Caso tolhido o derradeiro gesto, Deus, que lê o pensamento, registrará a minha concordância.
Lázaro José Piunti