Rosa Maria Custódio (Julho/2007)
A prefeitura de São Paulo já tomou providências para fazer cumprir a lei 14.473, publicada no Diário Oficial no dia 11 de julho deste ano, que obriga toda escola municipal a hastear a bandeira brasileira e seus alunos, professores e funcionários, a cantar o Hino Nacional pelo menos uma vez por semana. Além disso, será realizada, anualmente, entre 05 e 19 de novembro, uma Campanha Cívico-Educativa com palestras e audiovisuais que serão divulgados pela rádio e televisão.
O cumprimento dessa lei municipal pode representar um bom começo no sentido da construção de uma nova cidadania; um incentivo para que as crianças e jovens cresçam mais integrados com os símbolos que representam a identidade de seu país. Aprendendo a respeitar os bens públicos, sejam eles materiais ou simbólicos, essas crianças e jovens, com certeza, vão estar menos propensos a se enredar no espírito de vandalismo que anda às soltas nas grandes cidades, pichando casas e muros, sujando parques e jardins, destruindo objetos culturais e artefatos sociais.
Antes de aprender a respeitar os bens públicos, essas crianças e jovens, precisam perceber, no fundo de seus corações e mentes, que são amadas e respeitadas nas famílias onde nasceram ou são acolhidas, nas escolas onde estudam, nas cidades onde moram, no país que elas vão servir com dignidade, se crescerem com dignidade. Tudo isso exige famílias bem estruturadas, escolas e cidades bem administradas no sentido humano, educacional e social. Tudo isso exige que os adultos sejam bem formados e preparados para realizar a sua parte e ser o modelo inspirador para essas crianças e jovens.
Sabemos que estamos muito distantes de oferecer o ambiente propício e as condições adequadas às crianças e jovens para que cresçam com amor, respeito, educação e espírito cívico. O respeito à bandeira e ao hino nacional, nas escolas municipais de São Paulo, deveria ser seguido por todas as escolas do país, pois representa um sinal de mudança no nosso desgastado e desacreditado cenário político-social. Representa um retorno à valorização de nossos símbolos; significa que estamos voltando nossa atenção para aquilo que é importante na nossa identidade nacional e vai muito além das questões materiais.
As riquezas materiais, que tornam a vida mais confortável e bonita, só podem ser usufruídas verdadeiramente quando existe dentro de cada pessoa a riqueza interior (dos princípios e valores humanos) e o sentido de valorização estética, que são conseqüência do aprimoramento individual e sociocultural. Esse aprimoramento vem com a educação e com o trabalho, conjugados na experiência da convivência humana, cultural e social. Os pais e os educadores são apenas auxiliares neste processo de aprimoramento. Mas o valor de seus auxílios, de suas participações, sinceras e dedicadas, é incalculável!
A riqueza de um país está na educação do seu povo. Como poderemos educar as crianças e jovens se os adultos não estão preparados para esta tarefa? Assim como existe a necessidade de habilitação para o motorista conduzir seu veículo nas vias públicas, de forma que todos possam transitar com segurança, deveria existir a necessidade de habilitação para aqueles que, mesmo despreparados para o exercício da paternidade, se encontram diante desta tarefa que é de extrema importância para a vida em sociedade e, mais ainda, para a formação dessas crianças que vêm ao mundo em busca de desenvolvimento e realização.
A educação em nosso país está muito aquém de nossas necessidades porque o sistema educacional é confuso em seus objetivos. Ora à direita, ora à esquerda, ele está sempre se sujeitando aos ventos e tempestades das ideologias políticas que, na luta pela manutenção do poder, não têm a mínima preocupação com o crescimento do ser humano como ser pensante e livre. Bem ao contrário. Isto, considerando o sistema educacional brasileiro em sua atuação de cima para baixo. Mas, se mudarmos o foco, perceberemos que estamos bem próximos da autonomia e do livre exercício da cidadania, se cada um fizer a sua parte.
Pais de família, professores, funcionários públicos, diretores de escola, secretários de educação, saúde, cultura, e prefeitos, têm muito a fazer em suas comunidades e podem revolucionar: trazendo ordem ao caos que estamos vivendo em nível nacional. A ordem começa dentro de cada um de nós. E isso vale mais ainda para os comunicadores, responsáveis pelos meios de comunicação de massa, que ao invés de alimentar o sensacionalismo e transmitir o que de pior existe na nossa sociedade, deveriam se valer do poder que detém (de muito mais alcance que os outros) e mostrar nossos valores, para ajudar a construir nosso bem-estar e a sociedade dos nossos sonhos.