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  • Fonte: Frances de Azevedo

Ouvi, hoje de manhã (16/02/2021), no programa Oito em Ponto, sob a batuta de Sergei Cobra, na Rádio Cultura, a repetição da entrevista com o economista Eduardo Giannetti, em Dezembro de 2020, sobre o lançamento de sua última obra: O Anel de Giges: Uma Fantasia Ética.

Frances de Azevedo 1 25820Vamos encontrar a fábula de Giges, no segundo livro de A República de Platão (427-347 a.C.), onde a ética é discutida no diálogo de Sócrates com Glauco, irmão de Platão.

Conta-se que Giges, pastor a serviço do rei da Lídia, estava a pastorear seu rebanho quando a terra se abriu. Ele, curioso, desceu pela fenda e lá embaixo encontrou um grande cavalo de bronze com uma janela. Olhando por ela, viu um homem aparentemente morto, que portava um belo anel. Ele o apanhou e fugiu imediatamente. Ao participar de uma assembleia de pastores, descobriu, sem querer, que, girando o anel, ele se tornava invisível e pode ouvir o que aqueles pensavam dele. Fez isso várias vezes e percebeu que funcionava. Maravilhado, apanhou seus pertences e foi para o palácio do rei. Conquistou a rainha e se tornou rei da Lídia...

Em seu livro, Eduardo Giannetti nos leva a refletir sobre nossas ações caso não houvesse leis, regras sociais e morais. Seria o desafio do anel.

Interessei-me pela história de Giges e pelas proposições de Giannetti, uma vez que a Ética sempre está a nortear nosso comportamento desde que o Homem começou a viver em sociedade, mais exatamente, no século IX a.C., com o surgimento dos Estados.

Assim, de posse desse imaginário anel, me pergunto: Como eu passaria a me comportar?!

Evidente que não agiria como o personagem da fábula. Isso porque, desde que me conheço por gente, tenho entranhado em mim um sinaleiro do que é certo ou errado; do justo e injusto; do ser bom ou ser má; de exercitar a empatia; de mais amar do que ser amada; de compreender, que ser compreendida; de perdoar, que ser perdoada; de levar alegria onde haja tristeza; de levar a verdade, onde haja erros; de levar união, onde haja discórdia...

Indubitavelmente, que não é tão fácil assim seguir os preceitos éticos-morais, pois a dualidade que nos acompanha em todos os campos de nossa existência lá está a nos confrontar impiedosamente. Olvidamo-nos de que a espada de Dâmocles pende sobre nossas cabeças.

Tais colocações lembram, certamente, a Oração da Paz, atribuída a São Francisco de Assis, patrono da Academia Cristã de Letras.

Será coincidência?!

Não! Pois, referida oração contem os prolegômenos da FELICIDADE!

Para encontrá-la, basta sermos éticos.

Mas, o que é a ética?!

Ética: vem do grego ethos e significa caráter, disposição, costume, hábito, sendo sinônimo de “moral”, do latim mos, mores (que serviu de tradução para o termo grego mais antigo, significando também costume, hábito). (Wikipédia).

Por que sou assim?

Obviamente, porque em assim agindo, me sinto bem e sou feliz!

Na filosofia, felicidade e ética estão conectadas, pois a felicidade é a finalidade da ética, desde os primórdios de sua história filosófica.

Então, estou certa quanto às minhas colocações, pois, quando me desvio de tais princípios, a infelicidade se instala. É o caos, o abismo profundo a me devorar, a me empurrar para o fundo. E, sequer preciso dizer que nem sempre é fácil trilhar esse caminho!

Lembro-me, então, dos artigos do meu Confrade Ruy Altenfelder Silva, Cadeira 6, - todos publicados no site da Academia Cristã de Letras - onde, dentre eles, destaco: Carpe diem: felicidade, paz, amor e ética, citando Yuval Noah Haran, ele, assim escreveu: no livro 21 lições para o século 21, no capitulo dedicado à ética sem Deus afirma que você pode ficar espumando de raiva durante anos, sem nunca assassinar o objeto do seu ódio. Nesse caso, você não terá ferido nenhuma outra pessoa, mas terá ferido a si mesmo. Portanto, prossegue Haran, o próprio interesse e não a ordem de algum é que deveria induzir você a fazer alguma coisa quanto a sua raiva. Se você se livrar totalmente dela, vai se sentir muito melhor do que assassinar um inimigo. Resume colocando que: “o compromisso mais importante é com a verdade que se baseia em observação e evidência”.

Noutro artigo: Moralidade e ética, referindo-se ao Artigo 37 de nossa Constituição, Ruy Altenfelder diz: que a administração direta, indireta ou fundamental, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. O Estado, como pessoa, é uma ficção. Não faria sentido falar em Estado ético ou em Estado aético. Éticos ou aéticos são os seres humanos que integram o Estado.

A verdade - e, aqui, prefiro adotar, dentre seus significados, o de: pureza de sentimentos, - é um dos baluartes da ética; assim como esta diz respeito, tão somente, ao ser humano. Há, sim, a ”Ética Pública (ou social) que diz respeito à responsabilidade da sociedade como um todo pelo bem comum”. (Prof.ª Amélia Hamze).

Segundo Cássio Silveira, o tripé que compõe a ética é: Respeito, Honestidade e Lealdade.

Sintetizo a ética como: Valores morais de um grupo ou individuo. Isso porque, o tema é árduo, extenso e complexo e, aqui, não me cabe aprofundá-lo.

E você, quer tentar o desafio do anel de Giges?!

 

Frances de Azevedo -  Cadeira 39 da ACL