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  • Fonte: Flávio A Quilici e Lisandra M Quilici

O apresentador Fausto Silva, o Faustão, foi submetido a um transplante renal pelo agravamento de uma doença renal crônica. Essa cirurgia ocorreu seis meses após ele ter sido submetido a um  transplante de coração, após quadro grave de insuficiência cardíaca.

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TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

É considerado uma das formas mais notáveis de tratamento médico, porém ele somente se concretizou no século passado. O transplante é uma cirurgia onde retira-se o órgão doente de um paciente e coloca-se o órgão sadio, doado por outra pessoa. É o tratamento mais eficaz para prolongar a vida dos pacientes com doenças crônicas graves, cuja qualidade de vida está muito reduzida e alto risco de morte.

O QUE SE PODE TRANSPLANTAR?

A doação pode ser de órgãos: rim, fígado, coração, pulmão, pâncreas e multivisceral (de vários órgãos ao mesmo tempo, como fígado e intestinos).

Também se pode doar tecidos do corpo humano: córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical, entre outros. 

Importante lembrar que a doação de órgãos como o rim, parte do fígado ou da medula óssea pode ser feita por um doador vivo.

TRANSPLANTE PODE AFETAR OUTRO ÓRGÃO?

Existe uma relação, pouco frequente, entre o transplante de órgãos e problemas renais após o procedimento, como é o que aconteceu ao Faustão, segundo um artigo no American Journal of Kidney.

QUEM PODE E QUEM NÃO PODE DOAR ÓRGÃOS?

Pode ser doador a pessoa que venha a falecer por morte encefálica (cerebral) e que sua família autorize a doação dos órgãos e tecidos. Não podem ser doadores pessoas com doenças infecciosas incuráveis e câncer generalizado, ou ainda pessoas com doenças, que pela sua evolução tenham comprometido o estado dos órgãos e as com doenças como AIDS. Também estão excluídos do direito de doar, pessoas sem identidade ou menores de 21 anos sem autorização dos responsáveis.

COMO SER DOADOR

Hoje, no Brasil, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. É suficiente comunicar sua família do desejo da doação e ela somente acontece, após autorização familiar. Pela legislação, parentes até o quarto grau e cônjuges podem autorizar a doação.

O QUE IMPEDE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO BRASIL?

Cerca de 40% a 50% das famílias optam por negar a doação, por razões diversas, incluindo medo, convicções religiosas, falta de confiança no sistema de saúde ou mitos urbanos.A lista de espera por um órgão é única para todo o Brasil, pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. Funciona baseada em critériostécnicos, entre doador e receptor, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão, determinam a ordem de pacientes a serem transplantados.

TRANSPLANTE RENAL

O transplante renal passou a fazer parte da rotina médica a partir da década de 1970, com a descoberta e emprego dos imunossupressores, como os corticoides, a ciclosporia e a azatioprina. Elas são drogas imunossupressoras, que inibem o sistema imunológico do receptor, ajudando a prevenir a rejeição do rim doado.

O QUE É A DOENÇA RENAL CRÔNICA?

Acontece quando o rim do paciente perde, progressivamente, a capacidade de filtrar (retirar) os resíduos metabólicos do sangue. Isso pode acontecer devido a diversas doenças, como hipertensão arterial, insuficiência cardiorrespiratória, diabetes, doença dos rins policísticos e presença de obstruções nos rins.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA DOENÇA RENAL CRÔNICA?

Incluem micção noturna, fadiga (cansaço), náusea, coceira, espasmo muscular e cãibras, perda do apetite, confusão mental, dificuldade para respirar e edema (inchaço) do corpo, mais comum nas pernas.

TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

Consiste em medidas nutricionais e medicamentos que melhoram a função renal. Se não houver melhora clínica, será realizada a hemodiálise (filtração artificial do sangue do paciente em uma máquina que mimetiza os rins e retira os resíduos e água em excesso do corpo). Em geral, a hemodiálise é realizada 2 a 3 vezes na semana, continuamente, fato que piora muito a qualidade de vida do paciente. E, em última instância, faz-se o transplante renal.

FRASE DA SEMANA
“A doação de um órgão é o maior bem que o ser humano pode presentear a outro”

CURIOSIDADE DA SEMANA
Emil Sabbaga (1926-2016), formou-se na USP (1951) e entusiasmado com o sucesso dos primeiros transplantes renais, foi a Boston, EEUU, como pesquisador do Peter Bent Brigham Hospital. Após voltar, coordenou a equipe multiprofissional, que realizou no Hospital das Clínicas da USP, o primeiro transplante renal no Brasil, em 21 de janeiro de 1965. O doador foi o irmão do paciente, e o sucesso, absoluto. Este paciente viveu muitos anos, vindo a falecer por câncer.

Flávio Antonio Quilici, é médico, escritor, mantém coluna semanal no Correio Popular - Campinas e ocupa a cadeira 04 da Academia Cristã de Letras - ACL