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Rosa Maria Custódio (Março/2010)

A Imprensa surgiu como um meio facilitador da comunicação entre pessoas, numa época em que poucos - clero e nobreza - dividiam o poder e desfrutavam de todas as benesses. Desde o início, esteve a serviço dos poderosos, assim como também foi a propulsora de grandes transformações sociais e culturais, incentivando as trocas e expandindo o conhecimento.

Se hoje vivemos num regime democrático, se o poder é compartilhado por um número maior de pessoas, se o conhecimento está à disposição de gregos e troianos, brancos e pretos, ricos e pobres, tudo isso é, em grande parte, graças à Imprensa e aos homens que dedicaram suas vidas a serviço da comunicação e propagação da informação.

Várias etapas – imprensa escrita, falada, televisionada – foram vencidas e registradas na História das Comunicações Sociais como saltos no desenvolvimento da sociedade, impulsionando as relações econômicas, sociais e políticas, e acompanhando o desenvolvimento das ciências e tecnologias.

A internet, como meio de comunicação virtual que rompe as barreiras do tempo e do espaço, é o prosseguimento de todo o trabalho realizado até agora. As mudanças, que sempre existiram, hoje se dão numa velocidade surpreendente e os profissionais da comunicação, assim como os de outras áreas, são obrigados a reciclar, constantemente, seus conhecimentos e habilidades, se querem continuar atuantes e se adequarem ao uso dos novos e diferentes meios que surgem a todo instante.

A complexidade nas relações sociais tem aumentado na mesma proporção em que se desenvolvem os novos meios de comunicação. Este avanço acelerado das tecnologias não garante comunicação de qualidade, nem torna a vida humana mais feliz. Apesar das facilidades, o mundo parece se transformar numa torre de babel. O controle do uso dos novos meios não está apenas nas mãos de pessoas preparadas, criteriosas e experientes. E aí mora o perigo.

Tudo é bom se for usado para o bem. Se por um lado é bom que todos saibam usar as ferramentas que estão à sua disposição numa sociedade democrática e tecnologicamente desenvolvida, o seu mau uso, ou uso indevido, pode causar danos irreparáveis e retrocessos indesejáveis. Conseqüências negativas estão surgindo em todos os lugares, vitimando pessoas e instituições.

O ser humano, mesmo nascendo totalmente indefeso e dependente, assim que atinge certa idade, mesmo sem ter adquirido uma sólida formação pessoal e cultural, sente o desejo de ser livre e fazer o que bem entende. A Liberdade é o sonho mais acalentado e também o mais difícil de ser alcançado. Pois o Criador, além de onipotente e onisciente, é um pai austero e onipresente: aqueles que escolhem a via fácil - liberdade sem responsabilidade - estão fadados ao fracasso e à autodestruição. Os exemplos não são poucos, mas enquanto a aprendizagem é individual, o prejuízo é social.

Liberdade de Expressão e Liberdade de Imprensa são dois conceitos essenciais no arcabouço de uma sociedade democrática, onde os interesses são os mais variados e as forças que os sustentam são sempre desiguais. Conceitos essenciais, ou princípios que precisam ser assegurados na prática, e já estão na nossa Constituição para que a boa e justa convivência dos indivíduos nas suas relações grupais e sociais seja uma realidade.

Se o acesso à informação é um direito de todo o cidadão, para que este direito seja desfrutado, é necessário que a informação seja clara, correta e acessível a todos. Além disso, o cidadão precisa ter educação e conhecimento suficientes para assimilar a informação que lhe é dirigida e dela extrair os benefícios para a sua vida particular ou profissional.

Por outro lado, o profissional dos meios de comunicação, além de uma sólida formação pessoal e cultural, precisa desempenhar suas funções com independência, honestidade e responsabilidade social. Ele precisa ter conhecimento e consciência do seu papel na sociedade, além das habilidades técnicas que o exercício profissional exige. Tudo o que fizer terá repercussões na vida pessoal, cultural e social de milhões de seres humanos.

Mas as dificuldades são muitas: falta de recursos financeiros (enquanto muitos homens públicos desviam dinheiro que não lhes pertencem e enriquecem de forma aberta, vergonhosa e desprezível); falta de respeito e proteção ao profissional qualificado e responsável; exploração e uso abusivo de pessoas despreparadas para o exercício desta profissão; inversão de valores, promovidos por pessoas que em busca do lucro fácil, ou da fama e do glamour, fazem qualquer coisa para atingir seus objetivos.

Aqueles que defendem a exigência do diploma de curso superior para o exercício profissional do comunicador social defendem a qualidade da informação que está a serviço da construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, mais justa e harmoniosa. Mas o diploma não vem com garantias e tudo depende da formação e do caráter do profissional que atua nos meios de comunicação.