Rosa Maria Custódio - (08/1986)
Viajar faz parte do meu dia-a-dia. Assim tem sido há 14 anos, desde que entrei para a aviação. De viagem em viagem, eu vou vivendo. As viagens me entusiasmam e o mundo me fascina.
Frequentemente me perguntam se conheço o mundo todo. Respondo que não, evidentemente. Apesar dos aviões a jato, o mundo é muito vasto. Além do espaço físico e geográfico, existe o espaço cultural. Cada lugar, além do verde da vegetação e do azul do céu, tem muito a nos mostrar sobre os seres que nele vivem, seus hábitos e costumes, suas crenças e criações. Para conhecer o mundo todo é preciso muito tempo. Muito mais que uma vida e incontáveis viagens.
Nas minhas andanças, em função do meu trabalho, vivo uma série de limitações e sou condicionada a uma escala de programações de vôos. Não sou livre para escolher o roteiro e tampouco decidir quanto tempo vou permanecer em cada lugar.
Nos dois primeiros anos de profissão, trabalhei apenas nas linhas domésticas e tive a oportunidade de conhecer as principais capitais brasileiras. De todos os lugares, guardo lembranças especiais. Lembranças ligadas ao povo, ao estilo de vida, ao clima, à arquitetura urbana, à paisagem local. E guardo também, num cantinho do meu coração memorialista, algumas impressões e emoções vividas de forma mais intensa. Aqui e ali, de norte a sul, fui vendo e conhecendo um pouquinho do nosso imenso Brasil, belo e cheio de contrastes. Mas, para realmente conhecer este país, muito chão ainda devo percorrer.
Viajei para alguns lugares da América Latina e junto com minhas lembranças também estão as imagens que formei dos livros que li e de filmes que assisti, sobre esse imenso continente. Mas não o conheço do jeito que gostaria. Um dia, nas minhas férias, quando meu filho estiver crescido e eu não estiver tão envolvida com os estudos, vou fazer as viagens do jeito que acho que elas devem ser. De avião, de trem, de ônibus, de carro, de bicicleta e até a pé, quero andar, sem hora para voltar. Quero sentir o cheiro do chão, da vegetação e do povo, quero ver todas as cores da cultura local. Aí então, poderei dizer que viajei e conheci cada lugar por onde andei.
Na América Central, conheci o México, onde tive a oportunidade de passear e visitar lugares muito interessantes, repletos de História. Fiquei impressionada com a cultura mexicana, tão ancestral, tão forte, tão colorida e tão presente no sentimento do povo.
O continente Africano, praticamente não conheço. Rápidos pernoites em hotéis perto de Johanesburg (África do Sul) me proporcionaram vagas impressões. Sei mais, através de livros que li e de filmes que assisti.
Finalmente, foram muitas as viagens que fiz para a Europa e América do Norte. Meu deslumbramento foi do tamanho dos oceanos que separam esses países do nosso Brasil brasileiro. As diferenças sociais e culturais me marcaram profundamente. Paris, Roma, Londres, Frankfurt, Amsterdam, Zurich, Genève, Copenhagen, Madri, Lisboa, Nova York, Los Angeles, São Francisco, Miami. É maravilhoso conhecer culturas mais sofisticadas, pessoas mais educadas, sistemas de vida social mais civilizada. Difícil é voltar e se sentir vivendo atrás, do seu tempo.