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  • Fonte: * Geraldo Nunes

A lenda do Curupira é a do guardião das florestas, uma entidade mítica do folclore brasileiro, conhecido por proteger a mata e os animais. Ele é frequentemente descrito como um ser de cabelos vermelhos e os pés virados para trás que utiliza para confundir caçadores e desmatadores da floresta. Sua imagem serviu de símbolo para a COP 30 – 2025.

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Belém, capital do Pará, serviu de sede para a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima – a COP 30 que termina em 21 de novembro.

Não faltaram reclamações quanto a ausência de infraestrutura no receptivo aos visitantes, mesmo assim há motivos para a população comemorar. Foi possível mostrar ao mundo não só a realidade triste, mas as riquezas sadias da Amazônia para a humanidade.

A sigla COP é a abreviatura do nome Conferência das Partes, escolhido pela Organização das Nações Unidas – ONU, no ano de 1992. Na então ECO 92, foram apresentadas propostas visando implementar ações para a diminuição dos efeitos causados pela concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

As COPs começaram em 1995, o primeiro encontro aconteceu na Alemanha, em cada um deles a consciência ambiental foi aos poucos crescendo pelos países afora. Agora, 30 anos depois da primeira conferência, chega a vez do Brasil promover a reunião na qual a Amazônia se escancara para o mundo.

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Não existe lugar mais contraditório que a Amazônia, ela ocupa 5% da superfície do planeta Terra com 7,5 milhões de Km² e está presente em oito países: Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, República da Guiana e Suriname, além de um protetorado a Guiana Francesa. A Amazônia brasileira é composta por sete estados da região norte; Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte de um estado da região centro-oeste, o Mato Grosso, além de um trecho do Maranhão, no Nordeste.

Os seus recursos hídricos representam um quinto da água doce no mundo com 80 mil quilômetros de rios, sendo 25 mil navegáveis, e neles se inclui o Rio Amazonas. Já se sabe, faz alguns anos, que não é o Nilo e sim o Amazonas, o maior rio do mundo em extensão e volume de água.

O clima da Amazônia é quente e com altos índices de umidade, sendo registradas muitas horas de insolação todos os dias, durante o ano todo. Esta condição não é de agora, a Amazônia sempre foi assim, mas os representantes dos vários países presentes à cúpula, estão sentindo a situação e tomando consciência disso agora.

Muitos convidados sofreram com o forte calor e a carência de acomodações em Belém que, obviamente, deveria ter se preparado melhor para receber tantas pessoas, mas isso faz parte da realidade da região. São 300 milhões de hectares de florestas, o correspondente a 33% das árvores de toda a esfera terrestre, além de 30 milhões de espécies animais, ou seja, cerca de 1.500 tipos de peixes, 1.300 tipos de pássaros e mais de 300 mamíferos. Dentro da Amazônia está a maior província mineral do globo, com todo o tipo de recursos naturais, inclusive as “terras raras” que despertaram a atenção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao Brasil. A região possui nióbio, mica, cobalto, tântalo, platina, manganês e ouro, além de petróleo, sem esquecer que está na Amazônia, as maiores reservas de água potável no mundo.

A Amazônia abriga cerca de 202 das 215 comunidades indígenas catalogadas no Brasil, correspondentes a 176 dos 181 idiomas indígenas pronunciados em nosso país. O número tem decrescido ao longo das décadas, mas estão na Amazônia 207 mil dos 220 mil índios remanescentes desde o descobrimento do Brasil. Pensar na Amazônia é refletir o conceito da biodiversidade em seu sentido mais amplo, ou seja, “o conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes em um só lugar”. Esta região tem se constituído ao longo dos séculos em dos maiores obstáculos para o desenvolvimento de qualquer tipo de empreendimento por parte dos seres humanos.

Faz parte de nossa história os inúmeros esforços de colonização levados adiante pelo Marechal Cândido Rondon, a atividade dos inúmeros indigenistas, o ciclo da borracha, a estrada de ferro Madeira-Mamoré e a rodovia Transamazônica. Grande parte da população da região norte do Brasil, ainda vive em precárias condições socioeconômicas, de extraordinário abandono e isolamento geográfico. As dificuldades de acesso a essas populações determinam o elevado índice de mortalidade nessas comunidades.

Não bastassem todos esses problemas, nos últimos 20 anos, as queimadas aumentaram dez vezes, as inundações cinco, as secas e as ondas de calor três vezes. Os municípios com menos de 50 mil habitantes são os que mais sofrem. Estudos apontam que esses eventos extremos causam prejuízos de mais de R$ 3 bilhões por ano.

Única vantagem se mostra em relação ao desmatamento, queda de 11% em 2025, se comparado ao ano anterior. Ainda assim, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, indicam que a área desmatada neste ano foi de 5.796 Km². Essa é a realidade da Amazônia que o mundo passou a conhecer e, por tais motivos e outros mais, devemos comemorar a realização da COP 30 no Brasil, deixando de lado picuinhas ideológicas para a felicidade geral da nação.

 

Fontes: Agência Brasil/Cop 30/2025 - Estadão Conteúdo

Anais do 1º Congresso Médico Cristão/Prof. Dr. Claudio Chaves/Minha Visão Cristã de Médico Oftalmologista na Amazônia/pgs. 114 a 119/Academia Cristã de Letras/Academia Campinense de Letras/Campinas-SP/2024

Olhar Digital: Aquecimento Global – alterações físicas na Amazônia

 * Geraldo Nunes, jornalista, escritor e consultor literário, é titular da cadeira 27 da Academia Cristã de Letras - ACL

 

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