
Recebi via Pontifícia Universidade Católica – PUC SP, o Relatório Liberdade Religiosa no Mundo – 2025. Trata-se de um levantamento realizado a cada dois anos e a versão atual foi apresentada em Roma no dia 15 de outubro.
A compilação do relatório foi organizada por integrantes da Aid to the Church in Need – ACN, sigla de uma fundação de origem católica cujo nome traduzido para o português é “Ajuda à Igreja que Sofre”. Em sua 17ª edição, o relatório aponta resultados e dificuldades de missionários religiosos em 196 países e nas 82 páginas se apontam casos em que houve cerceamento ou ataques à liberdade religiosa, bem como resultados obtidos.
Chama a atenção o fato de até mesmo em países democráticos e de altos índices na qualidade de ensino em todos os níveis ocorrerem atos de violência contra religiões e religiosos. No Canadá, de acordo com notícias da CBC News, pelo menos 33 igrejas cristãs foram destruídas por incêndios provocados entre maio de 2021 e dezembro de 2023. Ações semelhantes ocorreram também na Espanha, Itália, Estados Unidos e Croácia, incluindo profanações em locais de culto.
O estudo aponta que tais atitudes se dão, na maioria dos casos, por hostilidade ideológica, ativismo militante ou extremismo antirreligioso. No Oriente Médio, antes da Síria mergulhar em uma guerra civil de 13 anos, a presença de cristãos representava cerca de 10% da população. Boa parte se refugiou em outros países ou acabou morrendo durante o conflito e hoje os cristãos da Síria não passam de 2% a 3% dos habitantes. No Iraque a comunidade cristã, segundo o documento, foi dizimada após a ação internacional de 2003 e passou de 1,5 milhão de fiéis para apenas 150 a 250 mil nos dias atuais.
Em outros países de regimes autoritários localizados na África, Ásia e América Latina, a narrativa oficial costuma retratar a Igreja como inimiga do Estado e da soberania. O trabalho pastoral nesses países acaba sendo puramente cerimonial. Como exemplo são citados Nicarágua, Venezuela e Cuba onde procissões ou qualquer outro tipo de ato litúrgico em praças públicas são proibidos.
Por outro lado, no Líbano, não há uma religião oficial porque o país reconhece e aceita a presença de 18 comunidades religiosas que convivem de forma harmoniosa. Há muçulmanos, cristãos católicos, protestantes, evangélicos, armênios e ortodoxos, além de drusos e judeus e não ocorrem dissensões entre as partes. No cerne dessa coexistência pacífica funcionam escolas cristãs que oferecem espaços seguros para a aprendizagem partilhada com outras religiões. Tais liberdades permitem o intercâmbio cultural e a amizade inter-religiosa. Exemplos assim, como estes do Líbano, servem para mostrar que a causa missionária promove efeitos positivos.
Ao final do Relatório Liberdade Religiosa no Mundo – 2025 a conclusão que se chega é a seguinte: “Não poderá haver paz no mundo se não houver liberdade religiosa, liberdade de pensamento, liberdade de expressão e respeito pelas opiniões dos outros”.
Fonte: 17º Relatório Liberdade Religiosa no Mundo - Fundação Pontifícia ACN – “Ajuda à Igreja que Sofre” - 2025 com edições em alemão, espanhol, francês, inglês, italiano e português.
Geraldo Nunes, jornalista, escritor e consultor literário, é titular da cadeira 27 da Academia Cristã de Letras - ACL
