Vaguei pelas ruas secretas, desertas,
com passos que um dia julguei imortais.
Colhendo ilusões e lembranças incertas,
vaguei entre as rosas de antigos quintais.
Ceifando o temor da batalha perdida,
vaguei entre lágrimas, risos, paixão.
Se breve é a balada que a lira convida,
por que recusar uma nova excursão?
Por dentro de casas semi adormecidas,
o meu coração, alojado em sonhos,
ouviu um prelúdio, sarando feridas,
dançou com narcisos dourados, risonhos.
Um dia previ, entre névoas, calada,
a lua espelhada mostrando quem sou.
Na curva do vento, na mesma estrada,
o tempo, entre sonhos, depressa passou.
Então descobri que o apogeu dessa trilha
concede harmonia, mensagens do céu.
Vagância da mente que à noite, sozinha,
escreve poesia num frágil papel.